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    Geyze Diniz
    Coluna

    Geyze Diniz

    Cofundadora e presidente do Conselho do Pacto Contra a Fome, economista, conselheira da Península Participações e vice-presidente do Conselho do MASP

    OPINIÃO

    Do inconformismo à ação: como empresas podem combater a fome no Brasil

    Por vezes, nos esquecemos do poder que a sociedade civil – onde as empresas se encaixam – pode causar em mudanças significativas e estruturantes num país. O Brasil é um país de grande extensão territorial, diferentes culturas, muitas carências, mas também um país de muita potência, riqueza e inteligência.

    Mas vemos que entra ano, sai ano e seguimos com os mesmos problemas na base. Você, cidadão brasileiro, já deve ter se questionado: por quê? Por que somos essa potência e não conseguimos desenrolar alguns assuntos tão óbvios? O que nos falta? Governos são poderosos, tem a caneta, recursos e decisões. Mas governos são temporários. Enquanto a sociedade civil segue, as empresas seguem, as famílias seguem…

    Por isso, a pergunta a ser feita deveria ser: o que eu posso fazer? O que a minha empresa pode fazer? Como conseguiremos resolver alguns problemas complexos que, com vontade, organização, estratégia, planejamento e articulação poderemos fazer a diferença e trazer mudanças estruturantes e permanentes?

    Me coloco no lugar de uma cidadã inconformada que sempre escutou que “o Brasil é o país do futuro”, mas que ainda não viu esse futuro chegar. Ainda assim, sigo acreditando que a força da sociedade civil organizada é muito potente e deve estar em um lugar maior de articulação.

    O Pacto Contra a Fome nasceu deste inconformismo de sermos um dos principais celeiros do mundo, que temos fome (e grande) e ainda jogamos comida no lixo.

    E tem solução? Acredito que sim. Desde que juntos. Por isso, a importância e a urgência para que empresas somem esforços a essa causa, que gera custos altíssimos para o sistema: saúde, educação, segurança, produtividade nas empresas, além de não permitir o mínimo de dignidade ao nosso povo. É desumano uma pessoa passar fome. Desumano. Além de ser considerado um direito fundamental de todo ser humano pela Assembleia Geral das Nações Unidas e pela própria Constituição Federal do Brasil.

    Pela última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE de 2023, temos no Brasil 8,7 milhões de pessoas em situação de fome (aquelas que não tem o que comer hoje nem sabe se comerão amanhã) e 64 milhões que vivem em algum grau de insegurança alimentar. Ou seja, se são 64 milhões, certamente muitos estão perto da gente e não nos damos conta disso.

    Com tudo isso, o convite aqui é para que as empresas mergulhem neste tema, olhando para seus funcionários, se tem em seus quadros pessoas que estão em algum grau de insegurança alimentar e se o nível de renda atende às suas demandas mínimas (hoje um salário mínimo é R$ 1518,00 e uma cesta básica chega a representar 60% desse valor). Impossível uma família se alimentar com isso e ainda atender a outras demandas como moradia, transporte, medicamentos, gás, etc).

    Se você é empresário, independente do tamanho de sua empresa, olhe para esse tema, olhe para sua força de trabalho. Este é um passo que, cada um atuando um pouco, vai somar na dimensão do todo e poderá fazer a diferença. O Pacto Contra a Fome está pronto para contribuir com dados, estudos, conexões, articulações, políticas públicas e conscientização para que possamos acabar de vez com essa mazela vergonhosa no Brasil.

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