Dólar a 800 pesos e fim de obras públicas: veja as medidas anunciadas para a economia da Argentina
Ministro da Economia, Luis Caputo divulgou 10 ações para conter crise inflacionária e fiscal
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, anunciou nesta terça (12) um conjunto de medidas econômicas para buscar recuperar o país da inflação em três dígitos e forte déficit fiscal.
“Temos que evitar uma catástrofe”, disse, em pronunciamento gravado e transmitido pouco depois das 19h (horário de Brasília).
O pacote integra 10 pontos de ação, com foco na forte desvalorização do câmbio e a contenção de gastos públicos com o corte de subsídios e o fim de licitação de obras.
Confira abaixo as medidas anunciadas por Caputo:
- Não serão renovados os contratos de trabalho do Estado que tenham menos de um ano de vigência;
- Suspensão de publicidade oficial nos veículos de comunicação;
- Os ministérios serão reduzidos em 18 a 9, e as secretárias de 106 a 54. Isso implicará na redução de 50% de cargos hierárquicos e de 34% dos cargos políticos no governo federal;
- Redução do valor mínimo das transferências discricionárias para as províncias;
- Não haverá novas licitações do governo federal para obras públicas;
- Redução de subsídios para energia e transporte;
- Manutenção dos planos de apoio ao trabalho de acordo as diretrizes de 2023;
- Alteração oficial do câmbio para 800 pesos (cerca de R$ 10,80) por US$ 1. Hoje, a cotação oficial encerrou a 366 pesos (R$ 4,96);
- Substituição do sistema de importações SIRA “por um sistema estatístico e de informação que não exigirá a aprovação de licenças”;
- Duplicação do plano AUH [atribuição universal por filho ou filha, na sigla em espanhol] e 50% de programas alimentares.
Piorar antes de melhorar
As ações focam no controle da inflação argentina, que em outubro alcançou o patamar de 142% em 12 meses. Caputo, porém, adiantou que a situação não deve aliviar para a população no curto prazo.
“Estaremos pior do que antes durante alguns meses”, disse.
“Na Argentina gastamos mais do que arrecadamos. Funciona como em casa, se o país tiver que gastar mais do que arrecada, pede ao FMI, aos bancos ou ao Banco Central”, disse.
O auxiliar de Milei também destacou o enfraquecimento das contas públicas ao afirmar que a Argentina registrou déficit fiscal em 113 dos últimos 123 anos.
“Temos que resolver o vício do défice fiscal”, pontuou, afirmando que a nova gestão vai buscar solução do problema “na raiz”.
“Para muitos, se endividar é um capricho do ministro da Economia de plantão. Não é assim”, afirmou.
O pacote de medidas do novo governo também foca nas transações internacionais do país.
Caputo anunciou que a Argentina avançará na eliminação de tributos para exportações, enquanto substituirá o sistema para aprovação das licenças de importação.
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*Com CNN Español e Reuters