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    Corrida de bilionários ao espaço: relembre a “batalha” e veja o que vem por aí

    Apesar de ter se popularizado ano passado, o turismo espacial entre bilionários começou em 2007

    Sofia Kercherdo CNN Brasil Business*

    2021 foi um ano agitado para o turismo espacial. Nomes como Jeff Bezos, Elon Musk e Richard Branson fizeram investimentos milionários no setor, tanto para tornar as viagens mais acessíveis, quanto para realizar o sonho de infância de visitar o espaço.

    Inclusive, 2022 promete ser mais um ano marcado pelo setor privado nas viagens espaciais. Grandes empresas estão começando a permear todas as áreas dos voos espaciais, desde os lançamentos privados mais espetaculares até os mínimos detalhes que envolvem essa atmosfera.

    Apesar de ter se popularizado ano passado, o turismo espacial entre bilionários começou em 2007. Conheça alguns bilionários excêntricos que já viajaram ao espaço, e outros que ainda pretendem ir nos próximos anos:

    Charles Simonyi

    O primeiro bilionário a ir para o espaço foi Charles Simonyi, responsável por construir as primeiras versões do Microsoft Office.

    O magnata da informática fez duas viagens à Estação Espacial Internacional, em abril de 2007 e março de 2009, por meio da companhia de turismo espacial Space Adventures. As expedições custaram a Simonyi cerca de US$ 60 milhões.

    Guy Laliberte

    Em setembro de 2009, mais um bilionário viajava rumo ao espaço: Guy Laliberte, empresário canadense fundador do Cirque Du Soleil.

    Guy iniciou sua carreira de artista circense como engolidor de fogo, homem da perna de pau e acordeonista. Levou um pouco de suas origens em sua viagem: além das roupas de astronauta, toda a tripulação subiu ao espaço utilizando um nariz de palhaço.

    O bilionário pagou US$ 35 milhões para ir à Estação Espacial Internacional em setembro de 2009.

    Richard Branson

    A viagem de Richard Branson foi transmitida ao vivo pelas suas redes sociais. / Divulgação/Instagram

    Competindo com Jeff Bezos, Richard Branson, fundador da empresa de aeronáutica Virgin Galactic, viajou mais de uma semana antes que o CEO da Amazon, em 11 de julho de 2021.

    O voo aconteceu pelo avião espacial VSS Unity, da Virgin Galactic. Branson tem planos de iniciar sua operação comercial esse ano, realizando até 400 voos por ano.

    Cerca de 600 passageiros já garantiram sua vaga nas aeronaves da Virgin Galactic —pagando entre US$ 200 mil e US$ 250 mil. Celebridades como Angelina Jolie e Tom Hanks já reservaram seus assentos.

    A provocação acabou desencadeando um conflito entre os bilionários. Bezos criticou o equipamento utilizado por Branson —dizendo que o concorrente causaria 100 vezes mais danos à camada de ozônio— e até disse que o concorrente não foi ao espaço, pois não ultrapassou a linha de Karman.

    A Linha de Karman, que fica 100 km de distância do nível do mar, é onde se marca a fronteira entre a atmosfera terrestre e o espaço. O VSS Unity, de Richard, atingiu apenas 86 km.

    Ainda que ambos os voos terem sido suborbitais, ou seja, as naves alcançaram a fronteira do espaço e voltaram sem dar uma volta ao redor da Terra, a nave de Bezos alcançou os 100 km.

    Apesar das alfinetadas de Bezos, para os critérios da Nasa, que considera que a fronteira de espaço começa a 80 km de atitude, Branson também esteve lá.

    No dia 1 de setembro, a Federal Aviation Administration (FAA), agência que regula a aviação nos EUA, confirmou que estava investigando o voo espacial de Richard Branson. O órgão disse que o foguete operado por sua empresa, a Virgin Galactic, desviou do curso durante sua descida.

    No final de setembro, as investigações foram encerradas, e a empresa pode retomar normalmente seus voos espaciais. Ainda assim, a empresa está atrasando o início dos serviços comerciais até pelo menos o terceiro trimestre de 2022, citando atualizações de tecnologia não relacionadas.

    Jeff Bezos

    Tripulação do foguete New Shepard, começando pela esquerda: Mark Bezos, Jeff Bezos, Oliver Daemen e Wally Funk./ Divulgação/Instagram

    Cerca de uma semana depois de Branson, Jeff Bezos, fundador da Amazon e da empresa de astronáutica Blue Origin, embarca com mais três acompanhantes para o espaço, em julho de 2021.

    Os quatro foram a bordo do foguete New Shepard, que levou Jeff Bezos e seu tripulantes ao espaço. O nome foi dado em homenagem ao astronauta Alan Shepard, o primeiro americano a ir ao espaço em 1961.

    Bezos levou seu irmão, Mark Bezos; Wally Funk, pioneira da aviação e uma das primeiras mulheres treinadas pela Nasa; e Oliver Daemen, jovem holandês que pagou cerca de US$ 2,8 milhões para ir. A viagem durou 10 minutos e custou ao CEO US$ 5,5 bilhões.

    A tripulação não foi escolhida à toa: Oliver e Wally são, respectivamente, a pessoa mais nova e mais velha a irem para o espaço.

