Nota de R$ 200: veja quanto custa imprimir uma cédula de real
Diferença do custo de produção entre uma nota de R$ 2 e uma de R$ 100 é de 'apenas' R$ 0,07
Entre críticos e entusiastas, a nova cédula de R$ 200, anunciada pelo governo nesta semana, virou assunto — e meme. Apesar de ser a mais valiosa entre as notas da segunda família do real, o custo para produzi-la não chega nem perto do que o valor de mercado da moeda. Mas, afinal, você sabe quanto custa imprimir dinheiro no Brasil?
De acordo com o Banco Central (BC), a cédula de R$ 200 vai custar em torno de R$ 0,32 por unidade. Quem fica responsável pela produção dessa primeira leva é a Casa da Moeda, com quem o banco firmou um contrato de R$ 146 milhões pelas primeiras 450 milhões de notas, que estão na fase final de testes e devem entrar em circulação ainda neste mês.
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O custo é um pouco maior do que a nota de R$ 100, que sai por R$ 0,29 para ser impressa. Na verdade, o preço médio de produção das cédulas varia pouco. A diferença entre as cédulas de R$ 2 e R$ 5, que custam R$ 0,22 para serem impressas, para as irmãs mais valiosas, como as notas de R$ 100 e R$ 50, é de menos de R$ 0,07. Em larga escala, no entanto, esses poucos centavos podem fazer muita diferença.
O secretário do Tesouro, Bruno Funchal, chegou a afirmar que o governo vai economizar com a nova cédula. Segundo ele, o fato de precisar imprimir menos unidades (uma de R$ 200 ao invés de duas de R$ 100, por exemplo) já alivia a conta. Mesmo assim, não revelou quanto seria possível poupar com a estratégia.
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Economizar para um país que tem um déficit primário tão grande, é sempre positivo. O gasto médio do BC com a Casa da Moeda do Brasil, nos últimos dois anos, foi de R$ 664,7 milhões, sendo R$ 459 milhões na produção de cédulas e R$ 205 milhões em moedas. Nesse mesmo período, as encomendas médias foram de 1,7 milhão de cédulas e 890 mil moedas.
E também imprimir em grande quantidade também não é algo simples, por conta das especificidades de cada cédula. Na “segunda família” do real, o projeto das notas faz com que elas variem de tamanho de acordo com o valor. A menor de todas, de R$ 2, tem 12 centímetros de comprimento contra 6,5 de largura. Já a de R$100, que é a maior, mede 15,6 por 7 centímetros. Ou seja, não dá para produzir diversas notas na mesma “fornada”.
Um fato curioso é que as moedas são sempre mais caras de serem produzidas do que as notas, que valem muito mais. Um dos fatores é o material: apesar de o papel das cédulas ser feito de uma fibra especial, mais rígida do que o cumum, o metal ainda custa bem mais. A moeda de R$ 0,05, por exemplo, custa três vezes mais do que o próprio valor para ser produzida, com custo de R$ 0,17 a unidade.
Além dos tamanhos diferenciados, algo que encarece a impressão são os dispositivos de segurança nas cédulas, como as faixas luminosas, alto relevo e marcas d’água. No caso da nota de R$ 200, o BC ainda não divulgou o design, mas garantiu que o projeto vai seguir o padrão anti-falsificação das demais.
Por conta da necessidade de reimpressão e substituição dos exemplares, o gasto com distribuição (e com a destruição segura) de moedas é constante. A vida útil de uma cédula geralmente varia de acordo com diversos fatores, mas, principalmente, com relação ao valor. As menos valiosas tendem a circular mais no mercado, serem mais manuseadas e, por isso, duram menos.
De acordo com uma pesquisa por coleta de exemplares, realizada pelo Banco Central entre o final de 2011 e o início do ano seguinte, as cédulas de R$ 2, R$ 5 e R$ 10, duram em torno de 14 meses, as de R$ 20, cerca de 16 meses e de as R$ 50 e R$ 100, ficam conservadas por até 36 meses de uso.
Geralmente, a Casa da Moeda fica responsável pela produção das notas, mas isso não é uma regra. Na tentativa de baratear os custos, o BC pode encomendar a impressão no exterior, quando o preço lá fora estiver mais competitivo. Foi o que ocorreu com um lote de notas de R$ 2, impresso na casa sueca Crane AB, em 2017. Da mesma forma, a Casa da Moeda brasileira já foi contratada para imprimir o dinheiro de outros países, como Argentina, Venezuela, Costa Rica e até da República Democrática do Congo.
Privatização
No final do ano de 2019, o Governo Federal incluiu a Casa da Moeda do Brasil no Programa Nacional de Desestatização (PND), colocando o órgão no grupo de estatais a serem privatizadas. Entre as justificativas, os defensores da proposta afirmam que a instituição, que tem uma operação onerosa — o que se confirma pelos três anos seguidos de prejuízo.
No ano passado, a Casa da Moeda registrou perdas de R$ 86,8 milhões. Já no primeiro trimestre de 2020, novo déficit, só que de R$ 37 milhões – 22,7% menor do que o mesmo período do ano passado.
De acordo com entusiastas, a privatização tornaria os preços da Casa da Moeda mais competitivos, evitando importações de cédulas, como a que ocorreu em 2017. Críticos, no entanto, ressaltam questões de segurança e controle, por exemplo, já que, sem a supervisão pública, o risco de fraudes aumentaria.
No início do ano, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 665/19 tentou anular o decreto presidencial que incluiu a Casa da Moeda no programa de privatizações do governo federal. A proposta segue em análise na Câmara dos Deputados.
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