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    Pix faz 1 ano: veja a evolução do sistema de pagamento instantâneo

    Data é marcada pela rápida adesão dos brasileiros à ferramenta e questões de segurança; novas funções estão previstas para este ano

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business

    [cnn_galeria active=”false” id_galeria=”570433″ title_galeria=”Um ano depois, veja os principais dados do Pix”/]

    O Pix faz seu primeiro aniversário neste 16 de novembro. Em um ano, a rápida adesão dos brasileiros ao sistema de pagamentos instantâneos surpreendeu as instituições financeiras.

    As últimas estatísticas divulgadas pelo Banco Central (BC), de setembro de 2021, mostram que as transações feitas por Pix superam as realizadas por boletos, TEDs, DOCs e cheques somados.

    A lógica do sistema é simples: você entra no aplicativo do banco em que tem conta, cadastra uma “chave” – que pode ser um número de celular, o CPF, e-mail ou uma chave aleatória sugerida pelo banco – e realiza a transação, que faz o pagamento instantaneamente e sem exigir qualquer outra informação da conta que vai receber o valor.

    O pagamento pode ser realizado a partir de uma conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga.

    Estatísticas

    Segundo dados divulgados pelo Banco Central (até outubro), o Pix teve mais de 348 milhões de chaves cadastradas, sendo a maior parte delas, 121 milhões, a chave aleatória. Foram mais de 1.6 bilhão de transações neste primeiro ano.

    As transferências entre novembro de 2020 e outubro de 2021 já movimentaram quase R$ 4 trilhões.

    Cerca de 75% das transações são realizadas entre pessoas físicas. Já a transferência de pessoa física para pessoa jurídica tem crescido, chegando hoje a 16%.

    As pessoas físicas também concentram a maioria das contas cadastradas no Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DCIT). São cerca de 217 milhões, contra 9 milhões de pessoas jurídicas.

    O Banco Central também possui atualmente 762 instituições financeiras no sistema, sendo 616 cooperativas de crédito.

    Adesão

    Para os especialistas, a adesão dos brasileiros ao Pix foi mais positiva e rápida do que imaginado.

    O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello, afirmou em outubro que cerca de 40 milhões de pessoas no Brasil fizeram sua primeira transferência bancária por meio do Pix.

    “Antes nunca tinham feito. Isso é inclusão”, disse, argumentando que parte desse número se deve à gratuidade do sistema e destacando que a inclusão financeira é uma grande meta do Banco Central.

    A mudança para o método contribuiu para a democracia e auxiliou na inclusão de brasileiros que não utilizavam o sistema bancário, segundo Thaís Cíntia Cárnio, especialista em Banking e professora de Relações Econômicas Internacionais e Mercado Financeiro da Universidade Mackenzie.

    “O Pix ajudou na inclusão, na democratização e, no momento em que a pessoa se sente integrada ao sistema bancário, tem a oportunidade de acessar crédito com mais facilidade, é um exercício de cidadania”, disse.

    Segundo dados do Banco Central, 14 milhões de brasileiros abriram uma conta bancária pela primeira vez em 2020, no auge da pandemia. O volume é resultado principalmente do Pix e do Auxílio Emergencial.

    Buscar a inclusão no Brasil deve ser a nossa prioridade”, afirmou Ricardo Teixeira, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

    Com pouco mais de seis meses em atividade, foi feita uma pesquisa em que 76% dos brasileiros afirmaram ter um alto grau de confiança no Pix.  O estudo indicou que 85% de jovens de 18 a 22 anos confiam no Pix, enquanto entre pessoas com idades de 56 a 65 anos a confiança cai para 71%.

    Mas a desconfiança dos mais velhos não diminui a crença de que o Pix é mais “confiável” para realizar transferências de maiores quantias de dinheiro do que os tradicionais DOC e TED, por exemplo. Ao todo, 68% dos entrevistados disseram que possuem uma confiança alta na modalidade para transferir quantias altas de dinheiro, enquanto apenas 5% afirmaram ter “confiança baixa”.

