Selic deve subir em 2021; saiba como isso impacta os investimentos em renda fixa
Rendimento depende do tipo de papel em renda fixa e se o investidor já tem uma carteira voltada a eles ou se ainda pretende formá-la
No último relatório Focus, o mercado previa a Selic — a taxa básica de juros — em 3% para este ano de 2021. Um aumento significativo em relação aos 2% mantidos no final do ano passado pelo Banco Central. Essa estimativa do mercado financeiro é baseada, sobretudo, na inflação.
A lógica é mais ou menos essa: com a alta da inflação, o Banco Central precisa subir o juro para tornar o crédito mais caro. Com o crédito mais caro, torna-se mais difícil contratar um financiamento ou empréstimo, por exemplo. Então, a demanda diminui e esse movimento tende a arrefecer a inflação. E pode não parecer, mas essa alta da Selic pode ser bem aproveitada pelo investidor.
Isso é o que explica Rodrigo Blanco Fernandes, analista de crédito da Santander Corretora, entrevistado do último episódio do podcast O que Eu Faço?. A previsão do Santander para a Selic, inclusive, fica um pouco abaixo das estimativas médias do mercado. O banco espera que o juro acabe o ano em 2,5%.
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Ainda assim, é algo que o investidor deve manter no radar, especialmente se ele investe em renda fixa. Isso porque os rendimentos de títulos como o CDB são estabelecidos a partir da Selic. Então, seria intuitivo concluir que se a Selic sobe, os rendimentos em renda fixa também, certo? A resposta é que nem sempre.
Fernandes explica que isso depende do tipo de papel em renda fixa e se o investidor já tem uma carteira voltada a eles ou se ainda pretende formá-la. As operações prefixadas, por exemplo, não variam conforme as mudanças da Selic. A taxa de rendimento delas é baseada no cenário em que o negócio foi fechado.
Já aqueles que têm uma carteira pós-fixada, ou seja, que os rendimentos acompanham as mudanças da Selic, podem se beneficiar mais. “Aí sim poderia ser um atrativo interessante, porque estaria surfando neste aumento esperado para o futuro”, explica o analista de crédito.
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Fernandes também recomenda cautela aos investidores que pensam em investir agora em renda fixa apenas pelas projeções da Selic. “Acho que seria bem adequado o investidor entender primeiro o balanço de risco dele, até porque, nesse cenário, a volatilidade também deve ser bastante alta”, alerta.
De acordo com ele, os investimentos em renda fixa são muitas vezes vendidos de forma inadequada, como se eles não representassem riscos. “Você imagina que não tenha perdas, mas pelo contrário. Pela marcação do mercado você tem muita perda.”
O analista do Santander também aponta outros caminhos de investimento em renda fixa que vão além do Tesouro, o mais convencional. As dicas estão reunidas no novo episódio do O que Eu Faço?, o podcast de finanças e investimentos da CNN Brasil apresentado por Fernando Nakagawa e Luciana Barreto.