Os desafios econômicos que Joe Biden precisa enfrentar no comando dos EUA
Emprego, crescimento da indústria e relações comerciais se colocam como pilares essenciais para a retomada econômica dos Estados Unidos em 2021
As eleições dos Estados Unidos estão se mostrando atribuladas e os próximos quatro anos do novo presidente não devem ser muito diferentes. Diante das projeções da CNN americana, Joseph Biden, que deve assumir o cargo a não ser que a Justiça americana atenda à contestação de Donald Trump, vai precisar enfrentar grandes problemas econômicos.
O maior deles é o financiamento das medidas para conter a crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus. Os casos de infecção não param de crescer e o número diário de mortes pela doença voltou a crescer depois de uma queda.
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Criação de vagas nos EUA desacelera em outubro; taxa de desemprego cai a 6,9%
Diretamente ligado à questão de saúde pública está a economia que vem sofrendo muito com a pandemia. No segundo trimestre, o PIB dos EUA teve retração histórica de 32,9%. No terceiro trimestre, porém, houve crescimento de 33,1% em relação ao período anterior.
Emprego, indústria e relações comerciais se colocam como pilares essenciais para a retomada econômica dos Estados Unidos em 2021.
Emprego
A pauta mais urgente é, sem dúvida, o desemprego. A criação de vagas desacelerou em outubro, o que, mais uma vez, colocou um sentimento de dúvida no mercado sobre a recuperação econômica dos Estados Unidos.
Os empregadores dos Estados Unidos contrataram o menor número de trabalhadores em cinco meses em outubro. Foram 683 mil empregos criados fora do setor agrícola no mês passado, após um salto de 672 mil em setembro, segundo o Departamento do Trabalho do país.
Essa foi a menor abertura de vagas desde que a recuperação do mercado de trabalho começou, em maio.
Mesmo assim, a taxa de desemprego caiu para 6,9%, ante 7,9% em setembro.
O mercado acompanha semanalmente o número de norte-americanos que pedem o auxílio-desemprego. Na semana encerrada em 31 de outubro foram 751 mil pedidos, contra 758 mil na semana anterior.
Os dados mostram uma recuperação lenta do mercado de trabalho dos Estados Unidos, problema que o próximo presidente do país vai herdar e precisar fazer de tudo para se livrar rapidamente.
Relações comerciais
A guerra comercial entre Estados Unidos e China foi um dos marcos da administração Trump. Em seus primeiros anos como presidente, ele tirou o país de vários acordos comerciais e firmou novo acordo com Canadá e México.
2020 começou com a fase 1 do acordo comercial entre China e Estados Unidos, mas depois as coisas esquentaram entre os dois países e o termo “tensão” tomou conta das manchetes.
Trump exigiu que a chinesa ByteDance, proprietária do TikTok, vendesse sua operação nos Estados Unidos, baniu a Huawei do país e ameaçou retirar empresas chinesas das bolsas de valores dos EUA.
A tendência é que Biden não seja tão duro com a China. Além disso, o democrata deve voltar a ter um alinhamento com entidades como Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Indústria
Todas as medidas duras de Trump contra a China e de afastamento de acordos e entidades tiveram o objetivo, segundo o atual presidente, de proteger a indústria norte-americana. Isso porque muitas empresas saíram do país e passaram a produzir em locais onde encontram mão de obra mais barata e pagam menos impostos.
A recuperação da indústria, aliás, será um dos grandes desafios. O Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) informou que a produção industrial do país caiu 0,6% em setembro, o primeiro declínio registrado desde abril, quando houve o início das medidas de isolamento.
A desaceleração contrariou a expectativa dos economistas consultados pelo Wall Street Journal, que esperavam alta de 0,5% e mostrou que o setor terá uma retomada mais lenta que o esperado.
A produção industrial norte-americana já recuperou mais da metade das perdas registradas nos primeiros meses da pandemia, mas permanece 7,1% abaixo do nível pré-pandemia, em fevereiro.
A tradicional indústria automotiva nos dá uma pista do tamanho do problema: houve queda de 4% em setembro, o segundo declínio – em agosto, a baixa foi de 4,3%.
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