Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Refeição padrão Michelin em casa: como restaurantes finos se viraram na pandemia

    Impacto do isolamento foi particularmente difícil para restaurantes sofisticados, já que muitos nunca tinha oferecido serviço de entrega

    De Nell Lewis, , do CNN Business, em Londres

    Com vista panorâmica da marina de Cingapura e cardápio de frutos do mar frescos vindos de Hokkaido, no Japão, o restaurante Saint Pierre, portador de duas estrelas Michelin, transborda luxo. Mas, quando a pandemia atingiu Cingapura e a ilha anunciou o lockdown, o futuro do restaurante foi posto em cheque.

    Ao contrário de muitos outros estabelecimentos, o Saint Pierre não possuía um sistema de delivery. Suas refeições requintadas foram projetadas para ser provadas no próprio restaurante – com todos os pratos entregues frescos da cozinha e apresentados como uma obra de arte, em vez de no bagageiro de uma moto.

    Leia também:
    Quarentena faz alta gastronomia aderir ao delivery – e agora faltam embalagens
    Paola Carosella, Felipe Bronze: chefs famosos com pratos de até R$50 no delivery

    Para sobreviver, o chef de cozinha e proprietário Emmanuel Stroobant sabia que isso tinha que mudar. Foi daí que ele, nascido na Bélgica, criou o Virtual Saint Pierre, uma experiência única em que os clientes podem saborear as criações do restaurante – de culinária francesa moderna com um toque asiático – enquanto estiverem em casa.

    As refeições são servidas em caixas de laca de obentô e entregues em mãos por um garçom de gravata preta. Os comensais entram em uma sala de jantar virtual por meio de um link de videoconferência e comem junto com outras pessoas em seu grupo. Durante a refeição, o chef Stroobant aparece para apresentar o menu cuidadosamente selecionado.

    Dessa forma, a experiência coletiva de comer fora não se perde, segundo o chef. “O objetivo do Virtual Saint Pierre é aproximar as pessoas. Somos criaturas sociais e queremos poder comer juntos”.

    Mesmo sendo feita em casa, a experiência é extravagante, custando no mínimo 180 dólares de Cingapura (US$ 130) por pessoa – já que esses não são pratos típicos de delivery.

    “Tentamos evitar que as pessoas tenham que finalizar algo na cozinha ou aquecer alimentos em casa. Entregamos as caixas e depois voltamos para buscá-las e limpá-las. É de fato o mesmo serviço que você teria no restaurante, mas em casa”, diz Stroobant.

    O jantar virtual veio para ficar?

    O impacto do coronavírus na indústria de restaurantes de Cingapura tem sido enorme. De acordo com uma pesquisa feito pela Chope, uma plataforma de reservas de restaurantes, 93% dos restaurantes da ilha tiveram uma queda na receita, com 80% deles reduzindo o pessoal para cortar custos.

    Sherri Kimes, professora da Escola de Administração de Hotéis da Cornell University e coautora do relatório, diz que o impacto tem sido particularmente difícil em restaurantes sofisticados, já que muitos nunca ofereceram entrega ou delivery.

    “Eles tinham três opções, basicamente: desenvolver maneiras inovadoras de permanecer nos negócios, fechar temporariamente ou simplesmente interromper as operações”, relatou a pesquisadora à CNN Business.

    O Saint Pierre não é o único restaurante sofisticado de Cingapura a escolher a primeira opção: o 28 HongKong Street convida os clientes a participar de festas online, levando coquetéis e canapés até as portas das casas; já o três estrelas Michelin Odette está oferecendo entregas em domicílio de seus pratos exclusivos, desde torta de trufas negras até lagosta azul.

    Espera-se que essas ofertas virtuais sobrevivam à pandemia. Uma pesquisa feita pela Nielsen constatou que mais de 60% dos consumidores na China, Hong Kong, Malásia, Coreia do Sul e Vietnã planejam comer mais em casa.

    “As pessoas ainda querem sair para jantar, mas o desconforto com a segurança de sair e as restrições sobre o tamanho do grupo à mesa ainda tornarão o jantar virtual popular por um tempo”, opina Kimes.

    Para a pesquisadora, embora as refeições dentro de restaurantes ainda sejam permitidos em Cingapura, com restrições de lotação, muitos preferiram continuar fechados e desenvolveram entregas e ofertas virtuais. Eles “descobriram novos fluxos de receita que não haviam considerado no passado”, diz ela.

    O chef belga Emmanuel Stroobant concorda. Sem a experiência de jantar virtual, o Saint Pierre teria fechado as portas e a equipe estaria desempregada.

    “Queríamos seguir e sair ilesos”, acrescentou.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

    Clique aqui para acessar a página do CNN Business no Facebook