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    Vale, Ambev: 10 ações recomendadas por corretoras para investir em janeiro

    A ordem continua focar naquelas empresas que, mesmo durante a pandemia, têm conseguido trazer bons resultados

    Natália Flach e Leonardo Guimarães, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O otimismo visto no mercado acionário nos últimos meses deve continuar vigorando em janeiro. A expectativa é que o Ibovespa, principal índice da bolsa, tente superar a sua máxima histórica alcançada em janeiro do ano passado, de 119.527 pontos — apenas 0,4% acima da pontuação do último pregão de 2020.

    Entre os fatores que deram fôlego extra a bolsas de valores do mundo, estão a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos, e, principalmente, o avanço rápido de vacinas contra o novo coronavírus.

    Com isso, o Ibovespa que chegou a cair 30% em apenas um mês, mas conseguiu o que parecia impossível: encerrou 2020 no azul.

    Enquanto o principal índice acionário do Brasil teve alta de 9,29% em dezembro, a carteira recomendada do CNN Brasil Business teve variação positiva de 10,39%. 

    Leia também:
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    Garrafa e copo de cerveja
    Ambev: uma das ações recomendadas para janeiro
    Foto: Freepik

    “A recuperação não tem nada a ver com questões internas, se deu por causa do ambiente externo: com vacinas aprovadas e pela vitória de Biden nos EUA”, afirma Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch. “As pessoas imaginam que com vitória de Biden vai haver mais cooperação global e consequentemente maior crescimento do PIB no mundo, especialmente em países exportadores de commodities.”

    Filipe Villegas, estrategista da corretora Genial Investimentos, lembra que há um excesso de liquidez no mundo, com todas as políticas fiscais e monetárias expansionistas que foram feitas, e o Brasil como país emergente se beneficia muito disso. 

    “Tivemos um novo pacote fiscal de US$ 900 bilhões aprovado recentemente nos Estados Unidos, o que tem um enorme impacto positivo”, disse o economista da Mirae Asset Pedro Galdi, mencionando o novo mega-pacote de auxílios aos desempregados aprovado na semana passada nos Estados Unidos. 

    “Isso é dinheiro que corre o mundo e que o Brasil também acaba captando. Tanto é que o investidor estrangeiro, que tinha saído daqui, começou a voltar. A bolsa acaba subindo mesmo com todo o nosso risco fiscal e descuidos políticos”, completou Galdi.

    Aliás, a situação fiscal é o que vai determinar se a bolsa brasileira voltará aos 81 mil pontos ou se conseguirá avançar para 151 mil pontos, de acordo com estudo feito pelo banco BTG Pactual.

    Caso haja problemas fiscais, como rompimento do Teto de Gastos, há chances de o investidor estrangeiro deixar o país, o que significaria um derretimento da bolsa. Por outro lado, a aprovação de reformas tidas como essenciais pode impulsionar o Ibovespa.

    Com esses fatores de risco no radar, as corretoras indicaram papéis que se beneficiam com uma melhora no comércio internacional, como papéis de commodities (Vale e Petrobras). Também recomendaram ações ligadas a varejo (Multiplan, Lojas Renner, Via Varejo e Magazine Luiza), além de papéis de bancos e instituições financeiras (B3 e Itaú). 

    Os especialistas também incluíram uma empresa de energia (Eneva) e uma indústria de bebidas (Ambev).

    A carteira

    As ações que compõem a carteira recomendada do CNN Brasil Business têm como mote a diversificação. Além de mineração, finanças, varejo, energia e indústria marcaram presença entre as recomendações para o mês de janeiro. 

    A ordem continua focar naquelas empresas que, mesmo durante a pandemia, têm conseguido trazer bons resultados. Nas dez ações mais recomendadas por analistas, estão empresas ligadas a commodities (Petrobras e Vale), bancos e instituições financeiras (B3 e Itaú), varejo (Magazine Luiza, Lojas Renner, Via Varejo e Multiplan), energia (Eneva) e uma indústria de bebidas (Ambev).

    Para chegar a essa lista, recebemos recomendações de ações e avaliação dos setores que os investidores devem ficar de olho. Neste mês, as corretoras que participaram do levantamento foram XP, Santander, Toro Investimentos, Guide, Genial investimentos e Easynvest.

    Cada uma delas sugeriu 10 papéis, com peso respectivo de 10%, e analisou cinco setores da economia. As ações que receberam três recomendações ou mais entraram para a carteira ou se mantiveram na lista.

    B3
    Ação: B3SA3
    Comentário: equipe da XP Research

    Os dados operacionais referentes a outubro apresentaram melhora mensalmente e também parte devido a correção no mês. Lembrando que o número de investidores ativos segue crescendo mensalmente e anualmente, com saldo já maior do que 3 milhões. Sendo assim, permanecemos otimistas com a retomada do mercado de capitais e com as baixas taxas de juros.

