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    Ao lado de Lula, premiê diz que Espanha trabalhará para convencer europeus a fechar acordo UE-Mercosul

    Pedro Sánchez declarou que conjuntura está propícia para firmar acordo neste ano; espanhóis assumirão presidência da União Europeia em julho, Brasil assume liderança do bloco sul-americano no segundo semestre

    Primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, durante entrevista coletiva em Madri
    Primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, durante entrevista coletiva em Madri REUTERS/Juan Medina

    CNN

    Após reunião em Madri, na sede do governo da Espanha, o premiê espanhol Pedro Sánchez e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstraram otimismo em relação às negociações do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.

    “Há poucos argumentos para não se chegar a esse acordo. Se verdadeiramente temos uma oportunidade, o momento claramente é agora”, declarou o primeiro-ministro a repórteres.

    “Acho que com o fato do Pedro Sánchez assumir a presidência da UE a gente pode ter chances de fechar esse acordo”, avaliou Lula.

    A Espanha assumirá a presidência do bloco europeu em julho. Nos 17 e 18 daquele mês, será realizada em Bruxelas uma reunião de cúpula UE-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), a primeira desde 2015, e Lula deverá comparecer.

    Além disso, seguindo a rotatividade semestral da presidência do Mercosul, o Brasil deve estar à frente do bloco sul-americano no segundo semestre.

    “Me comprometi com o presidente Lula a trabalhar [no avanço do acordo]. Eles vão estar na liderança do Mercosul e nós da UE. Portanto, acho que vamos ter uma conjuntura propícia para verdadeiramente culminar este processo e atingir este acordo. Vamos trabalhar para tentar obter este acordo neste ano”, afirmou Sánchez.

    A União Europeia e o Mercosul concordaram em junho de 2019 em criar uma área de livre comércio de 700 milhões de pessoas após duas décadas de negociações.

    O tratado diminui para zero, em um prazo máximo de 15 anos, as tarifas de importação sobre 91% do intercâmbio comercial. A estimativa do Itamaraty é de ganhos de quase US$ 100 bilhões para as exportações brasileiras até 2035.

    No entanto, o acordo não foi ratificado naquele momento devido a preocupações, principalmente na França e no Parlamento Europeu, sobre o desmatamento na Amazônia e ceticismo em relação aos esforços do Brasil naquele momento, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para combater as mudanças climáticas.

    Preocupações protecionistas por parte de alguns países europeus também colaboraram no entrave.

    Lula discursa em evento com o premiê da Espanha, Pedro Sanchez / Reprodução CNN

    O premiê espanhol reconheceu, nesta quarta-feira, que “efetivamente há países na União Europeia que têm dúvidas sobre a possibilidade desse acordo”.

    “Acredito que as dúvidas vão se dissipar se pensarmos em todo o potencial para Europa e América Latina que teria um acordo UE-Mercosul. É um acordo de grande envergadura e vamos tentar colaborar”, completou Sánchez, que disse pretender estabelecer um “mecanismo de diálogo permanente” para estreitar os laços com países latino-americanos.

    Ao comentar sobre o acordo, Lula destacou as dificuldades enfrentadas por ele em seus dois primeiros mandatos para se chegar em um acordo.

    “Não é fácil porque o acordo mexe com os interesses da sociedade”, brincando sobre um interesse protecionista da Espanha sobre a produção de jamón.

    “O Brasil também tem seus interesses. Na proposta feita no governo anterior é inaceitável por parte do Brasil porque impõe punição, e não acho que podemos aceitar”, declarou Lula.

    Lula discursa em evento com o premiê da Espanha, Pedro Sanchez / CNN Reprodução

    “Um acordo todo mundo tem que ganhar. Ninguém quer perder. E nesse ganha-ganha é que a gente pode fazer um belo de um acordo”, concluiu.

    UE enviou proposta para retomada de negociações; Mercosul viu como “dura” e “desequilibrada”,

    No início de março, a União Europeia encaminhou a autoridades do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC) e do Itamaraty um extenso documento com demandas dos europeus para que as negociações sejam oficialmente retomadas.

    Na avaliação de fontes do bloco sul-americano ouvidas pela CNN, porém, o texto dos europeus é “duro, ambicioso e desequilibrado”. Para os negociadores do Mercosul, o documento colocado sobre a mesa de negociações extrapola os princípios combinados no passado.

    (Publicado por Léo Lopes)