Confiança da indústria registra segunda queda seguida, mostra índice da CNI
Apesar de ainda confiantes, empresários do setor industrial avaliam que cenário é menos favorável para os próximos seis meses, de acordo com levantamento da Confederação Nacional da Industria
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), recuou 8,5 pontos entre outubro e novembro de 2022 e está em 51,7 pontos. Apesar da queda, os empresários da indústria seguem confiantes, pois o indicador permanece acima da linha divisória de 50 pontos, que separa um estado de confiança de um estado de falta de confiança.
Foram consultadas 1.578 empresas, sendo 620 de pequeno porte, 590 de médio porte e 368 de grande porte, entre 1º e 8 de novembro de 2022.
O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, explica que este cenário se dá pela má avaliação do Índice de Expectativas, um dos dois componentes do ICEI. “A piora nas expectativas é mais intensa quando se avalia o futuro da economia brasileira. O índice de expectativas relativas à economia brasileira caiu de 59,3 pontos para 45,9 pontos, atravessando a linha divisória dos 50 pontos. Nesse caso, o setor industrial migrou do otimismo ao pessimismo”, explica.
O Índice de Condições Atuais, outro componente do ICEI, recuou 3,7 pontos para 53,2 pontos. Ao permanecer acima dos 50 pontos, o índice continua apontando melhora das condições atuais da economia brasileira e das empresas em relação aos seis meses anteriores.
Na avaliação dos empresários, contudo, a percepção de melhora se mostra mais fraca e menos disseminada que no mês de outubro.
Segundo Azevedo, o empresário mostra uma avaliação das condições atuais, seja dos seus negócios ou seja da economia brasileira, um pouco menos otimista e menos positiva do que mostrava em meses anteriores.
“As expectativas pioraram, sobretudo quando se fala da economia brasileira para os próximos seis meses, mas também há uma piora na avaliação da própria empresa neste mesmo período”, pontua.
De acordo com ele, os meses de agosto e setembro mostraram uma queda na produção industrial, na comparação com meses anteriores, retratando um desaquecimento da atividade.
“O que se percebe na indústria é que alguns problemas estão ganhando importância na medida que uma crise mais duradoura, como foi o caso da falta de matérias-primas, ou mesmo a alta de custo dos insumos, está ficando cada vez mais para trás. Portanto, os valores continuam elevados, mas não é um problema de disponibilidade”, afirma.
Ao mesmo tempo, outros problemas vem ganhando importância, como a preocupação com a demanda mais fraca e as taxas de juros. “Isso vem trazendo incerteza aos empresários, se refletindo na confiança nos próximos seis meses”, conclui.