Confira as ações mais recomendadas para se investir em agosto
Levantamento da CNN considerou análise de dez instituições financeiras
As ações do Itaú Unibanco foram mais uma vez as mais indicadas para se investir no mês. Sete das dez instituições financeiras ouvidas pela CNN apontam os papéis do banco entre suas principais recomendações para agosto.
As casas ouvidas neste mês foram: Ágora Investimentos, Santander, Itaú BBA, BTG Pactual, XP, Empiricus, EQI, Guide, Genial e Ativa.
Os 10 papéis mais indicados neste mês foram:
- Com 7 recomendações: Itaú;
- Com 6 recomendações: Sabesp, Petrobras e PetroRio (Prio);
- Com 5 recomendações: Cyrela;
- Com 4 recomendações: Eletrobras, JBS, Klabin, Vale e Vibra Energia.
O Santander destaca os “resultados sólidos” apresentados pelo Itaú no 1º trimestre.
E apesar de o banco ter reportado um crescimento dos empréstimos lento, a equipe de analistas da instituição espanhola espera que “o Itaú volte a acelerar a concessão de empréstimos em segmentos específicos, principalmente agora que estabilizou a
inadimplência da sua carteira de crédito”.
Além da exposição aos bancos, a EQI Research aponta como valoroso o investimento de peso nos setores de petróleo e saneamento também, nesse último, com um destaque específico para a Sabesp.
“Apesar da conclusão de seu processo de privatização ao longo do mês de julho, não podemos ignorar o potencial de destravamento de valor ainda a ocorrer à medida que o Grupo Equatorial, novo acionista de referência, assumir efetivamente o comando da empresa”, avaliam os analistas da EQI.
Outro destaque na carteira apurada pela CNN foi a construtora Cyrela. Segundo os analistas do Itaú BBA, o momento “da curva de juros é positivo para os papéis de construtoras”.
Além disso, eles destacam que a Cyrela passa por um “momento operacional bastante saudável”.
Os analistas da Ágora Investimentos, do Bradesco, também avaliam que a construtora pode se beneficiar da revisão da lei de zoneamento em São Paulo, sancionada no começo deste ano.
Incertezas continuam no radar
Em julho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo federal iria bloquear R$ 11,2 bilhões e contingenciar R$ 3,8 bilhões do Orçamento deste ano, a fim de garantir o cumprimento do arcabouço fiscal. O anúncio veio em meio à crescente tensão sobre as contas públicas.
Mais tarde, o governo oficializou o bloqueio de R$ 15 bilhões. Contudo, a medida ainda não foi suficiente para eliminar o temor do mercado.
Na avaliação do BTG Pactual, “para que o governo deixe a crise de confiança fiscal para trás, são necessárias medidas mais estruturais, o que parece improvável antes das eleições municipais de outubro”.
O Ibovespa acumulou alta de 3% no último mês, porém, os ganhos ainda não foram suficientes para reverter as perdas de 4,9% em real e 18,2% em dólares no acumulado do ano. De acordo com o BTG, isso coloca o índice brasileiro como o mercado acionário de pior desempenho na região.
E o temor deve seguir pautando o Ibovespa, segundo a XP. A instituição apresentou neste mês o Índice de sentimento XP “Bull & Bear”, que mede em um “velocímetro” de até 100 pontos o otimismo com a bolsa. O indicador aponta um sentimento pessimista para o mês, em 23 pontos.
“A capacidade do governo de implementar políticas fiscais sustentáveis e controlar déficits é crucial para manter a confiança dos investidores e evitar turbulências adicionais no mercado”, aponta Alex Andrade, CEO da Swiss Capital.
Selic elevada
Outra preocupação no cenário doméstico para o investidor em renda variável é a manutenção dos juros elevados. Na última quarta-feira (31), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) optou por manter a taxa básica de juros do país, a Selic, no patamar de 10,5% mais uma vez.
“Com a Selic mantida em 10,5% e sem previsões de queda até o final do ano, os investidores de ações devem priorizar papéis mais seguros, dado o ambiente de taxas elevadas que torna o custo do crédito mais alto e pode aumentar a volatilidade do mercado”, explica Andrade.
O Copom apontou no comunicado de sua decisão que vai adotar “maior vigilância” daqui para frente. O ponto de atenção do comitê está em um arrefecimento na desaceleração da inflação.
Entre as incertezas apontadas pelos diretores do BC está o momento atual do câmbio.
Câmbio
O conjunto de incertezas levou também à deterioração do câmbio, que fechou julho com alta de 1,16% no mês e mais de 15% no ano. Logo no 1º dia de agosto, a divisa chegou a R$ 5,73, o maior patamar desde 2021, mas perdeu parte da força e encerrou a semana passada cotada R$ 5,71.
“O câmbio fragilizado também merece atenção, pois a desvalorização do real pode impactar negativamente empresas que dependem de insumos importados, elevando seus custos e potencialmente reduzindo suas margens de lucro”, reforça o CEO da Swiss Capital.
“Além disso, um câmbio instável pode aumentar a incerteza econômica, afetando a confiança dos investidores e a estabilidade do mercado”.
Mesmo que empresas exportadoras possam se beneficiar da alta do dólar, a Genial analisa a situação econômica de desaceleração na China como um potencial risco para essas companhias.
Sinal positivo do exterior
Apesar do cenário delicado, há quem aponte para uma luz no final do túnel já neste mês.
“O grande destaque da bolsa em julho foi a volta do fluxo estrangeiro, que teve compras líquidas de R$ 8,1 bilhões. Foi o primeiro mês do ano com fluxo estrangeiro positivo”, apontam os analistas da EQI Research.
“Tal comportamento é influenciado pela perspectiva crescente de início de corte de juros nos Estados Unidos, o que tem grandes chances de ocorrer em setembro”.
Também na quarta-feira passada, o Federal Reserve (Fed) manteve seus juros entre a banda de 5,25% e 5,5%.
O presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, contudo, sinalizou que o corte pode estar à mesa na reunião de setembro.
Para a Ágora, esse movimento foi o mais importante no cenário global nas últimas semanas. Os analistas da casa associada ao Bradesco veem além do corte em setembro, a possibilidade de nova queda em dezembro.
“Se o Federal Reserve decidir reduzir as taxas de juros, isso pode resultar em uma maior atração de capital para mercados emergentes como o Brasil, impulsionando a valorização de ativos brasileiros”, conclui Alex Andrade.