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    Encontro de Lula e Campos Neto é cercado de reserva e discrição, mas sela uma nova relação entre o governo e o BC

    Para Haddad, a reunião no Planalto foi cordial e produtiva

    Thais Herédiada CNN , São Paulo

    Durante pouco mais de uma hora, Roberto Campos Neto e Fernando Haddad estiveram com o presidente Lula no Planalto. Na saída do encontro, o ministro da Fazenda falou brevemente com a imprensa, sem dar muitos detalhes sobre o que conversaram com o presidente.

    O que está certo é que novas reuniões vão acontecer, fortalecendo as relações institucionais entre governo e Banco Central.

    Antes e depois da reunião, Campos Neto e Haddad mantiveram a discrição e resistiram a falar sobre temas econômicos entre eles. Nem mesmo a tensa audiência que o chefe do BC teve na Câmara dos Deputados mais cedo apareceu na sala de espera.

    Fontes sinalizaram à CNN uma preocupação em preservar o primeiro encontro. É clara a percepção de alta sensibilidade da relação entre os dois.

    Até pelo histórico de ataques e críticas duríssimas, não só do presidente da República, mas de seus ministros e aliados políticos ao chefe do BC.

    Ao descerem juntos pelo elevador do Planalto, Haddad e Campos Neto trocaram meia dúzia de palavras, segundo pessoas que acompanharam a saída do gabinete presidencial.

    “Reunião boa, não Roberto?”, disse o ministro da Fazenda. “Muito, excelente”, respondeu o banqueiro central. Se despediram na garagem e Haddad foi falar com a imprensa que aguardava alguma declaração sobre o encontro.

    “Reunião foi muito boa, muito produtiva, muito cordial. [Lula nos] recebeu bem, a conversa transcorreu muito bem. Eu penso que foi um encontro assim, institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas. Foi excelente”, declarou Fernando Haddad aos jornalistas.

    A partir de agora começa uma leitura sobre os efeitos da reunião. Um sinal importante será o comportamento de governistas, incluindo ministros e parlamentares, com Roberto Campos Neto.

    Um primeiro movimento esperado, e considerado importante, é que as conversas entre BC e governo se ampliem para ministros palacianos, que se mantiveram distantes até agora.

    No Congresso, Campos Neto circula com frequência, mesmo que a interlocução fique concentrada no miolo político, sem aproximação com petistas, por exemplo.

    Fontes relataram à CNN que o banqueiro central já atua há um tempo defendendo pautas econômicas, dando sua opinião sobre projetos e propostas que estão em debate no parlamento.

    O chefe do BC também tem defendido abertamente o ministro da Fazenda e a necessidade de aprovação de medidas que ajudem o governo a cumprir as metas fiscais.

    Há ainda a expectativa de fortalecimento de uma aliança pelas pautas de interesse do governo, ainda que mais silenciosa, para preservar a postura mais resistente ao BC “indicado por Bolsonaro”.

    No mercado financeiro, a leitura foi positiva pelo aspecto institucional. Um gestor disse à coluna que Lula sempre deu muito palpite no BC de seus governos, mesmo que a atuação de Henrique Meirelles não tivesse sido questionada.

    Agora o presidente teve que lidar com um órgão independente, e “não ter esse controle” parece ter pesado para Lula.

    Diante da piora do cenário internacional, com juros mais altos nos Estados Unidos, uma instabilidade nos mercados e muita incerteza sobre o controle da inflação e o crescimento econômico, gestores consideram fundamental o presidente da República acessar o presidente do BC para ser informado e acompanhar os efeitos no Brasil.

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