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    ONU considera “razoável concluir” que houve trabalho forçado em Xinjiang

    Conclusões foram "baseadas em uma avaliação independente das informações disponíveis", disse o relator especial da ONU sobre formas contemporâneas de escravidão

    Por Martin Quin Pollard, da Reuters

    É “razoável concluir” que o trabalho forçado de membros de grupos minoritários tem ocorrido na região de Xinjiang, na China, disse o principal especialista da Organização das Nações Unidas (ONU) em escravidão em relatório divulgado nesta semana, provocando uma resposta feroz de Pequim.

    As conclusões foram “baseadas em uma avaliação independente das informações disponíveis”, disse o relator especial da ONU sobre formas contemporâneas de escravidão, Tomoya Obokata, em um relatório que compartilhou em sua conta no Twitter na última terça-feira (16).

    “O relator especial considera razoável concluir que o trabalho forçado entre uigures, cazaques e outras minorias étnicas em setores como agricultura e manufatura tem ocorrido na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, na China”, afirmou.

    A China rejeita todas as acusações de abuso de uigures e outros grupos minoritários muçulmanos em Xinjiang.

    O relatório, datado de 19 de julho, está disponível publicamente em uma biblioteca de documentos da ONU.

    Dois sistemas distintos “demandados pelo Estado” existem em Xinjiang, apontou o documento: um sistema de centro de educação e treinamento de habilidades vocacionais, onde as minorias são “detidas e submetidas” a colocações de trabalho, e um alívio da pobreza por meio de um sistema de transferência de trabalho envolvendo trabalhadores rurais.

    “Embora esses programas possam criar oportunidades de emprego para minorias e aumentar suas rendas, como alega o governo, o relator especial considera que indicadores de trabalho forçado que apontam para a natureza involuntária do trabalho prestado pelas comunidades afetadas estiveram presentes em muitos casos”, disse o relatório de 20 páginas, que também abrangeu questões e preocupações contemporâneas relacionadas à escravidão em outros países.

    O Ministério das Relações Exteriores da China reiterou na quarta-feira a negativa de Pequim de que já houve trabalho forçado em Xinjiang, defendeu o histórico da China na proteção dos direitos dos trabalhadores e criticou fortemente as conclusões do relatório.

    “Um certo relator especial prefere acreditar em mentiras e desinformações sobre Xinjiang espalhadas pelos Estados Unidos e alguns outros países ocidentais e forças anti-China”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, em um briefing diário em Pequim.

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