Subiremos juros mais rapidamente se for apropriado, diz presidente do Fed
Banco central dos EUA iniciou ciclo de alta de juros para lidar com a inflação no país
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (16) que o banco central dos Estados Unidos está disposto a subir os juros do país em um ritmo mais alto que o adotado se for necessário para combater a inflação, atualmente no maior patamar dos últimos 40 anos e sem dar sinal de trégua.
A fala foi feita logo depois do fim da reunião do comitê de política monetária da instituição, que decidiu elevar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 0,25% e 0,50% ao ano.
Powell avaliou que a desaceleração na economia do país devido à variante Ômicron, com alta taxa de contágio e obrigando a realização de mais quarentenas, acabou sendo “suave e breve”, mas que o mercado de trabalho do país segue “extremamente apertado” apesar da economia estar “muito forte”.
Para ele, há uma demanda alta por trabalho nos Estados Unidos atualmente, mas a oferta está contida. A expectativa é que o mercado de trabalho “continue forte”, mas que a inflação permaneça “bem acima da meta”
Dentre as principais ameaças inflacionárias atualmente para o país que podem levar a altas maiores nos juros, Powell citou as disrupções mais extensas e duradouras nas cadeias de suprimento, os saltos nos preços da energia devido ao petróleo e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, com seu efeito sobre os preços de commodities.
Ele afirmou que o mercado de trabalho do país só será forte se houver “estabilidade de preços”, ou seja, um controle da inflação, hoje bem acima da meta e no maior valor dos últimos 40 anos.
Por isso, Powell disse que o Fed está atento a “riscos de mais pressão de alta na inflação”, e que poderá mudar o ritmo de alta para dar a resposta mais adequada ao cenário em cada reunião. “Vamos agir de forma expressiva para conter a inflação e não permitir que fique enraizada na economia.”
“Certamente é uma possibilidade nos movermos mais rapidamente à medida que o ano transcorre”, afirmou, destacando que o banco central pode subir os juros acima da chamada taxa neutra se for necessário. Segundo Powell, “há sete reuniões que ocorrerão neste ano e teremos sete altas de juros”.
Mesmo assim, a expectativa dele é que a inflação permaneça alta até o meio de 2022, e então desacelere no segundo semestre, com a alta de juros gerando “algum aperto nas condições financeiras”.
Powell afirmou ainda que, em retrospecto, “teria sido apropriado nos movermos antes, se soubéssemos o que sabemos agora”.
De acordo com o presidente do Fed, a probabilidade de recessão no próximo ano no país “não é particularmente elevada”, sobretudo porque a economia doméstica está forte, com apertado mercado de trabalho.
“A menor projeção do Fed para o PIB de 2022, que baixou de 4,0% para 2,8%, está também relacionada com a desaceleração da Europa que ocorrerá devido à guerra na Ucrânia”.
Ele destacou que, para o Fed, o momento para alta de juros e redução de balanço “chegou”, mas que está tentando evitar adicionar mais incerteza no mercado.
Entretanto, diferente do esperado pelo mercado, o banco central decidiu não iniciar nesta reunião os cortes de balanço, que se expandiu com a compra de ativos durante a pandemia para ajudar a economia.
Segundo Powell, as autoridades do Federal Reserve fizeram progressos significativos em seu plano para reduzir o balanço de quase US$ 9 trilhões, e esses detalhes podem ser finalizados em sua próxima reunião de política monetária em maio.
Diminuir o balanço patrimonial do banco central será importante à medida que o Fed aperta a política monetária, afirmou.
Os formuladores de política monetária adotarão uma abordagem semelhante à última vez em que reduziram suas participações em títulos, entre 2017 e 2019, mas agirão mais rapidamente e começarão mais cedo, disse ele.