Após “dólar Coldplay” e “dólar Catar”, Argentina cria “dólar Malbec” mirando vinhos
Versão da moeda norte-americana vem para elevar a competitividade do vinho argentino e entrará em vigor a partir de 1º de abril.
A Argentina anunciou a criação de mais uma taxa de câmbio, na tentativa de conter a crise econômica — dessa vez, focada no mercado nacional de vinhos.
Batizada de “dólar Malbec”, em referência à variedade de uva mais utilizada na bebida argentina, a versão da moeda norte-americana vem para elevar a competitividade do vinho argentino e entrará em vigor a partir de 1º de abril.
“A partir de 1º de abril vamos apoiar um mecanismo para as economias regionais, começando pela viticultura para recuperar a exportação, competitividade, mercados, mas também para que tenham a oportunidade de enfrentar a perda que o granizo e a geada representaram”, disse o ministro das Finanças Sergio Massa, em discurso no último sábado (4).
“Assim como demos início ao complexo agroindustrial, vamos acompanhar a vitivinicultura”, declarou, em referência ao chamado “dólar soja”.
A produção de vinhos na Argentina foi afetada nos últimos anos por condições climáticas extremas, que trouxeram quedas na receita do setor.
“O clima nos castiga com cada vez mais frequência e tem nos tirado áreas produtivas. Há quase 10.000 vinhas a menos em todo o país”, disse Massa.
“Este ano esperamos um volume inferior a 21% em relação à safra passada, que já era escassa. Também estamos 34% abaixo dos patamares dos últimos 10 anos.” Os dados citados pelo ministro são do Instituto Nacional de Viticultura (INV) argentino.
O valor do dólar Malbec, segundo a autoridade argentina, será definido nos próximos 20 dias.
16 tipos de dólar
A criação do dólar Malbec segue a esteira de outras quinze variações da taxa cambial — algumas com nomes inusitados, como dólar Coldplay, dólar Catar e dólar Netflix.
Desde 2018, a Argentina mantém em curso uma política que restringe a compra de dólares para mantê-los no país, carente de moeda estrangeira. A medida permite que apenas alguns poucos setores da economia, geralmente ligados a bens de capital e insumos industriais, tenham acesso ao dólar oficial, a 200 pesos na cotação atual.
Pessoas físicas, que queiram destinar o dinheiro para poupança ou viagens, também podem comprar a esse valor, mas são limitadas a apenas US$ 200 por mês.
O dólar “blue”, por outro lado, circula amplamente no país. Apesar de não ser oficial, a moeda clandestina regula o mercado de preços na Argentina e é vendida em casas de câmbio especializadas, à força da vista grossa de autoridades argentinas.
Confira abaixo mais informações sobre as outras cotações.
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