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    BCE ainda não pensa em pausa no aperto monetário, diz Lagarde

    Presidente do banco disse que se cenário atual se mantiver, chances de elevação dos juros mais uma vez na reunião de julho são grandes

    Gabriel Bueno da Costa e Sergio Caldas, do Estadão Conteúdo

    A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse nesta quinta-feira (15) que a instituição não está considerando a possibilidade de uma pausa no ciclo de aperto monetário iniciado em meados do ano passado.

    Em coletiva de imprensa após a alta de juros de mais cedo, Lagarde disse que o BCE ainda não chegou ao fim de sua jornada e que há “caminho a ser coberto” no processo de aperto.

    Segundo Lagarde, se o cenário atual se mantiver, as chances são grandes de que o BCE eleve juros mais uma vez na reunião de julho. “A menos que ocorra mudanças substanciais no quadro, continuaremos elevando juros”, disse.

    Ela afirmou ainda que não quer discutir sobre a taxa final dos juros. “Quando chegarmos lá, saberemos”, afirmou, acrescentando que o BCE busca cumprir sua meta de inflação de 2%, e não chegar a uma taxa final específica.

    Lagarde comentou também que há atrasos na transmissão da política monetária, mas que seus efeitos são visíveis.

    Sobre a reunião e a decisão

    Sobre a reunião desta quinta, Lagarde disse que houve um consenso “muito, muito grande”. A presidente do BCE destacou que a decisão da instituição mais cedo de elevar suas principais taxas de juros em 25 pontos-base reflete as revisões em projeções econômicas para o crescimento e a inflação assim como a expectativa de transmissão da política monetária.

    Na linha do comunicado do BCE, Lagarde avaliou que a inflação na zona do euro tem desacelerado, mas a projeção é de que permaneça “muito alta por muito tempo”, e reafirmou que a política monetária ficará restritiva pelo tempo que for necessário para que a inflação volte à meta oficial de 2%.

    Ela reiterou que as altas anteriores de juros ainda estão sendo gradualmente transmitidas para a economia.

    Lagarde disse também que a economia do bloco se estagnou nos últimos meses e deve seguir fraca no curto prazo, mas deverá ganhar fôlego mais adiante. Destacou ainda que o mercado de trabalho da zona do euro está forte e que o setor de serviços continua firme, enquanto a indústria vem mostrando fraqueza.

    Cenário da inflação

    A presidente do Banco Central Europeu afirmou ainda que, pelos parâmetros atuais, não é satisfatório que a inflação ainda esteja em 2,2% em 2025, como é projetado.

    Também comentou que o aumento dos custos de mão de obra ajudou a impulsionar as previsões de inflação para a zona do euro. Segundo ela, o custo unitário do trabalho foi responsável em grande parte pela revisão para cima do núcleo da inflação.

    Lagarde disse que o BCE não está vendo efeitos secundários ou espiral de alta de preços provocada por salários. Ponderou também que “quanto mais cedo o BCE chegar à meta de inflação, melhor”, mas que é “preciso ser realista”. “Temos de ter postura mensurada, diante dos efeitos da política, mas com persistência”, acrescentou.

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