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    Café da manhã por R$ 2: como a deflação da China impacta a população

    Redes de fast food também passaram a oferecer alternativas econômicas, com lanches variando de R$ 6 a R$ 13

    Por Sophie Yu e Yew Lun Tian, da Reuters

    Nos restaurantes Nanchengxiang em Pequim, os clientes se deliciam com um buffet de café da manhã com três tipos de mingau de arroz, sopa azeda e picante e leite – tudo pelo de 3 yuanes, o que equivale a cerca de US$ 0,40, ou R$ 2,04.

    “Muitas opções boas e baratas surgiram durante a pandemia”, disse Gao Yi, de 71 anos, enquanto tomava café da manhã com o neto em uma das 160 lojas da rede na capital chinesa. “Nem todas duram. Mas há novas ofertas boas o tempo todo, você só precisa sair para encontrá-las.”

    É assim que a deflação se parece na China.

    Hábitos de consumo

    O comportamento do consumidor está alimentando uma guerra de preços entre as cadeias de restaurantes de baixo custo na China, o que, segundo analistas, pode prejudicar empresas menores que lutam para acompanhar os descontos oferecidos por grandes players.

    Como visto no Japão na década de 1990, a deflação – se prolongada – pode pesar no crescimento econômico.

    “São necessárias boas ofertas para levar os consumidores até a porta, então há muita pressão sobre essas empresas para encontrar margens”, disse Ben Cavender, diretor-gerente do Grupo de Pesquisa de Mercado da China em Xangai.

    Impactos da pandemia

    Durante a pandemia, o povo chinês recebeu pouco suporte financeiro do governo para lidar com a situação. O apoio de Pequim foi direcionado principalmente ao setor manufatureiro.

    Depois que as restrições foram suspensas, não houve alarde imediato do consumidor, como previram alguns economistas.

    Com salários e aposentadorias praticamente inalterados e o mercado de trabalho altamente incerto, o apetite por gastos é limitado. Desse modo, em uma economia que tem desacelerado, a confiança é baixa.

    “Estratégias de desconto, oferecendo aos consumidores uma escolha mais econômica, correspondem à situação econômica atual”, disse Zhu Danpeng, analista de alimentos e bebidas e vice-chefe da Aliança Provincial de Promoção da Segurança Alimentar de Guangdong.

    A loja central de Nanchengxiang estava lotada na quinta-feira (10), como acontece todas as manhãs desde que a oferta de 3 iuanes foi lançada em maio, segundo a equipe.

    A empresa não respondeu às perguntas da Reuters sobre suas margens de lucro e estratégia de negócios.

    A Xishaoye, uma franquia de hambúrgueres com sede em Pequim, também anunciou preços mais baixos, com funcionários dizendo que alguns itens chegarão a 10 yuanes (R$ 6,80). A Yum China, operadora do KFC no país, está atraindo clientes com um menu de hambúrgueres, lanches e bebidas por 19,9 yuanes (R$ 13,54).

    “A circulação está de volta, mas o gasto por pessoa caiu”, disse Joey Wat, diretor executivo da Yum, à Reuters.

    “Em nossas mentes, a pandemia parece ter acontecido há muito tempo. Na verdade, não. As pessoas precisam de tempo para se ajustar.”

    Veja também: Governo chinês tem usado comida de rua para movimentar a economia

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