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    Com Americanas e endividamento, há menos crédito em 2023, diz BC

    No geral, acesso a recurso a prazo para pessoa física diminuiu, exceto o rural e o imobiliário, cujas taxas de crescimento mantiveram-se estáveis

    Fernanda Trisotto e Thaís Barcellos, do Estadão Conteúdo

    O endividamento das famílias e o caso Americanas provocaram uma desaceleração no ritmo do crescimento do crédito, apontou o Banco Central no Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quarta-feira (10).

    “Considerando esse acontecimento (Americanas) e o ambiente de elevado comprometimento de renda e endividamento das famílias e de redução da capacidade de pagamento das empresas, 2023 inicia acentuando a redução do ritmo de crescimento”, diz o relatório.

    No caso das pessoas físicas, há modalidades de crédito que sofreram mais. “Embora continuem crescendo em ritmo elevado, a desaceleração foi mais acentuada nas operações de maior risco do SFN com pessoas físicas (PFs), como as ligadas a cartões de crédito. No geral, o crédito às PFs arrefeceu, exceto o crédito rural e o crédito imobiliário, cujas taxas de crescimento mantiveram-se estáveis”, diz o documento.

    O BC aponta que mesmo com o recuo no ritmo de crescimento, ainda houve avanço do crédito em modalidades que são mais arriscadas às famílias, como cartão de crédito e crédito não consignado.

    O endividamento das famílias vem batendo recordes e o governo federal prepara um programa específico de crédito para renegociação de dívidas de famílias de baixa renda, o Desenrola.

    Já em relação às empresas, a desaceleração ocorreu em ritmo mais suave. O REF atribui três fatores principais para esse cenário: os programas emergenciais de crédito para microempresas, o financiamento de capital de giro e investimento para pequenas empresas e o financiamento de bens e operações de “risco sacado” para empresas médias.

    “No início de 2023, o caso Americanas provocou aumento no custo do crédito via mercado de capitais e uma postura mais rigorosa das IFs nas operações de ‘risco sacado'”, diz o relatório.

    A avaliação do REF é de que a materialização de risco arrefeceu, mas ainda é elevada no médio prazo. Isso ocorre porque houve critérios de concessão de crédito mais restritivos em modalidades mais arriscadas, o que diminuiu o risco no crédito às famílias, principalmente.

    “Contudo, o crédito contratado por PFs com critérios menos restritivos ainda não se maturou completamente. Em relação às empresas de menor porte, a estimativa de qualidade das concessões não apresentou alteração, mesmo com o aumento dos ativos problemáticos (APs) relacionados a esses clientes”, diz o relatório.

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