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    Paulo Gala
    Coluna

    Paulo Gala

    Ajudo as pessoas a Desmistificar a Economia. Posts sobre Economia e Finanças. Autor, Investidor, Professor na FGV/SP, Economista-Chefe do Banco Master

    OPINIÃO

    Corte de Juros nos EUA deve melhorar cenário para Brasil

    O relatório de emprego dos EUA de junho foi divulgado indicando a criação de 206 mil vagas de trabalho, ligeiramente acima da expectativa de 190 mil vagas. Apesar deste dado mais forte, o panorama geral aponta para um mercado de trabalho mais fraco. Houve revisões para baixo nos dados de maio, de 272 mil para 218 mil vagas, e de abril, de 165 mil para 108 mil vagas. Além disso, o setor privado criou 136 mil vagas, abaixo da expectativa de 160 mil, enquanto o setor público gerou 70 mil vagas.

    O desemprego nos EUA subiu para 4,1%, acima da expectativa de 4%, o maior nível desde novembro de 2021. Isso reflete um aumento na procura por emprego, com mais pessoas entrando na força de trabalho e não encontrando vagas disponíveis. A relação entre vagas abertas e desempregados caiu para 1,2 vagas por desempregado, a menor desde 2021. Essa relação era de 2 vagas para cada desempregado quando o mercado estava mais forte há meses atrás. Os pedidos contínuos de seguro-desemprego nos EUA se aproximam agora de 2 milhões, indicando também um mercado de trabalho mais fraco. Outros indicadores de atividade nos EUA também apontam para uma desaceleração.

    Com esse conjunto de dados, aumenta a chance de um corte de juros em setembro pelo FED com uma probabilidade agora superior a 70% segundo previsões do mercado. O banco central dos EUA busca um mercado de trabalho mais fraco para reduzir a pressão de salários, preços e inflação. Para o Brasil esse cenário pode trazer alívio após a recente valorização do real, que caiu de R$5,70 para baixo de R$5,5. Juros menores nos EUA significam maiores fluxos de capital para países emergentes.

    A bolsa brasileira subiu nos últimos dias para cima dos 126 mil pontos e os juros de longo prazo caíram para cerca de 12%. A mudança de tom do presidente Lula, com o anúncio de cortes de R$25 bilhões no orçamento de 2025, ajudou a melhorar a confiança no cumprimento do arcabouço fiscal.

    O mercado vive hoje duas grandes incertezas que ajudaram a levar a taxa de câmbio para a máxima do ano, além das preocupações com juros nos EUA: a dinâmica das contas públicas nos próximos anos e a transição na presidência do Banco Central. O cumprimento do arcabouço fiscal, que exige que as despesas cresçam a uma taxa máxima de 70% das receitas não é impossível.

    Por exemplo, se a receita cresce num ano em 5%, a despesa pode crescer até 3,5%. Esse sistema incentiva o aumento da arrecadação, mas também permite cortes de gastos quando a receita não cresce. Diferentemente do teto de gastos, que travava o aumento da despesa em termos reais, o arcabouço permite crescimento, mas a uma taxa menor que a da receita; traz, portanto, uma flexibilidade importante e necessária para o manejo das contas públicas num Brasil de infinitas demandas sociais.

    O cumprimento do arcabouço fiscal somado a uma transição bem feita no BC brasileiro poderá devolver a tranquilidade aos mercados domésticos trazendo a taxa de câmbio para mais perto dos R$5,00. Isso facilitaria inclusive o trabalho de controle da inflação já que um câmbio mais apreciado significaria menor pressão nos preços de bens importados.

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