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    Maurício Pestana
    Coluna

    Maurício Pestana

    Jornalista, escritor e especialista em Diversidade e Inclusão. Preside o Fórum Brasil Diverso e RAÇA Brasil Comunicações

    Paris 2024, os jogos do ESG 

    Os Jogos Olímpicos de 2024 ficarão marcados para todo sempre como um divisor de águas em matéria de organização de eventos esportivos, não só pela integração cidade, público e esportistas, mas pela demonstração da diversidade, inclusão e principalmente no exemplo de que o mesmo homem que consegue poluir, sujar e destruir tem também o poder de recuperar, reintegrar e devolver a vida e a esperança em locais onde aparentemente isso pareceria impossível. 

    O rio Sena com as embarcações das diversas delegações esportivas de quase todo o mundo pôde sentir a invasão da capital francesa para os Jogos Olímpicos.

    Tal invasão representada nas embarcações nem de longe lembra os barcos que tentam cruzar cotidianamente o Mediterrâneo, oriundos do continente africano em direção à Europa fugindo das guerras, da fome e de todo tipo de violência fomentados por grande parte dos países europeus, entre os quais a França, que por séculos escravizaram, saquearam, exploraram e ainda hoje sugam o continente africano. 

    A política, o racismo, o machismo, sempre estiveram presentes nos Jogos Olímpicos desde o seu nascedouro, vide a frase “as raças possuem um valor diferente e a raça branca, essencialmente superior, merece fidelidade de todas as outras”.

    Pasmem, esses dizeres são do criador dos Jogos Olímpicos modernos, o aristocrata barão de Coubertin, que se não bastasse o racismo desse senhor criador dos Jogos Olímpicos como conhecemos, temos que lembrar das ideias machistas do barão, que no ato da criação dos jogos também declarou: “Os Jogos Olímpicos devem ser reservados para os homens. Uma olimpíada feminina não seria interessante”.

    E assim se passaram esses mais de 100 anos de história das Olimpíadas, intercalados com conflitos, manifestações, períodos de paz e de guerra, como em 1936, quando Hitler da Alemanha nazista tentou usar os Jogos Olímpicos como propaganda política.  

    Mas é tempo de falar das Olimpíadas ESG (compromissos ambientais, sociais e de governança) da França. Afinal, a limpeza do rio Sena foi um exemplo de ambientalismo; ter a maior participação de mulheres da história dos jogos outro exemplo de inclusão e diversidade.

    A participação social da cidade na abertura nas margens do Sena ao lado da organização do evento tem sido um show de governança.

    O destaque negativo novamente foi a utilização política dos jogos no veto da participação dos atletas russos, que tiveram que pagar pela invasão à Ucrânia, feito que não teve o mesmo tipo de tratamento com relação a Israel, que também está em guerra bombardeando cotidianamente a Faixa de Gaza, incluindo hospitais. 

    Enfim, que esses novos ventos sentidos nos Jogos de Paris consigam permear outras fronteiras tão importantes como o esporte. Falo da cultura, da política e principalmente da mente e dos corações das lideranças desse nosso planeta.

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