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    Crise faz China deixar de divulgar dados de desemprego entre os jovens

    Segundo departamento de estatística chinês, cálculo precisa ser melhorado e levar em consideração jovens que procuram estudo invés de trabalho

    Nos meses de abril, maio e junho, taxa de desemprego juvenil atingiu 20,4%, 20,8% e 21,3%, respectivamente
    Nos meses de abril, maio e junho, taxa de desemprego juvenil atingiu 20,4%, 20,8% e 21,3%, respectivamente REUTERS/Aly Song

    Laura Heda CNN

    Hong Kong

    A China suspendeu a divulgação de dados mensais de desemprego juvenil, depois que o número atingiu recordes consecutivos nos últimos meses em meio a uma crise econômica mais ampla.

    O anúncio foi feito pelo Departamento Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) nesta terça-feira (15), quando o órgão divulgou seus indicadores econômicos mensais, dessa vez sem as taxas de desemprego urbano para jovens de 16 a 24 anos.

    Fu Linghui, porta-voz do NBS, explicou que a decisão foi tomada pois o método de cálculo da estatística “precisa ser melhorado”. Segundo o departamento, o número de alunos nessa faixa etária tem crescido nos últimos anos, sendo a prioridade do grupo estudar, e não procurar emprego.

    O NBS está conduzindo “pesquisas aprofundadas” para melhorar sua metodologia, disse Fu. Os estudos são necessários para que se possa definir quem compõem a faixa etária dos “jovens que procuram emprego”, já que o tempo de permanência nas escolas tem crescido, informa o departamento.

    “Há opiniões divergentes sobre incluirmos ou não o número de estudantes que procuram emprego antes da formatura”, acrescentou Linghui.

    O porta-voz reforçou que os dados serão divulgados novamente assim que o processo for concluído. Contudo, ele não indicou um prazo.

    A suspensão ocorre depois que a taxa de desemprego juvenil da China atingiu recordes consecutivos nos últimos meses. Nos meses de abril, maio e junho, a taxa de desemprego para jovens de 16 a 24 anos atingiu 20,4%, 20,8% e 21,3%, respectivamente.

     

    Economia desacelera

    Os dados de terça-feira também indicaram outro mês de crescimento morno na segunda maior economia do mundo.

    As vendas no varejo, a produção industrial e o investimento em ativos fixos desaceleraram ainda mais em julho em relação ao ano anterior, de acordo com o NBS.

    Os gastos do consumidor no varejo cresceram 2,5% no mês passado em relação ao ano anterior, desacelerando em relação ao aumento de 3,1% registrado em junho. Foi o crescimento mais fraco do consumo desde dezembro, quando a China retirou suas restrições à pandemia.

    A produção industrial também ficou abaixo do esperado. O indicador subiu 3,7% em julho em relação ao ano anterior, ante crescimento de 4,4% em junho.

    Já os investimentos em ativos fixos subiram 3,4% em julho, 0,4 ponto percentual (p.p.) a menos que o crescimento de 3,8% registrado em junho.

    Um recorde de 11,6 milhões de graduados universitários estavam procurando emprego em 2023. Eles enfrentam perspectivas pessimistas, após a perda de força da economia chinesa no segundo trimestre, quando o crescimento observado no período pós-pandemia desacelerou.

    A economia chinesa vem lutando com a fraca demanda de exportação dos mercados globais e uma crise imobiliária em curso.

    “Com os problemas financeiros de incorporadoras como a Country Garden pesando sobre o mercado imobiliário no curto prazo, há um risco real de a economia cair em recessão, a menos que o apoio político seja aumentado em breve”, disseram analistas da Capital Economics em uma nota de pesquisa divulgada na terça-feira.

    Esforços incrementais

    Os formuladores de políticas tomaram algumas medidas para apoiar a economia, embora os economistas digam que muito mais precisa ser feito.

    Na terça-feira, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) cortou inesperadamente os juros de empréstimo de médio prazo (MLF) em 0,15 p.p., para 2,5%. O Banco Central chinês também reduziu a taxa de recompra reversa de sete dias em 0,10 p.p., que agora está em 1,8%.

    “De uma perspectiva macro, as decisões políticas atuais são um tanto úteis”, disse Robert Carnell, chefe regional de pesquisa para a Ásia-Pacífico no ING Group. Contudo, Carnell acrescenta que as medidas não são uma virada de jogo.

    Analistas da Capital Economics esperam que mais cortes nas taxas ocorram em breve. No entanto, a avaliação é de que os cortes sejam pequenos demais para reavivar a demanda por crédito, já que os formuladores de políticas até agora demoraram a conceder apoio fiscal significativo.

    No domingo (13), o gabinete da China emitiu 24 diretrizes para atrair investimentos estrangeiros e abordar algumas das questões mais espinhosas para os investidores.

    As medidas incluem oferecer melhor tratamento tributário para empresas estrangeiras, facilitar a obtenção de vistos para estrangeiros e flexibilizar as regras de transferência de dados para o exterior.

    Veja também: Em 2021, portos da China estavam congestionados com alta das exportações

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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