BC turco mantém juros em 14% sob pressão de Erdogan, apesar de inflação
Embora a inflação no país esteja nos níveis máximos em 24 anos, a instituição se curva à pressão do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e evitar apertar os custos de crédito
O Banco Central da Turquia (TCMB, na sigla em inglês) manteve a taxa básica de juros em 14% pelo sexto mês consecutivo, em decisão de política monetária divulgada nesta quinta-feira (23).
Embora a inflação no país esteja nos níveis máximos em 24 anos, a instituição se curva à pressão do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e evitar apertar os custos de crédito.
Em comunicado semelhante ao da reunião anterior, o BC turco não cita nominalmente a guerra na Ucrânia, mas afirma que “a escalada de riscos geopolíticos” enfraqueceu a atividade econômica global e impulsionou os preços.
Segundo a entidade, o quadro inflacionário é alimentado pelo encarecimento da energia, choques de oferta e “efeitos temporários de formações de preços que não são apoiadas por fundamentos econômicos.
O TCMB argumenta que o processo desinflacionário deve começar, graças à medidas tomadas para estabilizar os preços.
Em maio, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Turquia acelerou à taxa anual de 73,5%, no maior valor desde 1998. O resultado é mais de 14 vezes superior à meta de 5% do banco central.
Apesar disso, o presidente Erdogan insistiu que juros não seriam elevados.
No final do ano passado, o BC turco cortou a taxa básica de 19% ao nível atual, cedendo à pressão do líder político, que destituiu uma série de dirigentes da instituição para que sua política pudesse ser implementada.