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    Rentável, mas bastante volátil: como investir em cannabis morando no Brasil

    No Brasil existem três fundos que podem funcionar para o investidor que está de olho nesse setor. Dois são da corretora Vitreo e um é da XP Investimentos

    Tamires Vitorio, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Os fundos de cannabis têm ganhado espaço na carteira de muitos investidores no mundo todo. Não é de se estranhar, visto que a indústria legal da planta faturou US$ 24,6 bilhões em 2020, de acordo com a consultoria Grandview Research, com uma média de crescimento anual de 14,3%.

    Estão inclusas na maioria dos fundos empresas farmacêuticas — que fabricam medicamentos com base no canabidiol contra doenças crônicas, como o Alzheimer, o Parkinson e a epilepsia. 

    Apesar de rentáveis, os investimentos em fundos de canabidiol são de longo prazo, considerados de alto risco, e podem levar até cinco anos para dar retorno. Outro fator é que a indústria é bastante volátil, o que pode ser uma preocupação a mais para quem quer rentabilidade em poucos meses ou anos. 

    Para Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos, existe uma tendência de crescimento no setor. “Ainda há desafios, como regulação e preocupações legais —bancos tradicionais limitam o acesso de companhias de cannabis aos seus serviços, que, em grande parte, ainda precisam ser executados em dinheiro. Porém, dada a expectativa de mudança, é um setor que deve continuar no radar dos investidores”, diz. 

    Como investir?

    No Brasil existem três fundos que podem funcionar para o investidor que está de olho nesse setor. Dois são da corretora Vitreo e um é da XP Investimentos.

    Na Vitreo, o primeiro fundo, chamado Vitreo Canabidiol, investe em empresas do setor de cannabis nos Estados Unidos e no Canadá. Esse fundo, no entanto, é voltado para investidores qualificados, ou seja, que têm mais de R$ 1 milhão em investimentos ou que são certificados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O Vitreo Canabidiol, que foi fechado em março deste ano, retorna nesta quinta-feira (29) e está disponível para novos investidores. 

    “Olhando o mercado como um todo, vemos que o fundo subiu 70% até fevereiro porque tivemos a eleição do Joe Biden, depois a confirmação da eleição na Geórgia que garantiu a maioria democrata no Congresso —e esses dois movimentos impulsionaram o mercado, deram uma super puxada no mercado, que antecipou tudo o que poderia acontecer em termos de legalização nos Estados Unidos. E aí tivemos uma série de coisas boas”, diz George Wachsmann, gestor de patrimônio da Vitreo. 

    O segundo fundo, voltado para a população em geral, chamado de Canabidiol Ativo (ex-Vitreo Canabidiol Light), investe 20% no setor e outros 80% em Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Em maio, deve acontecer uma assembleia para aprovar a mudança do fundo para se tornar 100% investido, sendo exposto a um ou dois ETFs (Exchange Traded Funds, ou fundos de índice). O valor mínimo de aplicação inicial é de R$ 1.000. 

    Para Wachsmann, duas dicas podem ajudar o investidor na hora de investir ou não em cannabis. “É um ativo volátil, um investimento temático. Então, você tem que estar com uma visão de longo prazo. Diversos percalços podem acontecer. Estamos confiantes, mas existem flutuações. Tome cuidado com o longo prazo e invista uma parcela pequena da sua carteira”, afirma. “Nosso fundo tem uma volatilidade de 46%. O Ibovespa tem uma volatilidade em torno de 20%. É um valor animado”, diz. 

    Já o fundo da XP, o Trend Cannabis FI Mult, tem um valor inicial de investimento de R$ 100 e é um fundo que investe de maneira passiva em um ETF nos EUA chamado de ETFMG Alternative Harvest ou, resumidamente, “MJ” (código na bolsa de valores). O Trend Cannabis tem uma taxa de manutenção de 0,50% ao ano e um prazo de resgate de seis dias.  

    “Esse ETF faz parte de um investimento em empresas de uso recreativo e medicinal da cannabis. É uma cesta de ações de 32 companhias bem pulverizadas que dá para o investidor a oportunidade de se expor ao setor de maneira menos arriscada”, diz Samuel Ponsoni, analista da XP.  Ponsoni cita que o risco do investimento se dá pelo fato da “pouca regulação do setor em outros países”, como no Brasil. 

    O analista explica que o fundo da XP, por ser passivo, mostra o “setor para o investidor”. “Nossos fundos Trend te dão exposição ao tema escolhido —como, nesse caso, cannabis. Mas você precisa fazer sua lição de casa e falar com o seu assessor para entender se ele é interessante”, diz. “Entenda se o seu perfil de risco aceita esse fundo”, afirma. 

    Segundo um levantamento feito pela Economatica, o fundo multimercado mais rentável no primeiro trimestre deste ano e nos últimos 12 meses foi o Trend Cannabis. O fundo da XP fechou o trimestre com um retorno de 56,78% e de 94,51%, em 12 meses.

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