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    Debates em Davos focaram nos problemas de subsídios verdes e chips

    Divergência sobre a Lei de Redução da Inflação do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou a atenção dos participantes

    Julia Horowitzda CNN , Davos

    O Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suiça, é um local para políticos e líderes empresariais levarem opiniões e propostas sobre os benefícios da globalização e da cooperação internacional.

    Mas, nas reuniões deste ano, não. A conferência apresentou apelos por uma maior localização da produção, à medida que as tensões geopolíticas aceleram os esforços nacionais ou regionais para garantir o fornecimento de energia e chips de computador — priorizando a confiabilidade sobre a eficiência em uma era de pandemia e da maior guerra na Europa desde 1945.

    Um fato que chamou a atenção foi a divergência sobre a Lei de Redução da Inflação do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Os líderes europeus usaram Davos para expor as reclamações sobre os incentivos fiscais da lei para empresas americanas que fabricam peças para projetos de energia verde, que, segundo eles, prejudicarão as empresas europeias.

    “O protecionismo atrapalha a competição e a inovação e é prejudicial para a mitigação das mudanças climáticas”, disse o chanceler alemão Olaf Scholz em um discurso no palco principal do fórum.

    Valdis Dombrovskis, comissário de comércio da União Europeia, disse que, embora o maior investimento climático da história dos EUA seja louvável, a “preocupação da Europa é que seja feito de maneira discriminatória”.

    Scholz e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disseram que as negociações com os Estados Unidos para encontrar uma solução estão em andamento. Mas, os líderes da UE enfatizaram a necessidade de lançar rapidamente um pacote de investimento próprio, levantando preocupações de que uma luta de subsídios possa estar se formando.

    “A Europa deve fazer a mesma coisa”, disse o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, na sexta-feira (20). “Se queremos competir, devemos ter uma política industrial muito forte, eficaz e rápida.”

    O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, também alertou que “construir muros e intensificar o protecionismo não pode ser a solução certa”. Seul tem criticado o programa de subsídios de Biden.

    Diferenças sobre a China

    Quem controla a tecnologia de semicondutores também foi objeto de muito debate, à medida que os Estados Unidos intensificam os esforços para reduzir o desenvolvimento de produtos avançados na China que, no futuro, alimentarão armas militares e inteligência artificial.

    Os investimentos chineses na fabricação de chips alemã e britânica foram recentemente bloqueados ou revertidos. Mas, a Europa tem receio de escolher um lado na luta crescente, querendo manter seu envolvimento com Pequim.

    O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse em um painel de Davos que a China é uma “enorme economia com enorme potencial e uma enorme base de inovação”, mesmo que existam “legítimas preocupações de segurança”.

    Mas os executivos corporativos foram contundentes em sua avaliação sobre o resultado dessas discussões.

    A localização das “reservas de petróleo [tem] definido a geopolítica nas últimas cinco décadas”, disse o CEO da Intel, Pat Gelsinger, a CNN. “Onde estão as cadeias de suprimentos de tecnologia e onde os semicondutores são construídos é mais importante para as próximas cinco décadas.”

    ‘Um mundo menos eficiente’

    Líderes empresariais em Davos, impactados pela pandemia e pela guerra da Rússia na Ucrânia, destacaram que as cadeias de suprimentos devem ser mais curtas e, se possível, a produção deve ser localizada em países vistos como aliados com valores compartilhados.

    Isso poderia beneficiar países como a Índia. Representantes da terceira maior economia da Ásia compareceram em peso a Davos para se reunir com investidores internacionais.

    “O mundo precisa de resiliência”, disse o presidente da Tata Sons, Natarajan Chandrasekaran, falando sobre a capacidade da Índia de explorar uma reconfiguração global das cadeias de suprimentos e laços comerciais.

    No entanto, essa reorientação terá consequências, reconheceram os participantes do encontro.

    “Estamos olhando para um mundo menos eficiente”, disse a representante comercial dos EUA, Katherine Tai. Ainda assim, disse ela, há um “prêmio” a ser pago pela confiança, que funciona como uma “apólice de seguro” contra futuras complicações e interrupções, desde condições climáticas extremas até conflitos.

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