Colonização do espaço: entenda o principal objetivo da Blue Origin, de Bezos
A primeira viagem com tripulantes feita pela empresa de Jeff Bezos levanta dúvidas sobre quais as intenções - e os preços - de tamanha empreitada
Muito se fala sobre as empreitadas de bilionários ao espaço. Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, fundou a Blue Origin com recursos que vieram essencialmente de seu próprio bolso. A maneira como os negócios comerciais sobre o espaço têm se desenrolado levantou preocupações de que os super ricos veem o além-da-atmosfera como seu subterfúgio pessoal.
Mesmo assim, tanto a Blue Origin como outras empresas de viagem espacial financiada por bilionários insistem que as tecnologias desenvolvidas por eles estão pavimentando o caminho para a “democratização” do espaço, já que pessoas “comuns” – e não apenas astronautas treinados por governos – estão experimentando as sensações de uma viagem espacial.
Essas viagens suborbitais turísticas serão provavelmente muito caras para a maior parte das pessoas, um ponto que não deve mudar tão cedo. A Blue Origin, no entanto, descreve sua missão a longo prazo como benevolente e com intuito de colonizar o espaço.
A Blue Origin foi foi fundada por Jeff Bezos com a visão de possibilitar um futuro onde milhões de pessoas vivam e trabalhem no espaço para beneficiar a Terra. Para preservar a Terra, a Blue Origin acredita que a humanidade precisará se expandir, explorar, encontrar novos recursos energéticos e materiais e mover indústrias que aloquem a Terra no espaço. A Blue Origin está trabalhando nisso hoje, desenvolvendo veículos de lançamento parcial e totalmente reutilizáveis que sejam seguros, de baixo custo e atendam às necessidades de todos os clientes civis, comerciais e de defesa
Blue Origin
Ainda é cedo, é claro. O novo sistema de foguete e cápsulas Shepard é suborbital, o que significa que ele não consegue consumir energia suficiente para permanecer no espaço por mais de alguns minutos. Mas a empresa está trabalhando em um foguete muito maior para esse fim – chamado New Glenn – e um módulo de aterrissagem lunar esperado para apoiar as missões da NASA.
No passado, Bezos também falou sobre sobre as colônias O’Neill, um conceito para estações espaciais giratórias que podem imitar a gravidade terrestre para os passageiros, como um possível habitat para os futuros habitantes do espaço.
Quem será o proprietário das estações espaciais? E os passageiros, serão empregados ou turistas? As viagens espaciais, se necessário para salvar a humanidade, estarão disponíveis apenas para aqueles que podem pagar? E o tempo e o dinheiro de Bezos será melhor gasto tentando resolver os problemas terrestres do que procurando escapar deles?
Nós não sabemos. Há muitas perguntas sem resposta e debates enfurecidos.
Rachel Crane, da CNN, perguntou a Bezos sobre essas cobranças na segunda-feira.
“Eles estão em grande parte corretos”, disse Bezos sobre os críticos que dizem que os bilionários devem concentrar sua energia – e dinheiro – em questões mais próximas de casa. “Temos que fazer as duas coisas. Temos muitos problemas aqui e agora na Terra, e precisamos trabalhar neles, e precisamos sempre olhar para o futuro. Sempre fizemos isso como uma espécie, como uma civilização”.
[cnn_galeria id_galeria=”450855″ title_galeria=”Colonização do espaço: entenda o principal objetivo da Blue Origin, de Bezos”/]
Quanto custará ir ao espaço?
Após Bezos e a equipe concluírem a viagem espacial, a Blue Origin anunciou a abertura da venda de passagens: aqueles interessados em voarem em um futuro voo da Blue Origin devem mandar um e-mail para a empresa. No entanto, não houve a divulgação do preço do ingresso.
“Estamos vendendo ingressos. Obviamente, o primeiro ingresso foi feito via leilão, mas estamos conversando com nossos clientes que participaram dele. Mas se alguém estiver interessado, envie-nos um e-mail – astronauts@blueorigin.com – e teremos uma conversa, porque queremos levar as pessoas para o espaço em breve”, disse a chefe de vendas da Blue Origin, Ariane Cornell, à CNN.
O ponto principal: ainda não há ideia de quanto a maioria das pessoas pagou – ou está disposta a pagar – pela chance de passar 11 minutos a bordo do foguete New Shepherd da Blue Origin enquanto ele explode em direção ao espaço.
Mas a empresa diz que o leilão deu uma forte indicação de que há muitas pessoas ansiosas por isso: 7.600 pessoas de 159 países foram registrados na licitação.