Como o filme “Barbie” tem impactado as ações da Mattel
Nos últimos 30 dias, os papéis da fabricante de brinquedos americana valorizaram mais de 16%
Os holofotes do mundo do entretenimento estão totalmente voltados à estreia do filme “Barbie”, previsto para esta quinta-feira (20), e as ações da Mattel já estão reagindo positivamente a esse alvoroço desde meados do mês de junho.
Para se ter ideia, nos últimos 30 dias, os papéis da fabricante de brinquedos americana valorizaram 16,05%, negociados a cerca de US$ 21 na última quarta-feira (19).
No entanto, o número ainda está distante do alcançado em 2014, quando as ações da empresa chegaram à marca dos US$ 46.
Para Airton Medeiros, CFO global do 8 Capital, a estratégia pré-lançamento de “Barbie” foi desenhada justamente para alavancar os produtos da linha de bonecas, além de gerar receitas adicionais e valorizar as ações da empresa.
“A Mattel explorar a marca ‘Barbie’ levantou também a força da estratégia do filme para suas outras linhas de produtos, como os da ‘Hot Wheels’, ao colocar a boneca em um Corvette rosa”, analisa.
Medeiros também avalia o anúncio feito pela fabricante de brinquedos em 2022, no qual já apontava o filme “Barbie” como um dos principais destaques para os acionistas em 2023.
“Isso já sinalizava a estratégia da empresa de impactar os negócios usando o filme como seu principal impulsionador”, diz.
Por outro lado, o especialista destaca que, no primeiro trimestre de 2023, a Mattel teve prejuízo de US$ 106 milhões em comparação com o mesmo período de 2022.
“Os resultados financeiros precisavam de um reforço de peso, e a Barbie, como uma das estrelas da empresa, veio ocupar esse posto”, explica.
A linha de bonecas “Barbie” representava um percentual expressivo de vendas da Mattel, porém, em 2022, apresentou queda de 11% em relação ao ano anterior.
“Se formos olhar os últimos resultados reportados, houve uma queda de 23% no faturamento da divisão de bonecas, que inclui as vendas da Barbie”, afirma.
Para Medeiros, apesar do sucesso que o filme representa, a Mattel ainda precisa consolidar sua estratégia de crescimento e reposicionamento da marca.
“É um desafio árduo e ainda há um longo pela frente”, avalia.
Mattel em crise
As ações da Mattel sofreram um duro golpe em março de 2018, quando a gigante do mercado de brinquedos Toys ‘R’ Us fechou suas 735 lojas nos Estados Unidos.
A empresa lutou por longos anos para tentar liquidar bilhões de dólares em dívidas e se manter ativa em meio à concorrência avassaladora dos marketplaces.
Com o baque, a receita da Mattel — uma das principais fornecedoras da empresa — caiu 11% em 2017 e mais 8% em 2018.
Além disso, as perdas da empresa só aumentaram, chegando à marca de US$ 100 milhões no mesmo período.
Os resultados, consequentemente, refletiram nas ações da empresa.
“Com o pedido de falência da Toys ‘R’ Us, a Mattel teve uma forte queda, chegando ao seu menor patamar desde 2009”, afirma Medeiros.
No entanto, o especialista destaca que a empresa já vinha enfrentando uma série de problemas, como a perda da licença das bonecas Disney em 2014.
“Ela [Mattel] viu sua concorrente Hasbro ganhar o direito de venda dos brinquedos em 2016”, explica.
Medeiros avalia que a chegada de Ynon Kreiz ao posto de diretor-presidente da Mattel, em 2018, começou a mudar a realidade turbulenta que a empresa enfrentava.
“A partir da chegada de Kreiz e da implementação de várias estratégias para mudar a trajetória da marca, os resultados começam a aparecer”, diz.
Em 2022, a CNN Internacional noticiou o retorno da Toys ‘R’ Us ao mercado, após a empresa WHP Global comprar a varejista de brinquedos da Tru Kids Inc., que havia assumido a marca falida em uma liquidação.