Congelamento de óvulos: entenda o que é, quem pode fazer e quanto custa
Indica-se que o tratamento seja realizado até os 35 anos, já que os óvulos envelhecem e enfraquecem
Mudanças na sociedade e no mercado de trabalho têm levado muitas mulheres a adiarem o sonho da maternidade. O congelamento de óvulos acaba sendo uma alternativa para quem pensa em ter um bebê, mas de forma planejada, mais para frente. É o chamado Congelamento Social.
“Mulheres saudáveis que não desejam engravidar no momento congelam seus óvulos para preservar o maior nível de fertilidade presente nos gametas femininos mais jovens. Isso permite que a paciente possa planejar qual é o melhor momento na sua vida para conceber”, explica o médico Fernando Prado, da clínica Neo Vita de Reprodução Humana e Saúde Reprodutiva.
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Segundo levantamento do Grupo Huntington, de reprodução assistida, de julho a setembro deste ano houve um aumento de 71,4% no número de pacientes que realizaram a criopreservação –método de congelamento de óvulos.
Para entender mais sobre o assunto, o CNN Brasil Business conversou com os médicos Cláudia Gomes Padilla, ginecologista e especialista em reprodução humana do Grupo Huntington, e Fernando Prado, da clínica Neo Vita de Reprodução Humana e Saúde Reprodutiva.
O que é congelamento de óvulos?
É um procedimento em que os óvulos da mulher são captados e colocados em nitrogênio líquido, onde são congelados e armazenados numa temperatura de 196ºC negativos.
Apesar de o congelamento existir há mais de 30 anos, foi apenas há quinze anos que a técnica se tornou mais popular, graças à vitrificação que evita perda de óvulos congelados (que passou a ser apenas de 5%).
É possível congelar óvulos em qualquer idade?
Sim. O congelamento é possível em qualquer idade, se houver óvulos em quantidade e qualidade. Porém, quanto mais jovem for a mulher, melhor será a qualidade dos óvulos coletados e maiores as chances de uma gravidez no futuro.
Indica-se que o tratamento seja realizado até os 35 anos, já que os óvulos envelhecem e enfraquecem.
Para se ter uma noção de comparação, estima-se que, ao nascer, a mulher tenha por volta de 7 milhões de óvulos, valor que se reduz aos 500 mil quando ocorre a primeira menstruação, e que chega a menos de 25 mil aos 42 anos.
Há também a influência de fatores externos que os enfraquece, como poluição, radiação, medicações e outros.
Como são os procedimentos de congelamento de óvulos?
O primeiro passo é realizar uma bateria de exames para saber se não há nenhuma contraindicação ao uso de hormônios. Eles são necessários para impulsionar os ovários a produzirem todos os óvulos que seriam descartados naturalmente pelo corpo.
Esses hormônios começam a ser tomados no terceiro dia de menstruação e têm de ser ingeridos por dez dias.
Por volta do 12º dia de estimulação ovariana, é feita a coleta de óvulos. A coleta é realizada por meio de uma punção transvaginal guiada por ultrassom com a paciente sedada. Apesar da sedação, não é uma cirurgia, apenas um procedimento que dura em média 20 minutos.
Depois de coletados, os óvulos passam por uma seleção para que sejam congelados apenas os maduros e de boa qualidade morfológica.
Após o processo, os óvulos são armazenados na incubadora para finalizar a maturação, que dura cerca de duas horas.
Em seguida, são adicionadas substâncias para que eles sejam vitrificados. Esta etapa não dura mais do que 15 minutos e são congelados em nitrogênio líquido a -196ºC.
Assim que a mulher decidir engravidar, os óvulos são descongelados, fertilizados em laboratório, e os embriões formados transferidos para o útero –a taxa de sobrevivência ao descongelamento pode variar de 85% a 95%.
Quanto tempo os óvulos podem ficar congelados?
Em torno de 15 anos.
Há garantia de engravidar?
Não. E é aí que entra o fator idade. Uma mulher que congelou os óvulos antes dos 35 anos e que puderam produzir três blastocistos tem uma chance de concepção bem alta, acima de 80%. Agora, uma paciente que tem o mesmo número de blastocistos, mas congelou seus óvulos após os 40 anos, tem chances mais baixas, de cerca de 45%. Por isso, o ideal é congelar os óvulos o mais cedo possível.
Para quem o congelamento de óvulos é indicado?
O congelamento de óvulos é indicado para mulheres que não podem, ou não desejam, uma gravidez no momento atual ou em um futuro próximo.
Uma outra situação é para pacientes em tratamento de câncer. A radioterapia e a quimioterapia podem prejudicar a reserva ovariana e a fertilidade futura da mulher. Em alguns casos, após a quimioterapia, a paciente pode evoluir para um quadro de menopausa precoce.
O congelamento também está indicado para pacientes que precisam remover os ovários por doenças benignas, como cistos de endometriose, ou que serão submetidas a tratamentos de doenças autoimunes que possam comprometer a reserva ovariana.
Quanto custa todo o procedimento?
O custo varia bastante de clínica para clínica, mas todo o procedimento (estimulação + coleta + congelamento) costuma custar entre R$ 15 mil e R$ 30 mil, além do valor de manutenção dos óvulos congelados, que tem uma mensalidade em torno de R$ 1.000 por ano.
Pacientes que estão passando por tratamento oncológico, dependendo, podem ter cobertura gratuita do congelamento pelo SUS.
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