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    Desemprego no 1º tri mostra mercado “lento”, mas traz “boas notícias”, dizem especialistas

    Índice no Brasil subiu para 8,8% no primeiro trimestre do ano, informou o IBGE nesta sexta-feira (28)

    Danilo Moliternoda CNN , São Paulo

    A taxa média de desemprego no Brasil subiu para 8,8% no primeiro trimestre do ano, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (28). Segundo especialistas consultados pela CNN, o dado mostra que o mercado de trabalho caminha “lentamente” em 2023, mas traz boas notícias.

    Na comparação com o trimestre imediatamente anterior (outubro a dezembro de 2022), a taxa aumentou 0,9 ponto percentual, mas em relação ao mesmo período do ano passado (janeiro a março de 2022) houve recuo de 2,4 pontos.

    “O diagnóstico é de que o mercado de trabalho evolui de maneira mais lenta do que no ano passado, como consequência do ritmo de atividade econômica mais fraca que estamos vendo em 2023”, analisa Cosmo Donato, economista da LCA Consultoria e especialista em mercado de trabalho.

    Em 8,8%, o dado ficou abaixo das expectativas do mercado, que — segundo levantamento da Reuters — esperava alta a 9%. Alexandre Augusto Pereira Gaino, professor de Economia da ESPM, considera esse um dos pontos positivos que trouxe a divulgação.

    “Veio abaixo da mediana da maioria dos analistas. Mostra, talvez, uma visão um pouco mais pessimista que havia entre os analistas da situação econômica do país. Talvez a situação não esteja tão degradada quanto a princípio se esperava”, comenta.

    Economista-chefe do Banco Master e professor de economia da FGV-SP, Paulo Gala destaca a taxa de subutilização como outra “boa notícia” da divulgação. O índice ficou em 18,9% — 0,4 p.p. acima do registrado no último trimestre de 2022, mas 4,3 p.p abaixo ante o mesmo período do ano passado.

    “A subutilização veio com uma boa notícia, por volta de 18%. A subutilização é a medida de pessoas que gostariam de trabalhar mais horas e não encontram trabalho. Então, trabalham menos horas do que gostariam por falta de oportunidade”, explica.

    Sazonalidade explica altas e baixas

    Os especialistas indicam que tanto a alta do desemprego em relação ao último trimestre de 2022 quanto a baixa na comparação com o primeiro trimestre de 2022 podem ser explicados — ao menos em partes — por questões de sazonalidade.

    Alexandre Augusto Pereira Gaino aponta que a atividade econômica é tradicionalmente mais intensa nos meses finais do ano. “No último trimestre, até pela movimentação de final de ano, temos um mercado de trabalho aquecido, e essas vagas se retraem depois do começo do novo ano”, explica.

    Por outro lado, Cosmo Donato relembra que no primeiro trimestre de 2022 o Brasil ainda retomava a atividade econômica após a pandemia de Covid-19. “Tinhamos acabado de ter a liberação total das restrições sanitárias. Então a população ocupada ainda estava em processo de recuperação”, afirma.

    Primeiro trimestre de Lula

    A divulgação corresponde ao primeiro trimestre do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os especialistas concordam, contudo, que os impactos das ações da gestão ainda não podem ser observados nos números referentes ao mercado de trabalho.

    “O mercado de trabalho demora para responder estímulo, demora para responder a medidas, demora para responder à evolução da própria economia. É muito difícil dizer que o governo já teve alguma ação de impacto sobre o mercado de trabalho”, indica Alexandre Augusto Pereira Gaino.

    “No final das contas, o mercado de trabalho reage à evolução da economia de maneira defasada, então tudo que o governo fizer em relação à agenda econômica, são coisas que ele vai colhendo aos poucos durante o governo”, completa Cosmo Donato.

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