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    Perto do IPO, PicPay emite 4 milhões de cartões e trata bancos como parceiros

    Fintech transacionou quase R$ 50 bilhões e aposta que as carteiras digitais também se tornarão uma tendência no Brasil

    Escritório do PicPay em São Paulo: empresa quer ser vista como um super aplicativo
    Escritório do PicPay em São Paulo: empresa quer ser vista como um super aplicativo Foto: Rogério Casimiro/PicPay

    André Jankavski,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

     A fintech PicPay quer ser uma espécie de amigo e rival das outras instituições financeiras. A companhia, que se coloca como um marketplace do setor, também vem lançando outros produtos para se posicionar no topo do mercado. A aposta do último ano – e que engrenou em 2021 – foi o lançamento de cartões. Em parceria com o banco Original, que é um dos seus controladores, chegou a emitir 4 milhões de cartões para os seus clientes.

    O detalhe é que 75% de todos esses cartões foram emitidos desde janeiro. Neste ano, o PicPay está apostando mais do que nunca em um marketing superagressivo.

    Marcando presença em desde programas de reality-show até estações de metrô praticamente pintadas de verde e com a cantora Iza como garota-propaganda, a empresa quer mostrar aos seus acionistas que têm porte para chamar mais a atenção do que outros fintechs do setor, como Nubank e Neon.

    Não que a empresa queira brigar com os concorrentes. Ela quer até ser parceira deles. Como o PicPay se vende como um marketplace, quer atrair todos para ofertarem os seus serviços por lá.

    Estamos atuando fortemente nos estabelecimentos comerciais também e estamos tomando uma composição para ser um super aplicativo dentro do mercado

    Frederico Trevisan, head de cartões e crédito do PicPay

    O fato é que o PicPay não deixa de ser rival dos bancos e empresas de meios de pagamento. E os números da companhia já chamam bastante a atenção. O total de usuários [atualmente está em 45 milhões, ante 38,4 milhões no ano passado. Como comparação, o Nubank tem mais de 30 milhões. O valor movimentado pelo PicPay no ano passado chegou próximo a R$ 50 bilhões.

    Mas o PicPay não quer ser um banco digital, segundo Trevisan, e nem concorrer com as fintechs badaladas. A ideia é ganhar cada vez mais espaço como uma carteira digital, batendo de frente com outros serviços como o Mercado Pago, do Mercado Livre, e o Ame, da B2W. O DNA de instituição de pagamento, de acordo como executivo, continua vivo.

    Não somos um banco, mas uma plataforma aberta nos mais diversos sentidos. Apesar de termos uma conta de pagamentos de usuários, eles podem colocar o cartão de qualquer emissor. E os bancos podem vender os seus próprios cartões na plataforma

    Frederico Trevisan, do PicPay

    Os cartões próprios, no entanto, ajudam a fidelizar os clientes – algo importante com tantas opções no mercado. Então, o PicPay, pelo menos por ora, está investindo alto em seu cartão. Não por acaso, o cartão não possui qualquer valor de anuidade, mas oferece cashback de até 5% do valor pelos consumidores – uma bela queima de caixa para a startup.

    Abertura de capital

    O foco do PicPay, agora, é a abertura de capital e o IPO pode ocorrer tanto na B3 quanto nos Estados Unidos. As negociações já estão caminhando a passo acelerado.

    Mas para atrair os investidores, a empresa quer se firmar também como um super aplicativo, quase um WeChat brasileiro – não à toa, o PicPay também permite troca de mensagens entre os perfis dos clientes, bem no estilo rede social chinesa.

    A empresa enxerga um grande potencial para o mercado de carteiras digitais no Brasil. Trata-se de uma tendência mundial. Segundo um levantamento realizado pela empresa de tecnologia FIS, o pagamento via carteiras digitais ultrapassou o dinheiro pela primeira vez na história no ano passado – mesmo se levar em conta somente as lojas físicas.

    De acordo com o estudo, as carteiras digitais e os pagamentos via celular representaram 44,5% dos pagamentos pela internet e 25,7% nas lojas físicas no mundo. Liderada pela Ásia, a tendência é que suba para 51,7% e 33,4%, respectivamente. O pagamento em dinheiro, por exemplo, deve cair dos atuais 20,5% para 12,7%.

    Porém, na América Latina o cenário ainda pende para os meios de pagamento mais tradicionais. Na internet, por exemplo, os pagamentos por cartão de crédito lideram (36,5%), seguido pelas carteiras digitais, com 19,8% da participação. Nas lojas físicas, o dinheiro ainda domina e as carteiras digitais estão, somente, na quarta posição (6,4%), atrás dos cartões de crédito (26,1%) e débito (12,4%)

    Mesmo assim, a previsão da FIS é que a carteira digital cresça para 31,2% das compras online e 12,4% do varejo físico até 2024. Não é um número tão brilhante como os vistos no restante do mundo, mas não dá para se dizer que existe um potencial gigantesco nessa área.