Plano Safra está mais ‘verde’ e ajuda pequenos agricultores, diz economista
O plano terá recursos de R$ 251,2 bilhões, um aumento de 6,3% em relação aos R$ 236,3 bilhões do plano anterior
A nova rodada do Plano Safra, anunciada pelo governo federal nesta terça-feira (22), oferece juros mais altos, mas, ainda assim, deve ajudar pequenos agricultores a ter acesso ao crédito mais barato num cenário de alta dos preços dos insumos, diz o economista Marcos Jank, professor do Insper.
O plano terá recursos de R$ 251,2 bilhões para “custear e incentivar a agropecuária brasileira”. O valor representa um aumento de 6,3% em relação aos R$ 236,3 bilhões do plano anterior.
“O plano deste ano traz juros um pouco mais altos em relação ao ano passado, que volta para o nível de dois anos atrás. Por outro lado, os recursos foram maiores, mas é uma oferta importante, devido ao aumento de custos dos insumos na agricultura”, diz disse em entrevista com o apresentador William Waack.
O economista ressalta que esse plano serve basicamente para pequenos e médios agricultores, porque os grandes que estão mais capitalizados já conseguem recursos no próprio mercado.
“Pode-se dizer que, hoje, a agricultura está mais independente do governo, mas os pequenos ainda precisam desses juros mais baixos”, diz.
Outro ponto positivo do plano, segundo o economista, é que está mais “verde”.
“Ele traz essa característica de ser mais verde, como agricultura de baixo carbono, programa de inovação, irrigação, bio economia, bio insumos, e vários outros itens, é um ponto muito importante”.
Ciclo de alta das commodities deve ir até 2023
O atual ciclo de alta dos preços das commodities deve continuar, pelo menos, até 2023, segundo o economista. Esse movimento, porém, vai depender da capacidade de produção dos países.
“Se isso vai durar muitos anos, como foi o ciclo de 2008 a 2013, ou mesmo o visto durante os anos 70, ainda não sabemos, pois depende da capacidade de oferta dos países. Temos visto problemas localizados de safras — a de milho foi muito afetada pela crise de água, por exemplo –, mas, pelo menos até 2023, vamos continuar com alta importante de quase todos as commodities que importamos”, diz.
Jank ressalta que o atual ciclo de alta é gerado por uma demanda muito aquecida na Ásia, sobretudo da China, em meio a estoques mundiais baixos e a eventos como a crise de peste suína na China, que aumentou seu consumo de proteínas animais.
Ao mesmo tempo, contribui para esse cenário a desvalorização cambial e a taxa de juros mais baixas no Brasil. “Estamos falando de uma safra que pode passar nas exportações de US$ 120 bilhões neste ano, a maior exportação de agronegócio da história, 20% superior a do ano passado”, diz.
*Texto publicado por Ligia Tuon