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    Geyze Diniz
    Coluna

    Geyze Diniz

    Cofundadora e presidente do Conselho do Pacto Contra a Fome, economista, conselheira da Península Participações e vice-presidente do Conselho do MASP

    OPINIÃO

    Tecnologia e Colaboração: O Impacto da Inteligência Artificial no Brasil

    O impacto da IA vai além da automação; ela tem o potencial de ampliar a capacidade humana de compreender, analisar e resolver questões que afetam milhões de pessoas. O Brasil enfrenta uma série de desafios nas esferas social, econômica e ambiental. Para superá-los, é imprescindível adotar um novo paradigma que integre a tecnologia e a inteligência artificial como ferramentas essenciais.

    Historicamente, a resolução de problemas complexos requer uma abordagem sistêmica, colaborativa e multidisciplinar, onde equipes se unem para lidar com situações que nem sempre possuem soluções claras. Nesse contexto, a tecnologia emerge como um agente transformador. Avanços significativos em ciência da computação agora permitem que profissionais de diversas áreas colaborem de maneira mais eficaz. Com análises de grandes volumes de dados em tempo real, sendo possível identificar padrões e gerar insights que antes seriam inatingíveis.

    A importância da nova economia também não pode ser subestimada. Startups e empresas tradicionais estão cada vez mais adotando IA para criar ideias inovadoras. Na área da saúde, por exemplo, plataformas que utilizam algoritmos de aprendizado de máquina estão revolucionando diagnósticos e tratamentos. Elas não apenas analisam imagens médicas, mas também oferecem recomendações personalizadas, aumentando a eficácia dos cuidados. Além disso, o setor agrícola brasileiro está se beneficiando da agricultura de precisão, com sensores e dados para otimizar a produção e melhorar a sustentabilidade dessa atividade. No Pacto Contra a Fome, temos promovido parcerias que usam tecnologias para mapear áreas de insegurança alimentar e direcionar ações mais eficazes no combate à fome, além de incentivar soluções que minimizem o desperdício de alimentos ao longo da cadeia produtiva.

    A IA não é somente uma ferramenta de eficiência; ela também desempenha um papel importante na prevenção de problemas antes que se tornem crises. Por meio da análise preditiva, é possível monitorar indicadores sociais e ambientais, permitindo intervenções antecipadas. Por exemplo, o uso de drones e imagens de satélite ajuda a prever desastres naturais e avaliar danos, possibilitando uma resposta mais rápida.

    A interação humano-IA, que combina a inteligência artificial com as capacidades cognitivas e humanas, potencializa a produtividade e a criatividade. As máquinas não substituem as pessoas, mas ampliam suas habilidades, possibilitando uma nova forma de colaboração que leva em conta fatores emocionais e sociais. Essa dinâmica é especialmente relevante no Brasil, onde a diversidade sociocultural pode ser uma riqueza na resolução de desafios.

    No final de julho, o governo federal anunciou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), com o objetivo de nortear o desenvolvimento e a aplicação da IA no Brasil. Com um investimento total de R$ 23 bilhões ao longo de quatro anos, o plano é estruturado em cinco eixos principais: infraestrutura (R$ 5,79 bilhões), formação e capacitação de pessoas (R$ 1,15 bilhão), melhoria dos serviços públicos (R$ 1,76 bilhão), inovação empresarial (R$ 13,79 bilhões), apoio à regulação e governança da IA (R$ 103,25 milhões) e ações de impacto imediato (R$ 435 milhões).

    Temos uma ferramenta poderosa capaz de alavancar o desenvolvimento do país. No entanto, essa revolução traz consigo desafios éticos que não podem ser ignorados. A implementação de tecnologias precisa considerar as consequências sociais e os impactos na vida das pessoas. Para tanto, regulamentações precisam ser estabelecidas para garantir princípios de justiça e equidade, a fim de que todos se beneficiem dessa transformação. Esse é um tema sem retorno.