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    Ata reforça postura dura do Copom e afasta corte de juros no curto prazo, dizem especialistas

    Relatório da última reunião do colegiado foi divulgado nesta manhã, no qual o BC detalhou a conjuntura considerada para a manutenção da Selic em 13,75% ao ano pela sexta vez consecutiva

    Tamara Nassifda CNN , em São Paulo

    O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou, na manhã desta terça-feira (9), a ata de sua última reunião, na qual detalhou a conjuntura considerada para a manutenção da Selic em 13,75% ao ano pela sexta vez consecutiva.

    Entre os recados, o comitê reforçou o estado de “vigilância” em relação à trajetória econômica do país e que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajustes “caso necessário”.

    Para analistas consultados pela CNN, a ata reforçou a postura rígida que o BC vem adotado há alguns meses em relação à política monetária, afastando a perspectiva de recuo na taxa de juros no curto prazo.

    “A ata reforçou a recente postura dura do BC e o plano de voo do Copom para manter a taxa Selic nos atuais patamares contracionistas por um longo tempo”, afirma Caio Megale, economista-chefe da XP, acrescentando que o comitê reiterou que “as expectativas de inflação seguem desancoradas das metas” e que “acompanha este movimento com preocupação”.

    As metas da inflação e a trajetória do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) são dois dos principais termômetros para a definição da taxa de juros do BC. Na ata, inclusive, a autoridade monetária cita que as projeções para a inflação se mantiveram “relativamente estáveis” da última reunião, em março, para cá — o que reforçou o movimento de manutenção da Selic.

    “A execução da política monetária, neste momento, requer serenidade e paciência para incorporar as defasagens inerentes ao controle da inflação através da taxa de juros e, assim, atingir os objetivos no horizonte relevante de política monetária”, disse o Copom, complementando que, diante da análise de riscos, “os cenários que poderiam requerer a retomada do ciclo de aperto monetário se tornaram menos prováveis”.

    Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, “serenidade” e “paciência” refletem, também, o próprio comportamento do Copom neste momento.

    “Em nossa avaliação, o cenário mais provável é que o Copom seja sereno e paciente e mantenha a taxa básica de juros no atual patamar significativamente restritivo por mais algum tempo”, afirmou em nota divulgada à imprensa.

    “Consequentemente, esperamos que o Copom aguarde até a reunião de agosto para começar a cortar gradualmente, mas, devido às perspectivas instáveis da política fiscal e parafiscal e às expectativas de inflação flutuantes, não se pode descartar uma espera mais longa para começar a afrouxar.”

    As perspectivas do cenário fiscal foram citadas na ata como um ponto de atenção. Segundo o documento, a apresentação da nova regra fiscal e a reoneração dos combustíveis reduziram parte das incertezas do cenário econômico, mas reiterou que “não há relação mecânica” entre a convergência da inflação à meta e a aprovação do novo marco fiscal.

    Trocando em miúdos, significa que não é só com a regra fiscal que a taxa de juros vai recuar. O BC disse que alterações no desenho final do projeto no Congresso preocupam, e que não se sabe quais serão os impactos do arcabouço sobre as trajetórias da dívida pública, inflação e ativos de risco.

    “O comitê afirmou que ‘a apresentação do arcabouço fiscal reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública’, mas repetiu três vezes que não há ‘relação mecânica’ entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal”, comenta Megale.

    “A nosso ver, é uma mensagem clara de que o Copom não cogita cortar os juros na próxima reunião caso o Congresso aprove o marco fiscal nesse ínterim.”

    A XP, assim como o Goldman Sachs, espera que o ciclo de corte de juros comece em agosto. Entre os motivos, estão:

    • a desinflação global;
    • a desaceleração da atividade doméstica;
    • a visão de que as expectativas de inflação devem se estabilizar;
    • o prolongamento do horizonte de convergência da inflação para a meta até 2025.

    “Mas reconhecemos que não há sinais de um ciclo de flexibilização monetário no futuro próximo na ata de hoje”, afirma Megale.

    Já o Itaú Unibanco projeta que o ciclo de flexibilização da Selic comece na reunião de outubro e novembro, com a perspectiva de levar a taxa de juros a 12,5% até o final do ano.

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