Total de famílias endividadas sobe para 67,3% em março, 2º maior da história
A CNC destacou, porém, que o porcentual de famílias que está realmente com as suas contas ou dívidas em atraso caiu ligeiramente pelo sétimo mês, alcançando 24%
As famílias brasileiras estão devendo mais em março deste ano do que no início da pandemia, em março de 2020, mostrou uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgada nesta terça-feira (30).
O porcentual de famílias endividadas no Brasil alcançou 67,3% do total em março deste ano, uma alta de 0,6 ponto porcentual em relação ao mês anterior e de 1,1 ponto em comparação a março de 2020.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela CNC, esse é o quarto aumento seguido do indicador, que alcançou a segunda maior proporção histórica, abaixo apenas do porcentual apurado em agosto de 2020 (67,5%).
A CNC destacou, porém, que o porcentual de famílias que está realmente com as suas contas ou dívidas em atraso caiu ligeiramente pelo sétimo mês, alcançando agora 24,4%, índice 0,9 ponto porcentual abaixo do apurado em março de 2020.
Já a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso – e que, portanto, permanecerão inadimplentes – manteve-se estável (10,5%) na passagem mensal, após seis meses de quedas consecutivas. O indicador mostrou alta de 0,3 ponto porcentual em relação a março do último ano.
O agravamento da pandemia tem levado a um período de fechamento de comércios e serviços, com impacto no mercado de trabalho, o que pode agravar ainda mais o endividamento, de acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
“Com auxílio emergencial no ano passado e as rápidas adaptações das empresas, as famílias ainda conseguiram se equilibrar minimamente e estão controlando seu orçamento no que é possível. Mas a imunização coletiva precisa avançar logo, senão essa balança doméstica vai ficar cada vez mais insustentável, podendo aumentar a inadimplência”, alertou Tadros em nota.
A Peic mostrou que o endividamento por grupos de renda apresentou tendências semelhantes, com crescimento mais acelerado entre os grupos de maior renda. Para as famílias com renda de até 10 salários mínimos, o porcentual das que se encontram endividadas voltou a crescer em março, após um mês de estabilidade, alcançando 68,4% do total de famílias.
No mesmo mês de 2020, essa proporção foi de 67,1%. Já para as famílias com renda acima de 10 salários, a proporção do endividamento teve nova e forte alta, levando ao nível recorde de endividados neste grupo: 63,2% em março, ante 62,1% em março de 2020.
“Apesar de estarem sendo obrigadas a restringir o consumo, as famílias mais pobres podem precisar recorrer ao crédito para situações de urgência ou iniciativas de empreendedorismo, como forma de complementação de renda. Por outro lado, a mudança de trajetória na política monetária, com aumento dos juros, fará com que as famílias adotem ainda mais rigor na contratação de dívidas”, alerta a economista da CNC responsável pelo estudo, Izis Ferreira.
A proporção de famílias que se declararam muito endividadas em março caiu para 13,8%, menor parcela desde setembro de 2019. Mais uma vez, a comparação anual também mostra redução do indicador. O cartão de crédito seguiu como principal modalidade de dívida, voltando a crescer este mês e representando 80,3% dessas famílias.