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    Open Banking: O que é? Como vai funcionar? O que muda na sua vida? Entenda

    Sistema desenvolvido pelo Banco Central (BC) promete mais agilidade, transparência e competitividade no mercado financeiro

    Manuela Tecchio, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Promovido pelo Banco Central (BC) como parte de sua agenda de digitalização do sistema financeiro no Brasil, um sistema de open banking passa a ser implementado no Brasil, em quatro fases, a partir de fevereiro de 2021. O projeto promete conferir mais agilidade e transparência às transações bancárias, além de facilitar a jornada do cliente.

    Se antes as grandes empresas de telecomunicação, bancos e até varejistas alimentavam bancos de dados e trocavam informações sobre seus clientes, agora isso só será possível com autorização expressa do “proprietário” desses dados — em linha com o que estipula agora a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A ideia é que, com a liberação dos dados, o cliente tenha acesso a produtos cada vez mais personalizados.

    “O open banking parte do pressuposto de que o cliente é dono dos próprios dados. Na prática, o cliente vai poder ir até o banco A e dar o consentimento para compartilhar as informações dele com a instituição B. Pode compartilhar entre A e B e não compartilhar com C. O cliente tem esse poder”, explica Sérgio Biagini, líder da indústria de Serviços Financeiros da Deloitte.

    Mas é seguro permitir que uma loja de eletrodomésticos, por exemplo, tenha acesso ao seu histórico financeiro? Ou qual a vantagem de informar seu banco sobre as taxas de juros que um concorrente lhe ofereceu? E quando, afinal, você vai poder usar essas ferramentas que fazem parte do open banking? Veja as respostas para essas e outras perguntas no manual que o CNN Brasil Business preparou.

    O que é o open banking?

    Imagine poder acessar o saldo da sua conta corrente no aplicativo da sua corretora ou então verificar seus rendimentos na bolsa no site de um marketplace. Melhor ainda: já pensou se você conseguisse provar ao seu gerente do banco que tem outro concorrente oferecendo a você taxas mais baixas e, então, pedir juros mais baixos? 

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    De forma simplificada, é isso que o open banking propõe. Que bancos, instituições financeiras, marketplaces e outras empresas que fazem parte do cotidiano financeiro dos brasileiros, como empresas de energia elétrica e saneamento básico, possam “conversar” entre si, usando dados para oferecer as condições e preços mais convenientes para aquele cliente em específico.

    “O potencial do open banking é muito grande. Quando a gente fala de compartilhamento e de usar diversos ‘pedaços’ e serviços de instituições financeiras para aquele usuário, está falando da pessoa criar seu próprio banco”, diz João André Pereira, chefe do departamento de regulação do sistema financeiro no Banco Central (BC), em vídeo.

    O conceito surgiu no Reino Unido e vem sendo aplicado com sucesso também em toda a União Europeia, desde 2018. Além disso, países como Estados Unidos, Austrália, Canadá, e parceiros emergentes, como Rússia, Índia e México, estão desenvolvendo seus sistemas de open banking.

    Como vai funcionar?

    A implementação vai acontecer em quatro fases. Na primeira delas, que tinha início marcado para esta segunda-feira (30), mas foi adiada para fevereiro de 2021, as instituições financeiras que oferecem produtos e serviços “mais relevantes, como contas correntes e crédito, devem detalhar informações sobre suas operações ao BC.

    Já, na segunda fase, os clientes que desejarem podem aderir ao sistema. Mas isso não significa que o sistema poderá ser usado. É apenas um pré-cadastro, mais ou menos aos moldes de como foi o registro das chaves do Pix, neste ano.

    Depois disso, na terceira fase, usuários vão poder compartilhar seus históricos financeiros para só na quarta e última etapa, prevista para dezembro do ano que vem, começar a usufruir das ferramentas do open banking.

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    Ainda é cedo para dizer como os bancos e as empresas vão oferecer essas opções de compartilhamento de dados aos clientes. Mas o BC está estruturando o sistema de trocas de informações entre instituições ocorra por meio das APIs (Application Programming Interface, na sigla em inglês) — em  resumo, um conjunto de padrões e protocolos de programação que permite uma rede integrada de plataformas. 

    O que muda na sua vida?

    “Hoje a gente tem um aplicativo para a conta corrente, outro para a poupança e mais outro para investir. Com o open banking, talvez isso mude”, diz Biagini, da Deloitte.

    Um dos principais objetivos do open banking é agilizar a jornada financeira do cliente. Alinhado com outros produtos lançados pelo BC neste ano, como o Pix, o sistema vai permitir transações mais rápidas e práticas. Isso vale para a hora de trocar de banco, fazer uma compra ou solicitar crédito. 

    Outra vantagem para o consumidor: taxas mais competitivas. Mais ou menos como fazem hoje grandes redes do varejo que prometem “o preço mais baixo ou seu dinheiro de volta”, os bancos vão poder monitorar com mais exatidão as taxas dos concorrentes e, melhor, o cliente mesmo vai poder negociar com essa informação “em mãos”.

    Como afeta o mercado?

    O grande fator de mudança para o mercado financeiro é a competitividade. Com clientes mais informados e, portanto, mais exigentes, bancos, varejistas e empresas de telecomunicações vão poder oferecer a melhor experiência e, claro, o melhor produto.

    “Aquelas instituições que realmente focarem no serviço ao cliente e agregar valor vão ser as grandes ‘vencedoras’ no longo prazo. A partir do momento em que você consegue ter dados compartilhados nesse nível, a gente sai de uma visão 360º para um panorama de 720º”, avalia Biagini, da Deloitte. 

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