    Evolução

    No primeiro trimestre de 2021, o Banco Central possibilitou a integração dos aplicativos das instituições financeiras com a lista de contatos nos smartphones.

    Isso facilita a identificação dos contatos que o celular possui ou o e-mail como chave Pix, segundo a entidade.

    Também foi estabelecido pelo BC um atalho para o canal de atendimento da instituição, com o objetivo de tratar das reclamações.

    Segurança

    O Banco Central alterou as regras do Pix em agosto de 2021, após o crescimento de sequestros relâmpago depois que a ferramenta começou a ser amplamente usada.

    A principal mudança foi o impedimento de movimentações financeiras maiores durante o período da note. Das 20h às 6h foi estabelecido um limite de R$ 1.000 para transferências para mesmo banco.

    “O Pix é seguro, o mundo não”, afirma Rodrigoh Henrique, líder de inovações financeiras da Fenasbac (Federação Nacional das Associações de Servidores do Banco Central).

    “Estamos em uma transição para o mundo digital, e movemos todos os dados e informações preciosas para o celular. Ainda não entendemos o quanto estamos arriscando neste processo”, diz.

    Rodrigoh explica que antes as pessoas tinham receio de perderem a carteira durante um assalto, com os documentos e o dinheiro físico que tinham. Hoje, como tudo está disponível no celular, ele afirma que o foco do instinto de proteção deve ser outro.

    “Temos que entender que a segurança no mundo digital é algo para irmos nos acostumando”, diz.

    O Banco Central também alterou, no dia 12 de novembro, algumas regras sobre infrações e penalidades aos participantes que violarem os regulamentos do Pix.

    O infrator passa a receber uma notificação para que ele adote ou cesse determinada prática. Além disso, em casos de reincidência, a instituição deverá apresentar ao BC um plano de ação.

    O regulamento prevê multas que vão de R$ 50 mil a R$ 1 milhão. Com o objetivo de disciplinar os usuários da ferramenta, o BC elaborou um Manual de Penalidades.

    Novas funcionalidades

    Ainda este ano, o Pix terá mais novidades. Pix saque e troco, Pix cobrança, débito automático e iniciador de pagamento no Pix são as novas funcionalidades que serão disponibilizadas ainda em 2021.

    A partir do dia 29 de novembro, o Pix Saque e Troco estará disponível para os brasileiros. Como sugere o nome, o novo serviço permite que o usuário veja no aplicativo do banco em que tem conta quais lojas possuem caixa e estão aptas para fornecer dinheiro em espécie.

    Em resumo, a pessoa vê a loja disponível mais perto seguindo sua localização, faz um Pix e recebe o dinheiro físico.

    Na mesma data está previsto a função chamada Iniciador de Transação de Pagamentos (ITP), que permitirá ao usuário fazer Pix sem precisar sair da interface que está navegando para entrar no aplicativo do banco.

    A pessoa pode, por exemplo, pedir comida por meio de um aplicativo de serviço de entrega e pagar por lá mesmo, sem ter que usar a opção copia e cola. O ITP faz parte da Fase 3 do Open Banking no Brasil, sistema que visa integrar as informações dos usuários.

    De olho na segurança, outra novidade é o bloqueio cautelar em caso de suspeita de fraude, com a devolução dos recursos em casos de comprovação de golpe ou de falha operacional nos sistemas das instituições participantes. Este novo recurso tem início de vigência nesta terça-feira (16).

    Por fim, ainda no fim de 2021 o Banco Central deve publicar as especificações de duas funcionalidades: o Pix cobrança e o débito automático em Pix. O primeiro será aperfeiçoado, com a padronização de arquivo de remessa e viabilização de cobranças em lote.

    Já o débito automático em Pix, como o próprio nome aponta, vai facilitar os pagamentos recorrentes por meio da ferramenta.

    Em maio deste ano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o Banco continua estudando novas funcionalidades para o sistema, como o uso de leitura facial, o Pix por aproximação e o uso offline do meio de pagamento.

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