QuintoAndar recebe novo aporte, passa a valer US$ 4 bi e quer ir a mais cidades
Investimento de US$ 300 milhões deve ajudar na expansão nacional e internacional da startup
A startup de aluguéis e vendas de imóveis QuintoAndar recebeu um aporte de US$ 300 milhões nesta quarta-feira (26), o que elevou o valor de mercado da companhia para US$ 4 bilhões —suficiente para a empresa ser um unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão) quatro vezes.
Segundo a companhia, os recursos serão utilizados “para impulsionar sua liderança e crescimento nos segmentos de aluguel e compra e venda de imóveis residenciais no Brasil, assim como iniciar sua expansão internacional, começando pelo México”.
Em entrevista ao CNN Brasil Business, Gabriel Braga, CEO e cofundador do QuintoAndar, afirma que, antes da expansão para outros países, a companhia quer chegar a outros locais do país. Até o momento, é possível alugar e comprar imóveis em 37 cidades espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
“Quando projetamos o aporte para o futuro, vemos a oportunidade que temos no Brasil e na América Latina, e o valor dele reflete isso. O principal é a nossa consolidação na liderança tanto no aluguel quanto na compra e venda”, diz.
Braga conta que o aporte será utilizado também para o investimento em tecnologia —e, consequentemente, na busca por talentos mundo afora.
“Queremos elevar para outro nível, trazendo pessoas do mundo inteiro para trabalhar com a gente”, afirma. “Um dos desafios de criar uma empresa de tecnologia no Brasil é a escassez de talentos e de gente que já fez algo, que já viu uma empresa escalar em uma velocidade muito rápida, uma empresa essencialmente focada em tecnologia e que cresce e se diferencia por conta dela”, diz.
Participaram desta rodada de investimentos da série E os fundos Ribbit, SoftBank Latin America Fund, LTS, Maverick, Alta Park, Dragoneer, Qualcomm, Kaszek Ventures e uma gestora americana de ativos diversificados com mais de US$ 2 trilhões sob administração.
O aporte fez parte da quinta rodada de investimento do QuintoAndar desde sua fundação, em 2013. A última captação foi em setembro de 2019. Ao todo, a startup já levantou mais de US$ 600 milhões em investimentos.
Confira a entrevista completa com Gabriel Braga, CEO do QuintoAndar:
O que o aporte significa para vocês?
O valor é algo dificil de ser determinado, mas ficamos felizes com o aumento de 4 vezes em relação ao último round, e acho que isso mostra os resultados que colhemos no último ano. Foi legal que, nessa rodada, na parte do aluguel, o fato de termos uma liderança no setor e de termos reforçado a nossa proposta de valor para o proprietário ajudou. E lançamos uma nova área de compra e venda de imóveis, que, um ano e pouco atrás, era um plano.
Isso reforça a nossa vontade de ser uma plataforma de moradia. Isso é um posicionamento, de certa forma, único. Acho que isso tudo está se materializando. E quando projetamos isso para o futuro, vemos a oportunidade que temos no Brasil e na América Latina, e o valor reflete isso. O principal é a nossa consolidação na liderança tanto no aluguel quanto na compra e venda, tanto na inovação de produto quanto na expansão geográfica. Estamos só em quatro cidades no Brasil, tem bastante lugar para irmos ainda.
Também é um constante investimento em tecnologia e são pessoas trabalhando nos bastidores, o que nos faz investir constantemente em talentos, e elevar para outro nível, trazendo pessoas do mundo inteiro para trabalhar com a gente. Um dos desafios de criar uma empresa de tecnologia no Brasil é a escassez de talentos e de gente que já fez alguma coisa, que já viu uma empresa escalar em uma velocidade muito rápida, uma empresa essencialmente focada em tecnologia e que cresce e se diferencia por conta dela.
Hoje eu fico feliz de ver as novas safras de startups que já se beneficiam de um ecossistema mais desenvolvido para trazer pessoas de outras áreas, mas empresas que estão na nossa safra, mais maduras, têm poucos exemplos de quem aprendeu a fazer essa trajetória com a gente.
Assim que a gente escala, o negócio e a equipe de tecnologia, esses profissionais são difíceis de encontrar no Brasil e a gente precisa expandir para uma busca global para trazer esse tipo de conhecimento e atrair o nosso desenvolvimento.
Investir em tecnologia é, essencialmente, investir em gente. Temos um orgulho enorme do time que temos no Brasil, mas, dado o tamanho do desafio e do tanto de coisa que queremos fazer ao longo dos anos, estamos buscando essas pessoas no mundo inteiro.
Como vocês enxergam a concorrência no Brasil?
Algumas empresas estão surgindo no nosso espaço e é natural — o setor imobiliário sempre foi grande e cheio de dores. A gente foi pioneiro em endereçar isso com tecnologia, com o componente de fintech bem forte. Demorou algum tempo para isso começar a funcionar e impactar o mercado e, uma vez que vamos tendo mais visibilidade, vão surgindo outros players e outras empresas tentando capturar partes dessa oportunidade do segmento. É um processo natural. Mas a gente vê uma tendência da natureza do nosso mercado de se concentrar em um líder, porque quem quer vender ou alugar vai para onde a demanda está. Tem um certo movimento de rede que reforça a posição do líder.
Nosso foco é consolidar a posição de liderança. No aluguel já estamos muito à frente de qualquer outra empresa. A parte de venda, que começamos ano passado, queremos desenvolver ainda mais e estamos bem posicionados.
E quais dores vocês queriam resolver quando criaram o QuintoAndar?
A primeira dor que queríamos resolver foi o processo de locação, organizando a busca por esse imóvel, que, antes do QuintoAndar, tinha imóveis duplicados, informações desorganizadas.
O imóvel tem apenas um anúncio, 100% verificado, você agenda a visita sem falar com ninguém, e esse foi o começo do processo. E o segundo é o fiador, a gente eliminar isso do lado do inquilino, mas garantir o aluguel em dia para o proprietário foi a primeira coisa que fizemos nos primeiros anos do QuintoAndar.
E a parte de compra e venda é análoga a isso. Estamos trabalhando em como reinventar o processo de venda em si e simplificá-lo.