    Vale 
    Ação: VALE3
    Comentário: José Falcão Castro, analista de investimentos da Easynvest 

    Apesar da pandemia, o fato de a mineração ter sido considerada pelo governo como uma atividade essencial, indica que o segmento está apresentando um bom desempenho.

    Olhando para o mercado internacional, as economias da Europa e do Japão podem se recuperar de forma
    relativamente rápida da recessão, com novas vacinas em fases finais, e vão se juntar a uma economia já forte na China, que está passando por uma recuperação em forma de V. No mercado interno, também haverá uma recuperação econômica em 2021 que beneficiará o setor de mineração.

    Petrobras
    Ação: PETR3
    Comentário: Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos

    No curto prazo, alguns triggers que sustentam nossa recomendação: (1) continuidade da venda de ativos onshore; (2) avanço do projeto de desinvestimento das refinarias; (3) a Petrobras vem reposicionando seu portfólio em ativos de maior rentabilidade, com foco na desalavancagem financeira da estatal. No curto prazo as ações da Petrobras devem permanecer com alta volatilidade, acompanhando o cenário de reabertura comercial, além da expectativa pelas vacinas, o que já tem desencadeado numa recuperação mais relevante do petróleo.

    Vale destacar o Plano Estratégico e Plano de Negócios e Gestão 2021 – 2025, que tem como foco: (a) redução da alavancagem financeira; (b) maiores investimentos futuros (em exploração e produção – E&P- em especial) e significativo corte de custos operacionais; e (c) foco na gestão estratégica empresarial. Assim, a empresa deve continuar a se beneficiar: do processo de vendas de ativos, da melhora operacional, com ganhos de eficiência e produtividade; e da contínua desalavancagem financeira.

    Estes são fatores que nos deixam mais otimistas com o rumo da estatal. Entre os riscos: queda mais acentuada do preço do barril de petróleo e paralização do processo de venda de ativos são fatores que podem pressionar o papel.

    Eneva
    Ação: ENEV3
    Comentário: Rafael Panono, analista chefe da Toro Investimentos

    A Eneva é uma Companhia integrada de energia, além de possuir negócios complementares voltados para geração de energia elétrica, exploração e produção de hidrocarbonetos no Brasil. Pioneira na utilização do modelo reservoir-to-wire (R2W), a Empresa possui capacidade para expandir suas operações, beneficiando-se das oportunidades apresentadas no mercado de gás. Esses fatores nos fazem perceber um bom potencial de retorno para o ativo ENEV3 em janeiro.

    Multiplan
    Ação: MULT3
    Comentário: José Falcão Castro, analista de investimentos da Easynvest

    A Multiplan obteve um lucro líquido de R$ 568,762 milhões no terceiro trimestre de 2020, isso representa +368% em relação ao mesmo período do anos passado. A receita líquida caiu 34,8%, para R$ 210,7 milhões, mas a empresa reconheceu uma receita extraordinária de R$ 574,3 milhões com a venda de uma torre comercial, em junho de 2020. Com isso, o Ebitda saltou de R$ 235 milhões para R$ 703,8 milhões, o maior da história da companhia.

    Relatório do Goldman Sachs sobre o setor de shopping centers, feito após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, mostra que os centros de compras se beneficiaram da retomada mais rápida das atividades no período de julho a setembro. As vendas médias registradas por Aliansce Sonae, BRMalls, Iguatemi e Multiplan caíram 37% no período, contra 84% no segundo trimestre.

    Nos último 5 anos, a Receita Líquida da companhia cresceu a uma taxa anual composta de 3,23%, alcançando R$ 1,3 bilhão em 2019. E o Lucro Líquido, no mesmo período, cresceu a uma taxa anual composta de 5%, alcançando R$ 470 milhões em 2019. 

    Ambev
    Ação: ABEV3
    Comentário: Rafael Panono, analista chefe da Toro Investimentos

    Considerada a maior cervejaria da América Latina em termos de volume de vendas, a Ambev conta com marcas diversificadas, forte capacidade de geração de caixa e alto poder de barganha frente aos seus fornecedores. A utilização de ações comerciais associadas à inovação, flexibilidade e níveis operacionais também vem favorecendo o desempenho da Companhia. Dessa forma, recomendamos a aquisição do ativo ABEV3.

    Lojas Renner
    Ação: LREN3
    Comentário: Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos

    Apesar de ter apresentado forte desempenho nas últimas duas semanas de março, a companhia teve seu resultado do primeiro trimestre de 2020 bastante prejudicado pela imposição das medidas de isolamento social, fazendo com que as varejistas tivessem de fechar suas unidades. No entanto, a Lojas Renner aproveitou o período no qual teve de operar apenas com o canal digital para acelerar suas estratégias de omnicanalidade, ampliando o número de lojas cadastradas no “ship from store”, realizando vendas por whatsapp e drive-thru. Este movimento já impactou bastante os números da companhia, que no terceiro trimestre de 2020 apresentou crescimento de 200% nas vendas digitais, com evolução do fluxo, número de clientes ativos e novos clientes.

