Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Conheça a Salic, empresa do governo saudita que virou sócia da BRF e da Minerva

    Empresa foi criada pela Arábia Saudita para investir em negócios que garantam a segurança alimentar do país

    Da CNN , São Paulo

    Criada em 2009, a Salic, empresa de investimentos em agropecuária da Arábia Saudita, que funciona como um fundo de investimentos em negócios e tecnologias, ganha relevância rapidamente no mundo e no Brasil.

    A Empresa Saudita de Investimento Agrícola e Pecuário, nome completo da Salic, foi estabelecida pelo reino com o objetivo de buscar investimentos estratégicos ao redor do mundo que garantissem o fornecimento e a segurança alimentar do país.

    Ela é oficialmente detida pelo Fundo de Investimento Público (PIF, na sigla em inglês) da Arábia Saudita, que administra hoje US$ 780 bilhões em ativos, ou algo como R$ 4 trilhões, e é um dos maiores fundos soberanos do mundo.

    Com uma população de pouco mais de 35 milhões de pessoas e ocupada em quase sua totalidade pelo deserto da Arábia, a Arábia Saudita, a maior exportadora de petróleo do mundo, importa cerca de 80% de todos os alimentos que consome, e já figura entre os dez maiores importadores de carne vermelha do Brasil.

    No portfólio de participações da Salic, estão alguns dos maiores frigoríficos brasileiros: em julho deste ano, o grupo aportou cerca de R$ 1,7 bilhão (1,5 bilhão de riais sauditas) em uma oferta de ações ao mercado feita pela BRF e passou a deter 10,7% do capital da companhia, que é dona da Sadia e da Perdigão e uma das maiores produtoras globais de frango.

    Com isso, o fundo saudita passou a ser o segundo maior acionista da BRF, atrás da controladora Marfrig, com 40%.

    Em 2015, em seu primeiro grande movimento sobre o Brasil, a Salic já tinha investido na Minerva, um dos três grandes produtores de carne do país, e conquistado uma fatia de 20% na companhia.

    Em 2020, ampliou o aporte no frigorífico e se tornou a sócia majoritária, hoje com pouco mais de 30% das ações do grupo, ao lado da VDQ, holding dos fundadores, a família Vilela de Queiroz, que mantém outros 22% de participação. Juntos, os dois grupos controlam 52% da empresa.

    Foi também uma joint venture feita entre a Salic e a Minerva que permitiu, em 2021, a criação da Minerva Australia e, em 2022, a aquisição, pela filial australiana, da maior fabricante de carnes ovinas do país, a Australian Lamb Company (ALC), numa operação de R$ 1,3 bilhão (400 milhões de dólares australianos).

    Os cortes de ovelha, cordeiro e carneiro respondem por mais de 40% de toda a carne vermelha consumida na Arábia Saudita.

    “A Arábia Saudita tem buscado se internacionalizar nos últimos anos, ampliando os investimentos fora do país, e desde o início viu o Brasil como um parceiro estratégico na questão da segurança alimentar”, diz o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Tamer Mansour.

    “A primeira linha de frente seria aumentar as importações do Brasil, que cada dia mais está exportando mais grãos, aves e proteínas em geral para lá. Por outro lado, eles veem o Brasil como destino de investimentos também. Na Minerva, por exemplo, a Salic deu estrutura para que a empresa pudesse investir mais no Brasil e na América do Sul, além de ajudá-la a se internacionalizar. A Minerva não tinham investimentos na Austrália quando a Salic chegou.”

    Entre as empresas do portfolio da Salic, há ainda participações em companhias como a produtora e exportadora de arroz indiana LC Foods, a comercializadora de commodities de Singapura Olam Agri, a canadense de grãos G3, que é resultado de uma parceria com a norte-americana Bunge, e a ucraniana Continental Farmers, além de negócios estratégicos dentro da própria Arábia Saudita.

    *Publicado por Juliana Elias

    Tópicos