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    Oferta de ETFs cresce na bolsa, concorrência aumenta, e taxas caem pela metade

    Fundos vendidos como ações acompanham índices como o Ibovespa e funcionam como opção de porta de entrada para a renda variável

    Rendimento dos ETFs é parecido ao do Ibovespa, e taxa mais barata é melhor critério para escolher
    Rendimento dos ETFs é parecido ao do Ibovespa, e taxa mais barata é melhor critério para escolher Foto: Frank Busch / Unsplash

    Juliana Elias, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A corrida dos ETFs – sigla em inglês para Exchange Traded Funds, ou “fundos negociados em bolsa” – ganhou novos competidores na bolsa de valores e ficou mais acelerada nas últimas semanas. O resultado é uma batalha dos bancos e gestoras para oferecer taxas de administração cada vez mais baixas, e quem ganha são os investidores. 

    Os ETFs são um tipo de fundo que replica índices das bolsas de valores, como o Ibovespa e o Small Caps, da B3, a bolsa brasileira, ou o S&P 500, da Bolsa Nova York. Eles investem exatamente nas mesmas ações que compõem seus índices de referência e, com isso, têm variações muito próximas das deles. 

    Por essa razão, são considerados uma boa de porta de entrada para quem quer começar a investir na renda variável, mas sem ter que ficar escolhendo e acompanhando ações próprias. 

    Os ETFs são listados na bolsa e comprados e vendidos exatamente como ações, por meio de ordens feitas na B3 pelos seus códigos. Os valores mínimos partem de R$ 10.

    Uma indústria trilionária no mundo, os ETFs ainda são ainda um mercado relativamente jovem no Brasil, mas que deu uma acelerada rápida em 2021. 

    Os mais tradicionais e primeiros deles foram os que replicam o Ibovespa. O primeiro e até hoje maior deles surgiu em 2008 – o BOVA11, da gestora BlackRock. Hoje, já são oito opções que acompanham o índice de referência da bolsa brasileira, sendo que três delas surgiram nos últimos dois meses. 

    Corrida pela taxa mais baixa

    A mais jovem – o IBOB11, lançado em julho pelo banco BTG – foi também o mais agressivo: trouxe uma taxa de administração de apenas 0,03% ao ano. A mais barata até então era de 0,15%, da XP, dona do BOVX11, lançado apenas um mês antes. 

    Três dias depois do lançamento do BTG, a XP anunciou que estava zerando a taxa de administração do seu IBOB11, se tornando de novo a opção mais barata do mercado. A medida é temporária e valerá até o fundo completar um total de R$ 1 bilhão em aplicações – hoje, seu patrimônio líquido soma R$ 124 milhões.

    A taxa mais cara entre os ETFs de Ibovespa é da Caixa, que desde 2012 tem o XBOV11 listado com uma taxa de administração de 0,5%. 

    Concorrência em alta, taxa em queda 

    Levantamento feito pela Quantum Finance, empresa de dados do mercado financeiro, mostra que a taxa média de administração dos ETFs que replicam o Ibovespa vem caindo paulatinamente desde 2017, exatamente na mesma velocidade com que entram novos concorrentes no mercado.

    Naquele ano, com apenas três opções, a taxa média deles era de 0,45%. Em 2020, já com cinco ETFs de Ibovespa na B3, era 0,3% e, hoje, com os oito atuais, está em 0,2%. 

    A taxa de administração é cobrada sobre todo o valor que o investidor tem aplicado naquele fundo – se ele tem, por exemplo, R$ 1.100 aplicados, terá um desconto de R$ 2,20 em um ano para uma taxa de 0,2%. 

    A entrada de concorrentes, por sua vez, está intimamente ligada ao aumento vertiginoso no número de novos investidores da bolsa de valores nos últimos anos. Ainda de acordo com o levantamento da Quantum, só nos ETFs de Ibovespa da B3 o número de cotistas cresceu 14% desde o fim do ano passado para cá, para 131 mil investidores com algum dinheiro nessas opções. 

    Em 2017, eram 8 mil. O aumento desde lá é de quase 1.500%, quer dizer, o número de cotistas se multiplicou por 16. Um investidor pode ter mais de um ETF na carteira. 

    Escolha pela taxa

    A taxa de administração é o serviço pago ao banco pela gestão daquele fundo. Como os ETF são fundos muito simples, que apenas replicam as ações de outros índices já existentes, o ideal é que tenham taxas menores do que os fundos de ações tradicionais, em que cada gestor analisa e escolhe as empresa que julga melhores. 

    Por essa razão, escolher qual ETF comprar, desde que repliquem o mesmo índice, passa por praticamente um único critério tão simples quanto apenas comparar os preços – e o preço do fundo é a taxa de administração que a gestora responsável cobra por oferece-lo. 

    “A performance de todos eles vai sempre ser parecida com a do Ibovespa” diz Luiz Felippo, sócio da Nord Research e analista para fundos de investimentos. “Todos serão a mesma coisa, uma réplica do Ibovespa. Então, como não há uma técnica de gestão, o grande diferença de um para o outro é mesmo a taxa de administração.”

    Devo trocar o ETF mais caro pelo mais barato?

    Com alternativas mais baratas de ETF de Ibovespa surgindo rápido no mercado, quem já tem dinheiro aplicado em algum deles fica com a pergunta: vale a pena vender o que tenho para comprar outro com taxa menor?

    Felippo, da Nord, lembra que a venda de ETFs tem desconto de imposto de renda, que é de 15% sobre o valor lucrado para o caso dos ETFs de ações. Isso acaba comendo uma parte do dinheiro na hora de pular de um para o outro. 

    Ainda assim, o analista defende a migração: “mesmo que você pague o imposto sobre os ganhos, é melhor do que ter um ETF ruim; a taxa de administração faz diferença.”

    Apesar de a alíquota do imposto ser maior, ela é aplicada apenas uma na vida do ETF, na hora da venda, e apenas sobre o valor lucrado. As taxas de administração são anuais e cobradas sobre todo o valor aplicado, independente de haver lucro ou prejuízo.