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    Fim da política Covid zero ajuda, mas economia chinesa deve perder força em 2023

    Reabertura atabalhoada, aumento de casos e desaceleração global podem levar a queda do PIB chinês no primeiro trimestre

    Passageiros no Aeroporto Internacional de Pequim dezembro, depois que o governo abandonou a política de "Covid zero"
    Passageiros no Aeroporto Internacional de Pequim dezembro, depois que o governo abandonou a política de "Covid zero" Kydpl Kyodo/AP

    Laura Heda CNN

    em Hong Kong

    À medida que a China se aproxima cada vez mais de ressurgir totalmente de três anos de isolamento da Covid imposto pelo governo e de se reintegrar ao mundo, as expectativas econômicas são altas.

    Espera-se que a recente guinada de Pequim em sua estrita estratégia de Covid zero – que sufocou os negócios locais por muito tempo – injete vitalidade na segunda maior economia do mundo neste ano.

    Os bloqueios e as restrições nas fronteiras em meio à pandemia de Covid deixaram a China fora de sincronia com o resto do mundo, interrompendo as cadeias de suprimentos e prejudicando o fluxo de comércio e investimento.

    Com a economia global agora enfrentando desafios significativos, incluindo escassez de energia, desaceleração do crescimento e inflação alta, a reabertura da China pode fornecer um impulso muito necessário e oportuno.

    Mas o processo de reabertura provavelmente será errático e doloroso, de acordo com economistas, com a atividade do país passando por dificuldades nos primeiros meses de 2023.

    A desaceleração imobiliária histórica da China e uma possível recessão global também podem causar mais dores de cabeça no ano novo, acrescentaram.

    “No curto prazo, acredito que a economia da China provavelmente viverá o caos em vez de melhora por um motivo simples: a China está mal preparada para lidar com a Covid”, disse Bo Zhuang, analista sênior da Loomis, Sayles & Company, uma empresa de investimento sediada em Boston.

    Por quase três anos, a China manteve sua abordagem de tolerância zero em relação ao vírus, embora a política tenha causado danos econômicos sem precedentes e frustração generalizada.

    Em 2022, o crescimento desacelerou acentuadamente, os lucros das empresas despencaram e o desemprego entre jovens atingiu níveis recordes.

    Em meio à crescente agitação pública no país e à pressão financeira, o governo mudou abruptamente de curso este mês, abandonando efetivamente o Covid zero.

    Embora a flexibilização das restrições seja um alívio há muito esperado por muitos, a forma brusca como foi feita pegou uma população despreparada, desprevenida e a deixou em grande parte sozinha para se proteger.

    “Na fase inicial, a reabertura pode desencadear uma onda de casos de Covid que pode sobrecarregar o sistema de saúde, reduzindo o consumo e a produção no processo”, disse Zhuang.

    A rápida disseminação da infecção já levou muitas pessoas para dentro de casa e esvaziou lojas e restaurantes. Fábricas e empresas também foram forçadas a fechar ou cortar a produção porque mais trabalhadores estão ficando doentes.

    “Conviver com a Covid será mais difícil do que muitos supõem”, disseram analistas da Capital Economics. Eles esperam que a economia da China contraia 0,8% no primeiro trimestre de 2023, antes de se recuperar no segundo trimestre.

    Outros especialistas também esperam que a economia se recupere depois de março.

    Em um relatório de pesquisa recente, os economistas do HSBC projetaram uma queda de 0,5% no primeiro trimestre, mas um crescimento geral de 5% para 2023.

    Mercado imobiliário

    A reabertura atabalhoada da China não é o único fator afetando a economia.

    Em 2023, os especialistas continuarão observando como os formuladores de políticas tentam consertar o setor imobiliário do país, que responde por quase 30% do PIB.

    A crise no setor – que começou no final de 2021, quando várias incorporadoras de alto nível deixaram de pagar suas dívidas – atrasou ou interrompeu a construção de casas pré-vendidas em todo o país.

    Isso desencadeou um raro protesto no ano passado das pessoas que compraram imóveis e que se recusaram a pagar as hipotecas das casas inacabadas.

    Embora Pequim tenha feito uma série de tentativas para resgatar o setor – incluindo a divulgação em novembro de um plano de 16 pontos para aliviar a crise de crédito -, as estatísticas ainda mostram um quadro sombrio.

    As vendas de imóveis, em valor, caíram mais de 26% no acumulado até novembro do ano passado. O investimento no setor caiu 9,8%.

    Em uma importante reunião de política no início de dezembro, os principais líderes prometeram se concentrar em impulsionar a economia no próximo ano, sugerindo que lançariam novas medidas que melhorassem a condição financeira do setor imobiliário e aumentassem a confiança do mercado.

    “As medidas anunciadas até agora não são suficientes para provocar uma reviravolta, mas o governo sinalizou que mais apoio está a caminho”, disseram analistas da Capital Economics.

    “Isso deve dar tranquilidade suficiente aos consumidores para aumentar as vendas talvez antes do meio do ano.”

    Temores de recessão global

    Uma possível recessão global é outra preocupação importante que moldará o cenário econômico da China em 2023.

    O comércio impulsionou grande parte do crescimento econômico da China no início de 2022, já que as exportações foram impulsionadas pelo aumento dos preços dos produtos do país e também por uma moeda mais fraca.

    Mas, nos últimos meses, o comércio exterior – que responde por cerca de um quinto do PIB da China e gera 180 milhões de empregos – começou a apresentar rachaduras devido à desaceleração econômica global.

    Em novembro, as exportações chinesas caíram 8,7% em relação ao ano anterior, muito pior do que a queda de 0,3% de outubro.

    Foi o pior desempenho desde fevereiro de 2020, quando a economia chinesa quase parou em meio ao surto inicial de coronavírus.

    Países de todo o mundo estão enfrentando recessão, pois os bancos centrais continuam aumentando as taxas de juros para combater o aumento da inflação.

    “As exportações [da China] já reverteram grande parte de seu boom dos anos de pandemia”, disseram analistas da Capital Economics.

    “Mas uma recessão global iminente significa que elas provavelmente vão cair ainda mais nos próximos trimestres.”

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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