    Entre outros destaques do seu último resultado, destacamos: uma queda de 17% das vendas nas mesmas lojas, ainda impactado pelas lojas fechadas no início de agosto (31% do total), item que já deve apresentar recuperação no último trimestre de 2020; EBITDA reduzindo 94,9%, com Margem de 0,8%, consequência da menor alavancagem operacional, reflexo dos volumes vendidos, e da menor Margem Bruta; e 33,3 milhões de cartões emitidos, que representaram 40,8% das vendas de mercadorias, 3,5 p.p. inferior ao mesmo período do ano anterior, explicada pelo comportamento do consumidor, mais suscetível, no contexto atual, ao pagamento à vista e, também, por questões operacionais, relativas ao fechamento das lojas e à maior restrição de crédito.

    Acreditamos que os três itens acima devem apresentar rápidas recuperações ao longo do 4T20, impulsionados tanto pela reabertura das lojas, quanto pelos grandes eventos que estão por vir (Black Friday e Festas de final de ano).

    Por fim, destacamos o fato de a companhia se enquadrar nos parâmetros ESG, através de um forte trabalho interno de engajamento com causas sustentáveis, o que a permite ter grande impacto em suas ações. Quando se trata de fornecimento, a companhia busca sempre uma relação de parceria que supera a parceria comercial, por conta disso, estas são de longo prazo, tendo duração de, em média, 20 anos. Todos os fornecedores de revenda nacionais de confecção, acessórios e calçados são certificados pela ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Téxtil), que avalia a adesão às boas práticas corporativas de responsabilidade social e meio ambiente.

    Itaú
    Ação: ITUB4
    Comentário: Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos

    A crise de Covid-19 provocará um aumento na inadimplência dos principais bancos brasileiros, principalmente com os impactos sendo mensurados em relação ao primeiro semestre do ano passado. De fato, os segmentos de pessoas físicas e micro e pequenas empresas devem gerar perdas significativas.

    Contudo, avaliamos que o balanço dos principais bancos permanece robusto, com baixa alavancagem e grande pulverização do risco de crédito. Além disso, vemos um cenário onde a reversão de perdas do semestre passado pode ocorrer. Por fim, as medidas de injeção de liquidez por parte do Banco Central brasileiro ajudaram a garantir o bom funcionamento do sistema financeiro nesse momento de maior aversão a risco.

    Seguimos com uma visão construtiva para o Itaú. Destacamos também a criação da NewCo, podendo destravar importante valor aos acionistas da companhia através de sua participação na XP.

    Olhando para frente, alguns fatores que nos levam a estar positivo quanto a possível performance da holding são: setor financeiro sendo negociado a patamares de preços descontados frente ao seu ROE histórico; dividend yield elevado (4,5% projetado para 12 meses); alto volume de provisões no Itaú deverá ocorrer apenas no primeiro semestre do ano passado, com expectativa de recuperação no restante do ano e possível reversão de perda.

    Via Varejo
    Ação: VVAR3
    Comentário: equipe da XP Research

    Nós mantemos nossa recomendação de compra para Via Varejo uma vez que esperamos que a companhia continue a apresentar sólidos resultados nos próximos trimestres, com a Black Friday a as festas de final de ano sendo importantes alavancas de crescimento para o último trimestre do ano passado, além de esperarmos que ela continue a entregar expansão de margem com a captura de benefícios das iniciativas operacionais implementadas na companhia. Além disso, vemos as ações negociando a um valuation atrativo de 0.6x 2021e GMV (vs. 1.2x para B2W e 3.3x para Magalu).

    Magazine Luiza
    Ação: MGLU3
    Comentário: Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos

    A empresa ainda deve crescer acima da média do setor de consumo. Destacamos a estratégia da Magalu que permanece na transformação de uma empresa de varejo tradicional com uma área digital para uma empresa digital com pontos físicos e capital humano, baseada nos pilares: inclusão digital, cadeia de logística alinhada a multicanalidade, digitalização das lojas, plataforma digital de vendas e cultura digital.

    Com relação à concorrência: a rede logística e de distribuição no Brasil é uma forte barreira de entrada. O grande provedor de logísticas que temos hoje é o correio, o que torna mais difícil para as empresas estrangeiras implementarem seus modelos de negócios e estratégias em que atuam lá fora. A malha logística no Brasil é bem peculiar, e Magazine Luiza tem know how técnico para aproveitar a deficiência de seus concorrentes.

    Vale ainda destacar o crescimento acelerado do e-commerce, reflexo do aumento das vendas pelo smartphon, dos projetos de multicanalidade e captura dos benefícios do Retira na Loja, de maior taxa de conversão e da permanência do nível de serviço avaliado pelo Reclame Aqui.

    (Com reportagem de Juliana Elias e Estadão Conteúdo)