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    Saiba se a paralisação de mineradoras e siderúrgicas pode impactar suas ações

    Apesar de chuvas em MG terem feito Vale, CSN e Usiminas suspender temporariamente suas operações, sazonalidade é precificada e, por ora, não deve impactar ativos

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business , São Paulo

    O ano de 2022 começou impactado por desastres climáticos no Brasil. Primeiro na Bahia, onde enchentes atingiram o sul do estado durante o mês de dezembro, se alongando até janeiro, e, mais recentemente, no estado de Minas Gerais. As mais de 3 mil pessoas desabrigadas e quase 14 mil desalojadas em Minas dão a dimensão da situação.

    Nesta segunda-feira (10), a CSN, Vale e Usiminas anunciaram a suspensão temporária das operações em Minas Gerais. Todas as companhias justificaram que a medida foi tomada após as fortes chuvas na região.

    A paralisação, por ora, não deve impactar no comportamento das ações dessas companhias, já que esse período de sazonalidade já era precificado, apontam os especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business. “Desde o acontecimento em Brumadinho, situações como essa já estão no radar dos investidores”, diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.

    Para ele, a maior preocupação é um possível rompimento de barragens, o que ainda não aconteceu. “Se tivermos algo parecido com 2019, todo o setor de mineração e siderurgia será afetado”.

    Os analistas do Itaú BBA também explicam que o primeiro trimestre é sazonalmente mais fraco em produção por conta das chuvas fortes habituais.

    E, em linha com o posicionamento da CSN (ver abaixo), apesar da interrupção maior do que o normal, Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, acredita que as suspensões não devem durar muito tempo e “as operações podem voltar ao normal nos próximos dias” – o que não traria um impacto tão forte para os papéis.

    No fechamento desta segunda-feira, as ações da CSN subiram 3,32%, a R$ 24,92, os papéis da Vale recuaram 1,19%, a R$ 83, e os ativos da Usiminas valorizaram 4,77%, a R$ 15,38. “As ações operaram conforme o esperado”, declara Madruga.

    “Contudo, não é só as chuvas que podem impactar o setor”, diz Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA. Para ele, o cenário climático se junta a um cenário repleto de incertezas, que combinam um quadro fiscal doméstico preocupante, nova onda de contaminações por covid-19, além do movimento de alta de juros futuros aqui e nos EUA – e esses pontos também devem ficar no radar dos investidores.

    Minério de ferro

    O Head da Monte Bravo também destaca que o minério de ferro pode ser afetado neste momento porque acaba que as suspensões nas operações reduzem a oferta, enquanto existe um forte crescimento na demanda.

    “A expectativa é um crescimento de pedidos pela commodity por parte da China, já que o país tem uma expectativa de fortalecimento da infraestrutura e da construção civil em 2022 – mercado que demanda minério de ferro, e a Vale, por ser uma produtora global, pode perder espaço como uma forte fornecedora”, afirma Madruga.

    Algumas estimativas já apontam que as fortes chuvas em Minas Gerais podem trazer a produção de minério de ferro da empresa para próximo do limite inferior da meta anunciada para 2022, de 320 a 335 milhões de toneladas.

    Segundo cálculos preliminares do Itaú BBA, uma parada de duas semanas nas operações na Vale poderia ter impacto de 3 milhões de toneladas de minério de ferro, o que representa menos de 1% do guidance da empresa.

    Interrupções

    A CSN interrompeu as atividades de extração e movimentação na mina de minério de ferro Casa de Pedra, em Congonhas (MG), e disse que deve retomá-las “nos próximos dias”.

    A mineradora Vale informou que paralisou parcialmente a produção dos Sistemas Sudeste e Sul, visando garantir a segurança dos seus empregados e comunidades em razão do nível elevado de chuvas que atingem Minas Gerais.

    Segundo comunicado, a circulação de trens na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) foi afetada no trecho Rio Piracicaba-João Monlevade, impedindo o escoamento do material da mina de Brucutu e no complexo de Mariana, “que estão com a produção suspensa”.

    O trecho Desembargador Drummond-Nova Era também está paralisado, mas em fase de liberação e não afetou a produção do Complexo de Itabira.

    E a mineração Usiminas (Musa), controlada da companhia siderúrgica, teve suas operações temporariamente paralisadas em função de chuvas intensas na região de Itatiaiuçu (MG), de acordo com fato relevante de hoje.

    “Esclarecemos que, por ora, a paralisação da Musa não deverá afetar o fornecimento de matéria-prima para a Usiminas, e que serão utilizados estoques da própria Musa para o fornecimento”, disse a companhia.

    Adicionalmente, a companhia informou que em razão das fortes chuvas na região, foi acionado no sábado o nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens da Mineração (PAEBM) para sua Barragem Central, desativada desde 2014.

    O Nível 1 significa um estado inicial de alerta e não representa comprometimento dos fatores de segurança da barragem, não requer a retirada de moradores das áreas de risco e nem o toque de sirenes.

    Segundo a empresa, “as atividades da Musa deverão ser retomadas quando as condições climáticas melhorarem e permitirem acesso seguro às minas e o funcionamento adequado de equipamentos, bem como após uma revisão das condições das instalações em geral”.

    Dentre as três companhias, até o momento, a Vale é a mais afetada, pois foi interrompida um terço da produção da companhia. “Já que a mineradora depende muito da região mineira”, explica Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.

    Chuvas na região

    As chuvas devem persistir na maior parte do estado nesta segunda-feira (10). De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de céu encoberto com pancadas de chuva, por vezes forte, nas regiões Noroeste, Central Mineira, Oeste, Metropolitana, Rio Doce e Zona da Mata.

    A previsão é a mesma para a cidade de Belo Horizonte.

    Está em vigor um alerta meteorológico do Inmet, até às 11h desta segunda (10), para chuva superior a 60 mm por hora ou acima de 100 mm por dia. O Instituto aponta o risco de alagamentos e transbordamento de rios, e grandes deslizamentos de encostas.

    O alerta afeta as áreas do Triângulo Mineiro, Central Mineira, Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Oeste de Minas, Campo das Vertentes, Sul/Sudoeste de Minas, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Jequitinhonha, Vale do Mucuri, Norte de Minas e Noroeste de Minas.

    Segundo a Climatempo, a previsão é que ainda chova cerca de 100 mm em Belo Horizonte até o dia 13 de janeiro.

    *Com informações de Leonardo Lopes, da CNN

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