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    Arábia Saudita planeja investir mais de US$ 38 bilhões para aumentar participação no mercado de jogos

    Setor movimentou US$ 196,8 bilhões globalmente em 2022

    Da CNN* , São Paulo

    O governo da Arábia Saudita tem se preparado para investir cerca de US$ 38,6 bilhões (R$ 194,96 bilhões) na indústria de videogames.

    Em seus últimos esforços para marcar presença nesse mercado, o governo saudita – por meio do Fundo de Investimento Público (PIF, na sigla em inglês) – aumentou sua participação na Nintendo para 8,26%, e passou a deter milhões de dólares em ações das empresas EA e Take-Two.

    A Savvy Games Group, subsidiária do fundo soberano saudita, busca trabalhar com as empresas em que investiu para expandir a “distribuição, administração de negócios de e-sports ou desenvolver novas IP juntas”, de acordo com Brian Ward, CEO do grupo, em comunicado.

    Segundo a Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2022–2026 da PwC, o consumo da Arábia Saudita tem a 6ª maior Taxa de Crescimento Anual Composta – ou seja, a taxa de retorno de um investimento ao longo de um determinado período – para o intervalo pesquisado.

    “A Arábia Saudita é um mercado consumidor importante, principalmente, considerando toda a capacidade de investimento”, avalia o especialista em tecnologia e inovação, Arthur Igreja.

    Para ele, o potencial dos sauditas pode indicar uma conversão do mercado de videogames no país, passando de consumidor a participante nos próximos anos com os investimentos que vêm sendo realizados.

    “[O país vem] com apetite para crescer muito. Seja como investidor, desenvolvedor ou sede de eventos, já que os e-sports estão cada vez mais em destaque”, pontua.

    Diversificação

    O especialista em tecnologia reforça o impacto e importância da indústria de videogames no mercado global.

    “O tamanho dessa indústria é gigantesco. Estima-se que, em 2026, [o faturamento] possa passar dos US$ 320 bilhões (R$ 1,626 trilhão), ou seja, uma taxa de crescimento de 40% a 50% no período de 2022 a 2026”, pontua Igreja.

    No momento, a Arábia Saudita se destaca principalmente no consumo.

    O professor de Design de Games, Marcos Vinicius Cardoso, explica como o mercado saudita chama atenção das grandes desenvolvedoras no mundo.

    “O mercado de jogos na Arábia Saudita é o maior do Oriente Médio em termos de consumo. Por essa razão, as grandes empresas e estúdios de jogos frequentemente direcionam seus esforços para a região, especialmente visando a Arábia Saudita como um importante mercado para a venda de seus produtos”, conta o professor.

    “Empresas renomadas como Electronic Arts, Activision Blizzard e Ubisoft são exemplos desse fenômeno”, explica.

    A Arábia Saudita busca mudar seu papel nesta indústria e assumir maior posição de destaque.

    Ian Rochlin, fundador da GameJamPlus, a maior maratona competitiva de desenvolvimento de jogos do mundo, conta que o país não tinha grande destaque no mercado de videogames, mas agora o cenário está em rota de mudança com os investimentos feitos pelo do PIF.

    “Hoje os investimentos estão mais concentrados em grandes empresas, como Nintendo, Tencent e outras. Mas o governo tem uma meta de criar um polo de desenvolvimento em Riad com aproximadamente 250 empresas”, explica Rochlin, que palestrou na sexta-feira (13) em evento realizado na cidade saudita sobre o mercado de jogos.

    “Não enxergo uma grande mudança na estrutura de produção global, mas o volume de investimento que eles estão trazendo para o mercado pode impulsionar muitos projetos em todo o mundo. Após a pandemia, muitas empresas têm feito contratações remotas, e eu acredito que seja esse o caso deles”, pontua o especialista no mercado de games.

    A Savvy afirma que sua missão no mercado de jogos é de impulsionar o crescimento e o desenvolvimento a longo prazo na indústria como um todo.

    “Nossa empresa se dedica a impulsionar o crescimento do setor globalmente, liderando o investimento, capacitando mais desenvolvedores e inovadores e facilitando um acesso mais amplo e equitativo a este setor dinâmico e de rápido crescimento”, afirma a companhia em nota no seu site.

    Cardoso explica que, apesar dos investimentos, a participação dos sauditas nesse mercado não deve impactar no alinhamento das empresas.

    “Os fundos sauditas, geralmente, não têm gerenciamento direto sobre as empresas. No setor de jogos é muito pouco provável que isso seja diferente”, explica o professor.

    “O que desejam é diversificar, pois possuem considerável capital nesses fundos, que anteriormente era direcionado para o petróleo, e agora buscam negócios com um futuro mais promissor”, pontua.

    Visando a diversificação da participação na indústria, Arthur Igreja vê o movimento saudita abraçando diversos setores.

    “Com todos esses investimentos, [a Arábia Saudita] começa a ter essa atenção maior nas desenvolvedoras de software, para sediar eventos e buscar patrocínios”, observa Igreja.

    “Diria que é uma estratégia que abarca todos esses segmentos, distribuição, patrocínios, e-sports, entre outros”, conclui.

    E-sports

    Olhando de dentro do mercado, os especialistas também destacam o potencial da Arábia Saudita no setor de esportes eletrônicos.

    “Enxergo grandes fundos públicos de lá focando em participação nas grandes empresas e grandes eventos globais de e-sports. [Isso] muito em função da tentativa do governo local de tentar mudar a imagem do país perante ao mundo, como fazem com o futebol”, observa Rochlin.

    Arthur Igreja também vê semelhança na abordagem da Arábia Saudita em relação às modalidades competitivas de videogames e o futebol.

    “Assim como eles fazem nos esportes tradicionais, como é o caso do futebol, com os campeonatos ganhando relevância, cotas de patrocínio em clubes importantes, o mesmo começa a acontecer também nos esportes eletrônicos”, avalia o especialista em tecnologia.

    “[A Arábia Saudita] possui um potencial enorme nos e-sports, tanto para sediar eventos, patrocinar times, recrutar jogadores e formar equipes sauditas  que sejam de fato competitivas no âmbito global”, conclui Igreja.

    *Publicado por João Nakamura, sob supervisão de Ana Carolina Nunes

    Veja também: No G20, Arábia Saudita aponta interesse em investir no Brasil

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