Contas públicas estão numa situação complicada, diz especialista da CNN
Alexandre Schwartsman avaliou o cenário econômico atual e a alta da taxa de juros para combater a inflação
De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do país, encerrou 2021 a 10,06%. Além de ficar bem acima do teto da meta, o índice atingiu o maior valor em seis anos.
O especialista da CNN Alexandre Schwartsman afirmou, em entrevista nesta terça-feira (11), que a inflação em dois dígitos e o esforço do Banco Central para combater esse índice por meio da elevação da taxa de juros fazem com que as contas públicas do Brasil estejam em “uma situação complicada”.
“Isso significa que a economia provavelmente vai perder fôlego ainda mais por força do impacto da taxa de juros encarecendo crédito, que reduz investimento e reduz o consumo também”, afirmou.
O ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central considerou que no atual momento econômico do país, é muito difícil ter “uma confiança extraordinária sobre qualquer projeção”. Schwartsman afirmou que com o dólar pressionado, uma mudança de política monetária no exterior e o descontrole da atual situação da pandemia, o ambiente econômico se torna ainda mais volátil.
O economista avaliou que em um momento de forte elevação do preço das commodities, o dólar deveria ficar mais barato. No entanto, de acordo com Schwartsman, “o que não está permitindo isso é o refluxo dos estrangeiros, o refluxo do investimento estrangeiro”. Além disso, na avaliação do especialista os investidores brasileiros também estão ficando “muito menos confortáveis com a perspectiva de deixar seus recursos no Brasil”.
“O problema então está ligado ao fato de que a perspectiva de política econômica é uma perspectiva ruim. O atual governo não entregou nada daquilo que prometeu nos últimos anos do ponto de vista de política econômica”, afirmou.
De acordo com Schwartsman, a gestão econômica atual é “desastrosa”, e o mesmo se aplica para a perspectiva da gestão econômica futura. “O país está barato e vai continuar barato porque não estamos dando nenhum motivo para o investidor, seja estrangeiro ou nacional, sentir qualquer alento acerca das perspectivas de crescimento futuro”.
Segundo o especialista da CNN, mesmo que a inflação fique mais baixa, mas com juros mais alto, as contas públicas não irão sustentar um crescimento econômico. “Por que as pessoas vão investir aqui mesmo?”, questionou Schwartsman.
*Supervisionada por Elis Franco