Para chefe da OMC, pressionar China com reformas comerciais não vai funcionar
Pequim deve estar ciente de que suas políticas não afetam apenas os países ricos que estão reclamando, mas também os países em desenvolvimento, disse a diretora
É mais provável que a China coopere com as reformas comerciais globais se não se sentir alvo de outras potências internacionais, afirmou a chefe da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta segunda-feira (26).
Ansiosos com as poderosas empresas estatais da China, os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão estão pressionando por restrições aos subsídios industriais que, segundo eles, distorcem a economia global.
No entanto, suas propostas requerem aprovação unânime dos 164 membros da OMC, incluindo a China. Eles também argumentam que a China não deve mais se beneficiar das concessões aos países em desenvolvimento, uma vez que está em vias de se tornar a maior economia do mundo.
“Também temos que mostrar que a China não está sendo alvo… Quando a China sente que está sendo alvo, e só a China, você encontra muita resistência”, disse a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, em uma conferência organizada pela Comissão Europeia.
“As negociações que tive com a China foram muito construtivas e acho que se colocarmos os fatos sobre a mesa, sobre as repercussões negativas de tais subsídios industriais e compartilharmos com a China, eles estarão dispostos a olhar para isso.”
Pequim deve estar ciente de que suas políticas não afetam apenas os países ricos que estão reclamando, mas também os países em desenvolvimento, disse a diretora da OMC.
A China seria mais receptiva, disse ela, se visse a OMC tratando de outros tipos de subsídios. Pequim quer restringir os subsídios para a agricultura, predominantes em mercados desenvolvidos e emergentes de grande porte, muitas vezes prejudicando os países pobres.
Okonjo-Iweala disse que os subsídios agrícolas globais giram em torno de US$ 1 trilhão por ano e podem chegar a US$ 2 trilhões em 2030.
Ela disse que a OMC agora está trabalhando com o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico em um estudo sobre subsídios em geral para “colocar alguns fatos objetivos na mesa”.