Vendas do varejo desabam 16,8% em abril, pior resultado desde 2001, diz IBGE
Este foi o tombo mais acentuado desde o início da série histórica em janeiro de 2001 e reflete os efeitos do isolamento social, provocado pela pandemia
As vendas no varejo brasileiro registraram queda recorde de 16,8% em abril, na comparação com março, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este foi o tombo mais acentuado desde o início da série histórica em janeiro de 2001 e reflete os efeitos do isolamento social, provocado pela pandemia do novo coronavírus.
Segundo o instituto, a média móvel trimestral foi de -6,1% no trimestre – encerrado no mês de abril. Já na série sem o ajuste sazonal, o comércio varejista retraiu 16,8%. No acumulado dos últimos 12 meses, o resultado é de 0,7¨%.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de baixa de 12% na comparação mensal e de queda de 13,60% sobre um ano antes. Essa foi também a segunda queda consecutiva, acumulando perdas de 18,6% no período.
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“É o segundo mês do impacto da pandemia. Essa influência começa em março, com fechamento de lojas nas grandes cidades, e o quadro se sustenta e aumenta em abril”, disse o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, as vendas também tiveram perdas de 16,8%, contra expectativa de recuo de 13,6%.
O consumo vem sendo contido no país tanto pelo fechamento de lojas físicas e outros estabelecimentos como também pelas incertezas em torno dos impactos da pandemia sobre a economia e o mercado de trabalho.
Reflexo do isolamento social
Abril foi a primeira vez em que a pesquisa trouxe os resultados de um mês inteiro com o país sob isolamento social. Isso fez com que todas as atividades analisadas sofressem perdas, o que aconteceu segundo o IBGE apenas pela terceira vez desde o início do levantamento.
A queda mais acentuada foi em Tecidos, vestuário e calçados (-60,6%), seguido de Livros, jornais, revistas e papelaria (-43,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-29,5%).
Setores considerados essenciais na pandemia também tiveram recuo em abril, depois de subirem no mês anterior — as vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo caíram 11,8%, enquanto as de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos tombaram 17%.
“Tivemos também uma redução da massa salarial que, entre o trimestre encerrado em março para o encerrado em abril, caiu 3,3%, algo em torno de 7 bilhões de reais. Isso também refletiu nessas atividades consideradas essenciais”, explicou Santos.
No varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, as vendas despencaram 17,5% em abril, sendo que a atividade de veículos, motos, partes e peças apresentou perdas de 36,2% e a de material de construção recuou 1,9%.
“A queda foi generalizada e em quase todas ela foi recorde, com exceção de veículos, móveis e material de construção, que tiveram quedas maiores no mês anterior. São 7 recordes negativos em abril”, completou Santos.
O IBGE informou ainda que, do total de empresas consultadas, 28,1% relataram impacto em suas receitas em abril das medidas de isolamento social, contra 14,5% no mês de março.
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