Reserva de emergência: saiba o que é, como fazer e onde investir
Orientação dos especialistas em educação financeira é clara: comece pela reserva de emergência
Seja para começar a investir ou para colocar as finanças em dia, a orientação dos especialistas em educação financeira é clara: comece pela reserva de emergência.
Muitas pessoas, porém, podem ter dúvidas sobre o que é a reserva financeira, como montar uma, onde guardar esse dinheiro e quando usar o valor reservado.
Para te ajudar nesta tarefa, o CNN Brasil Business explica detalhes desse pé de meia que é um dos primeiros passos para fugir do aperto financeiro. Confira:
O que é a reserva de emergência?
A reserva de emergência é uma poupança guardada ao longo de um tempo para cobrir despesas fixas em caso de possíveis imprevistos. Ela atua como uma espécie de proteção para que situações urgentes (como uma demissão) não interfiram no estilo de vida ou diminuam o poder de compra.
A planejadora financeira CFP pela Planejar Angela Nunes define essa economia como uma reserva de tranquilidade, por dar fôlego financeiro em momentos críticos. “Um exemplo disso foi a pandemia. Muitas pessoas tiveram a renda reduzida ou até ficaram sem ela. Com certeza, quem tinha reserva de emergência teve mais tranquilidade para gerenciar esse período tão crítico”, diz.
Qual o valor da reserva de emergência?
O valor da reserva de emergência varia conforme a soma das despesas mensais e o tempo de despreocupação que se deseja ter. O primeiro passo é colocar na ponta do lápis todos os gastos da família, como moradia, alimentação, financiamentos e saúde, entre outros.
Depois disso, basta multiplicar pelo número de meses que desejar estar seguro. Assim, se os custos fixos são de R$ 5.000 por mês, e o desejo é de se manter protegido financeiramente por seis meses, o montante da reserva de emergência deve ser de R$ 30.000.
Não há consenso entre os profissionais sobre qual o tempo ideal dessa economia, mas Angela costuma indicar um valor que cubra as despesas de um período entre seis meses e um ano. Para alguém que mora sozinho, esse intervalo pode ser maior que o de uma família com mais de um trabalhador.
Ela diz também que o fator tempo não pode ser um empecilho na construção dessa reserva e ela que deve se adequar às condições financeiras de cada pessoa, mesmo que sejam feitos pequenos aportes mensais. “Melhor ter um mês guardado do que nenhum”, orienta.
Como juntar dinheiro para a reserva de emergência?
Ter o orçamento organizado é fundamental para quem quer juntar a reserva de emergência. Depois disso, é preciso eleger um valor mensal que será destinado exclusivamente ao fundo. Uma sugestão é incluir essa quantia nos gastos fixos do mês, tornando a reserva tão relevante quanto as outras contas.
Para quem está com o orçamento apertado, a dica é passar um pente fino em todos os gastos e cortar aqueles considerados supérfluos. Exemplos disso são as assinaturas de produtos e serviços que, mesmo pouco usados, continuam sendo pagos na fatura do cartão de crédito.
“Aqui, ainda vale uma reflexão que não é fácil: será que não existe alguma coisa que eu possa mudar no meu padrão de vida e que me dê mais folga financeira, tranquilidade e sustentabilidade ao longo do tempo?”, questiona Nunes.
Onde guardar a reserva de emergência?
Durante o acúmulo ou mesmo quando já estiver completa, os melhores investimentos para a reserva de emergência são os produtos de liquidez diária. Além de fazer o valor render, eles se caracterizam por deixar o dinheiro disponível para retirada a qualquer momento.
Nesse sentido, os bancos com contas remuneradas podem ser uma opção porque, em geral, oferecem retornos diários de 100% do CDI, sendo que alguns chegam a pagar até mais.
Outra dica é optar por aplicações em CDB, que paga entre 90% e 100% da taxa DI, produtos com baixo risco de crédito e indicados para investidores de perfil conservador. Nesse caso também vale a pena se o produto oferecer liquidez diária.
Com a taxa Selic chegando aos 8,5% ao ano, a poupança passa a entrar no radar de quem está guardando dinheiro. Cálculos mostram que, no cenário atual, a diferença dela para CDBs de bancos grandes é bem pequena, dependendo do tempo em que os recursos ficarão alocados.
Outra opção para a reserva de emergência é o Tesouro Selic.
Quando usar a reserva de emergência?
A planejadora salienta que a reserva de emergência só deve ser usada para cobrir situações pontuais e que fujam do controle orçamentário, como perda de renda, acometimento por doenças ou outra necessidade que se mostre essencial em um determinado momento.
Segundo ela, para gastos previsíveis como impostos, matrículas e viagens a lazer não se deve recorrer à quantia de urgência. Esses gastos devem estar incluídos no planejamento fixo.
Estou com dívidas, como reservar?
No caso de pessoas com dívidas em aberto, a recomendação é que se dê preferência ao pagamento dos débitos, pois eles sofrem incidência de juros, o que pode tornar a conta ainda maior.
Depois de quitadas as dívidas, comece a montar a reserva de emergência, mesmo que com pouco inicialmente. “É muito importante, por menor que seja o valor, que a gente tenha algum dinheiro guardado”, aconselha.
Também é possível procurar algum tipo de renda extra, seja um trabalho pontual ou a venda de algum item que não esteja em uso.