Crescimento brasileiro deve ser destaque global no ano, mas 2023 preocupa, diz economista
À CNN Rádio, Matheus Peçanha avaliou que deflação registrada foi um “suspiro que veio de forma artificial”
A queda de 0,68% da inflação registrada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) nesta terça-feira (9) é um “suspiro” de boas notícias, mas com prazo de validade. Esta é a avaliação do economista do IBRE-FGV Matheus Peçanha.
À CNN Rádio, ele afirmou que o Brasil deve “crescer bem este ano”, na faixa de 2%, o que seria “um recorde no mundo.”
Para 2023, no entanto, há muitas incertezas. “Há medo de que as contas públicas joguem a inflação para o ano que vem, que já está estourando o teto da meta.”
Outro fator é a guerra na Ucrânia, que pode afetar o preço das commodities e aumentar o risco de recessão global, segundo o economista.
Deflação
O pesquisador explica que a deflação registrada, que é a menor taxa desde o início da série histórica em 1980, veio “quase que exclusivamente a partir da medida que reduziu o ICMS sobre combustíveis e energia.”
“Outros itens continuam pesando e puxando a inflação para cima, como alimentos, que passam por uma entressafra que é a norma para o período”, completou.
O cenário, para ele, “é ruim”, já que a redução exclusiva para combustíveis e energia aliada ao aumento dos alimentos “penaliza ainda mais as famílias de menor renda.”
Ao mesmo tempo, o economista destaca que “a recuperação via serviços está muito boa”: “Mas isso tem prazo de validade, para 2023, depois que o setor se recuperar, não gera crescimento tão fantástico.”
*Com produção de Camila Olivo