Desde menina, sempre soube que o trabalho seria o eixo central da minha vida. Cresci em um ambiente onde esforço e dedicação eram valores inegociáveis, ensinados com a convicção de que não havia atalhos para o sucesso. Meu pai e minha mãe me mostraram que o trabalho molda quem somos, constrói princípios sólidos e nos fortalece para enfrentar os desafios da vida. E é sobre isso que gostaria de falar nesta reta final de 2024: sobre como o trabalho, em sua complexidade, não apenas sustenta, mas liberta.

O trabalho me deu propósito. Ele sempre foi a base que me guiou, o norte que dá sentido às minhas escolhas e à minha caminhada. Construir algo – seja um projeto, um relacionamento, uma vida – exige esforço, resiliência e, acima de tudo, um senso de responsabilidade com o futuro. O trabalho não é fácil. É desafiador, exaustivo e muitas vezes frustrante. Mas é também fonte de coragem e inspiração, um espaço onde plantamos sementes que, com o tempo, crescem e nos sustentam. Como uma floresta de realizações.

O impacto do trabalho na vida de uma mulher foi um dos temas de Simone de Beauvoir em sua defesa de que o trabalho é essencial para a emancipação. Em O Segundo Sexo, ela escreveu que é por meio dele que rompemos as amarras da dependência econômica, nos tornando protagonistas de nossas próprias histórias. Para mim, essa ideia é muito poderosa. O trabalho nos dá a liberdade de sermos quem somos, de cuidarmos de nós mesmas e dos outros. E essa liberdade – talvez a maior conquista que uma mulher possa alcançar – é algo que devemos reconhecer e valorizar todos os dias.

Virginia Woolf escreveu que um “teto todo seu” é indispensável para a liberdade criativa e intelectual. Esse teto, essa independência, é o que nos permite sonhar e construir. É o espaço onde criamos nossos próprios caminhos, sem as pressões de agradar ou corresponder às expectativas alheias. Para mim, o trabalho sempre foi esse teto – o lugar onde encontro forças para expandir meus horizontes e me reconectar com o que realmente importa.

Mas quero reforçar que essa liberdade conquistada pelo trabalho não é apenas individual. Ela reverbera. Quando uma mulher descobre que é responsável por si mesma, que pode ser livre, ela começa a gerar impacto ao seu redor. Esse impacto pode ser pequeno, em um microcosmo pessoal, ou grandioso, mas ele existe e transforma. É como uma força invisível que se espalha, inspirando e fortalecendo outros.

Sempre acreditei que o trabalho tem o poder de salvar, de abrir caminhos e de construir legados. Meu legado, embora simples, é sobre isso: impactar para o bem. Mostrar aos mais jovens – e aos mais velhos também – que o trabalho nos liberta. Ele é a chave para a independência, para o espírito livre que permite cuidar de si e dos outros, sonhar e transformar. É o que me dá coragem para viver, errar, recomeçar e seguir em frente.

Hoje, ao olhar para trás e para os valores que meus pais me passaram, vejo como o trabalho não apenas moldou minha trajetória, mas também me deu a liberdade de ser quem sou. Ele fortaleceu todos os pilares da minha vida – meus lados mãe, filha, amiga, esposa, profissional. E me deu a força necessária para enfrentar os obstáculos e construir meus sonhos.

É por isso que ele será sempre o eixo central da minha vida. Não importa o que fizeram de mim; importa o que faço com o que fizeram de mim (parafraseando mais um pensador inspirador, Sartre). E, no centro de tudo isso, está o trabalho, meu maior aliado na construção de uma vida plena e livre. O trabalho exige e confronta, mas oferece algo imensurável: coragem, propósito e liberdade.

Que tenhamos, portanto, muita coragem, propósito e sobretudo liberdade. É meu desejo genuíno para 2025. Para mim, e para você.