Projeção do governo para inflação de 2022 salta de 4,7% para 6,55%, acima da meta
É a primeira vez que o governo admite estimativa para inflação de 2022 acima da meta; número é pouco superior aos 6,45% esperados pelos analistas do mercado financeiro
O governo elevou novamente a projeção oficial para a inflação de 2022. Segundo a equipe econômica, a expectativa atual é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano em 6,55%. O número é pouco superior aos 6,45% esperados pelos analistas do mercado financeiro.
As informações são do Boletim Macrofiscal do Ministério da Economia, divulgado nesta quinta-feira (17). Na edição anterior do documento, publicada em novembro, a previsão para a inflação era de 4,7%. Em setembro e julho, o IPCA esperado para 2022 ainda estava no patamar dos 3%.
Se confirmada a nova projeção, a inflação vai superar o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) pelo segundo ano consecutivo. Enquanto o centro da meta de inflação este ano é de 3,5%, o intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual deixa uma margem para que o IPCA varie entre 2% e 5%.
É a primeira vez que o governo admite estimativa para inflação de 2022 acima da meta. Até o fim do ano passado, a secretaria de Política Monetária (SPE) do ME ainda destacava a convergência para o centro da meta de inflação a partir de 2022.
“A principal contribuição provém do aumento dos preços internacionais das commodities agrícolas e, principalmente, energéticas, em meio às tensões ocorridas no Leste Europeu”, explica a pasta.
Quando a meta não é cumprida, o Banco Central tem de escrever uma carta pública explicando as razões. Isso porque a principal ferramenta para perseguir a meta inflacionária é a taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.