Entenda impacto do corte na produção de petróleo anunciado pela Opep+
Organização anunciou no domingo que cortaria oferta da matéria-prima em mais de 1,6 milhão de barris por dia a partir de maio
O movimento surpresa da Opep e de seus aliados para reduzir a produção de petróleo logo será sentido nas bombas de gasolina dos EUA.
O grupo conhecido como Opep+ anunciou no domingo que cortaria a produção de petróleo em mais de 1,6 milhão de barris por dia a partir de maio, até o final do ano.
A notícia fez com que os contratos futuros de petróleo Brent, a referência global do petróleo, e o WTI, a referência dos EUA, subissem cerca de 6% nas negociações desta segunda-feira.
O anúncio do corte na produção também teve um impacto imediato nos futuros de gasolina, que serão repassados aos motoristas americanos muito mais rapidamente do que o aumento nos preços do petróleo.
O RBOB, o preço da gasolina no atacado mais observado, subiu cerca de US$ 0,80 por galão (3,78541 litros), ou cerca de 3%, no pregão da manhã.
“Acho que a Opep está despertando o monstro da inflação”, disse Tom Kloza, chefe global de análise de energia da OPIS, que acompanha os preços do gás para AAA. “A Casa Branca deve estar chocada e muito chateada. Isso certamente altera o cálculo por um tempo.”
A média nacional dos preços do gás nos EUA ficou em US$ 3,51, nesta segunda-feira, de acordo com a AAA. Kloza disse que pode vê-lo subindo de US$ 3,80 a US$ 3,90 em um prazo relativamente curto, graças ao movimento da Opep.
“Não vamos voltar a US$ 5 o galão. Acho que não vamos chegar a US$ 4”, disse ele. Mas ele disse que até o final do verão os motoristas dos EUA podem estar acima dos preços do ano anterior, especialmente se houver um furacão ou outras tempestades afetando a produção ao longo da costa do Golfo.
O preço médio da gasolina normal nos Estados Unidos há um ano era de US$ 4,19 o galão, após a invasão da Ucrânia pela Rússia e a perturbação que causou nos mercados mundiais de energia.
Os preços finalmente atingiram um recorde de US$ 5,02 o galão em 14 de junho, antes de iniciar um declínio lento, mas constante, ao longo de mais de três meses, durante os quais o preço médio caiu todos os dias.
O declínio foi parcialmente impulsionado pela liberação de petróleo da Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA e, em parte, por preocupações de que poderia haver uma recessão nos EUA ou global que reduzisse a demanda por gasolina.
Mesmo a US$ 3,51, os preços do combustível no país estavam um pouco abaixo da média de US$ 3,53 em 23 de fevereiro de 2022, um dia antes da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Kloza disse que uma coisa que impede os preços de chegarem perto dos níveis recordes de 2022 é que os EUA planejam lançamentos adicionais do SPR, e a produção de petróleo do país e a capacidade de refino estão em alta. Mas um corte de 1 milhão de barris por dia de petróleo pela Opep+ não será fácil de compensar.
“Eles têm capacidade de cortar a produção e parecem motivados a fazê-lo”, falou.