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    Entenda o que muda em Wall Street após a invasão russa à Ucrânia

    Empresas internacionais com grande presença em Moscou se preparam para mais sanções de países ocidentais; veja quais

    Julia Horowitzdo CNN Business*

    A decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de invadir a Ucrânia na semana passada estilhaçou a ordem de segurança na Europa existente desde o final da Guerra Fria. E também obrigou investidores a considerar se precisam se ajustar a um mundo que, talvez, tenha mudado para sempre.

    “Acredito que a invasão da Ucrânia pela Rússia marca nada menos do que um afastamento da ordem mundial predominantemente dominada pelos Estados Unidos e pelo Ocidente, que prevaleceu desde a queda do Muro de Berlim”, disse Michael Strobaek, diretor global de investimentos do Credit Suisse, em uma nota aos clientes na última sexta-feira (25).

    Antes de tropas russas atacarem a Ucrânia, desencadeando duras sanções punitivas de países do Ocidente, a principal preocupação em Wall Street estava ligada não a Putin, mas ao presidente do Federal Reserve (Fed) dos EUA, Jerome Powell.

    O que o Fed deve fazer a seguir para conter a inflação, que vem crescendo no ritmo mais acelerado em décadas, tem sido objeto de intensa especulação. Cada vez mais, os traders se preparam para que o Federal Reserve aumente agressivamente as taxas de juros e comece a reduzir o tamanho de seu enorme balanço patrimonial, construído para apoiar a economia durante a pandemia.

    Na quinta-feira, o diretor do Fed, Christopher Waller, defendeu uma possível alta de 0,5 ponto percentual em março para “transmitir a determinação dos formuladores de políticas monetárias de lidar com a inflação alta, sobre a qual não deve haver dúvidas”.

    Mas mesmo essa decisão pode ser influenciada pelo que está acontecendo agora na Ucrânia.

    “É possível que o estado do mundo seja diferente após o ataque na Ucrânia, e isso pode significar que um aperto mais modesto seja apropriado, mas isso ainda precisa ser avaliado”, continuou Waller.

    Por um lado, espera-se que a inflação suba ainda mais no curto prazo como resultado da invasão, que elevou os preços da energia e agitou o mercado de produtos agrícolas importantes, como trigo e milho. Por outro lado, o Fed não quer aumentar as taxas muito rapidamente e desencadear uma recessão.

    “Isso vai colocá-los em uma posição um pouco mais embaraçosa”, disse Ben May, diretor de pesquisa macro global da Oxford Economics.

    No entanto, de acordo com Strobaek, o que mudou quando a Rússia invadiu a Ucrânia vai muito além do Fed.

    “O presidente russo, Vladimir Putin, pretende reposicionar a Rússia como uma nação poderosa cuja força se baseia em seus recursos de energia e commodities, bem como em suas forças armadas”, disse ele. “Isso provavelmente terá repercussões significativas para os arranjos de segurança na Europa e globalmente”.

    Além disso, continuou Strobaek, outras potências globais como a China estão observando atentamente para ver como o conflito evolui e como o Ocidente reage.

    “Agora, estamos nos movendo para um novo mundo multipolar”, disse ele.

    Isso significa que os investidores terão que pensar de forma diferente sobre como empregam seus recursos.

    “Com este alvorecer de uma nova ordem mundial, os investidores devem escolher cuidadosamente suas alocações de ativos”, disse Strobaek.

    “Processos de investimento sistemáticos e fortes e procedimentos de due diligence antes do investimento se tornarão ainda mais cruciais. O investimento ativo se tornará mais importante devido ao potencial de mudança de desenvolvimentos econômicos, políticos e sociais em regiões individuais”.

    Sanções à Rússia podem atingir essas empresas ocidentais

    Empresas internacionais com grande presença na Rússia estão se preparando para mais sanções dos países ocidentais.

    A Rússia já pagou um preço pelo ataque. Os mercados de ações e a moeda do país despencaram na semana passada, depois que Putin ordenou a entrada de tropas na Ucrânia.

    As sanções dos Estados Unidos e das nações europeias se intensificaram quando os líderes das nações ocidentais condenaram as ações da Rússia. Putin alertou líderes empresariais russos na quinta-feira que espera mais “restrições” à economia, mas pediu que as empresas trabalhem “em solidariedade” com o governo.

    Aqui estão algumas empresas ocidentais que podem ser expostas ao tumulto.

    BP: A petrolífera britânica BP é o maior investidor estrangeiro na Rússia, com uma participação de 19,75% na petrolífera nacional Rosneft. Também detém participações em vários outros projetos de petróleo e gás na Rússia.

    Danone: A empresa de iogurtes francesa Danone controla a marca russa de lácteos Prostokvanhino e obtém 6% do total de vendas do país.

    ExxonMobil: A gigante petrolífera americana tem mais de 1 mil funcionários na Rússia e está no país há mais de 25 anos. Sua subsidiária Exxon Neftegas Limited tem uma participação de 30% no Sakhalin-1 – um vasto projeto de petróleo e gás natural localizado na Ilha de Sakhalin, no extremo oriente russo. Ela opera o projeto desde 1995 em nome de um consórcio que inclui parceiros japoneses e indianos, bem como duas afiliadas da Rosneft.

    McDonald’s: A cadeia de hambúrgueres categorizou a Rússia como um mercado de alto crescimento e continuou a abrir lojas no país na última década.

    Mondelez: A fabricante da Oreo e proprietária da Cadbury tornou-se a principal fabricante de chocolate na Rússia em 2018.

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