    O lançamento bem-sucedido de Bezos catapultou a empresa para um resto de ano movimentado, passando voando algumas figuras de alto nível como “convidados de honra” —o que significa que eles não precisaram pagar pelos ingressos. 2022 promete trazer ainda mais atividades da Blue Origin, embora a empresa ainda não tenha anunciado datas de voos ou passageiros para o próximo ano.

    Apesar disso, a empresa de turismo espacial de Bezos vem enfrentando alguns problemas.

    Um grupo de 21 funcionários atuais e ex-funcionários co-assinaram uma carta alegando que a empresa opera um ambiente de trabalho tóxico onde a “divergência profissional” é “ativamente reprimida”. A Blue Origin respondeu às alegações dizendo que “não tolera discriminação ou assédio de qualquer tipo”.

    O ensaio gerou preocupação suficiente para a FAA lançar uma revisão. Mas as reportagens da CNN Business também revelaram que os investigadores da FAA designados para a tarefa foram prejudicados pela falta de proteções legais para denunciantes no setor de voos espaciais comerciais.

    E-mails obtidos pela CNN Business mostraram que a revisão foi encerrada, embora os investigadores nunca tenham tido a chance de falar com nenhuma das pessoas que assinaram anonimamente o ensaio do denunciante.

    Jared Isaacman

    Jared Isaacman, bilionário, piloto e fundador da Shift4 Payments, foi ao espaço em setembro de 2021, com uma peculiaridade: a tribulação foi formada sem nenhum astronauta profissional a bordo.

    Isaacman encomendou a viagem à SpaceX, pagou todas as despesas e convidou três pessoas parta acompanhá-lo. A missão foi batizada de Inspiration4, por causa da história de seus tripulantes: além do CEO, também foram Hayley Arceneaux, sobrevivente de câncer infantil; Sian Proctor, professora e candidata a astronauta; e Chris Sembroski, veterano da Força Áerea.

    Cada assento na aeronave tinha uma característica específica: o assento de Isaacman representava liderança; de Arceneaux, esperança; de Proctor, prosperidade; e de Sembroski, generosidade.

    A viagem custou ao bilionário cerca de US$ 200 milhões.

    Yusaku Maezawa

    O bilionário japonês fundador da ZozoTown, maior shopping online de moda do Japão, Yusaku Maezawa, passou 12 dias na Estação Espacial Internacional em dezembro de 2021.

    Depois de gastar cerca de US$ 80 milhões nesta viagem, Maezawa afirma que não será a útlima: ele já alugou um foguete SpaceX para uma viagem ao redor da Lua prevista para 2023, com convidados que ele ainda está selecionando.

    O foguete lançou o bilionário japonês ao espaço junto com Yozo Hirano, cineasta e amigo de Maezawa. Os dois foram os primeiros turistas a visitar a estação espacial desde 2009, em uma missão russa liderada pelo cosmonauta Alexander Misurkin.

    Sergey Brin

    Sergey Brin, cofundador da Google, também tem seus planos para viajar ao espaço.

    Em 2008, o bilionário tornou-se investidor da Space Adventures por meio de um depósito de US$ 5 milhões. Esse dinheiro pode ser usado para um futuro voo espacial orbital, mas não está claro se ou quando Brin planeja a viagem.

    Tyler e Cameron Winklevoss

    Os gêmeos Winklevoss, primeiros bilionários do Bitcoin, já garantiram suas passagens junto a Jolie e Hanks nas aeronaves da Virgin Galactic, empresa de Richard Branson.

    O pagamento foi realizado com a criptomoeda: o par de bilhetes custou cerca de US$ 500 mil, e foram comprados em janeiro de 2014. Eles foram os únicos clientes confirmados pela empresa a pagar desta maneira.

    O que esperar

    Questões sobre como regular o espaço sideral na era da comercialização estão ocorrendo no cenário internacional.

    Com a SpaceX e outras empresas colocando milhares de satélites para novos negócios baseados no espaço, e um recente teste de destruição de satélite realizado pelo governo russo, as preocupações com a superlotação na órbita da Terra estão aumentando.

    Eventos recentes e de alto perfil trouxeram maior noção sobre os riscos nesse sentido: os satélites SpaceX Starlink quase colidiram com a estação espacial chinesa, a Estação Espacial Internacional teve que manobrar para fora do caminho de detritos em várias ocasiões e foguetes extintos caíram fora de órbita sem controle.

    Grupos dentro das Nações Unidas vêm trabalhando há décadas para atualizar tratados internacionais que regem o uso do espaço sideral. Até agora, eles têm sido amplamente mal sucedidos.

    Mas o esforço está ganhando atenção mais uma vez com uma resolução de 1º de novembro, que criou um grupo de trabalho aberto para avaliar “as ameaças atuais e futuras às operações espaciais”.

    O grupo determinará quando o comportamento pode ser considerado irresponsável, ‘fará recomendações sobre possíveis normas, regras e princípios de comportamentos responsáveis’ e contribuir para a negociação de instrumentos juridicamente vinculativos;  — incluindo um tratado para evitar ‘uma corrida armamentista no espaço'”, de acordo com um artigo publicado recentemente escrito por dois especialistas em política espacial.

    *Com informações da CNN Business

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